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domingo, 31 de julho de 2011

CONVERSANDO - UM - ANTHAR

Conversando - Um - Anthar



O Mundo Superior é o ‘mundo desconhecido’.

O Mundo Exterior é o ‘mundo conhecido’,
E o Mundo Interior é ‘caminho’ para sair do conhecido e ir para o desconhecido.

‘Deveres e obrigações’ têm a energia da imposição, dominação e controle. E vêm de fora. A única maneira de se libertar deles e de sua energia negativa, é descobrir ‘como fazer as mesmas coisas obrigatórias’ de um jeito simples, leve e agradável. Caso não consiga transmutar uma ‘obrigação’ em algo prazeroso prá você , abandone-a.

Sem culpa, pois a Vida Real e Verdadeira não lhe obriga a nada.

Pergunta: como ‘não ver’, ‘não ouvir’ e ‘não se emocionar’ com eventos ou situações que vivenciamos ?

Resposta: continue ‘vendo, ouvindo e se emocionando’ com as coisas do mundo exterior mas não se envolva demais e nem dê tanta importância a elas, pois tudo é ilusão. Já sabia disso?!

Mas como a grande maioria dos SH (seres humanos) ainda ‘adora’ viver uma ilusão, pois que a aproveite como tal.

Explico: vocês vivem – aqui no planeta Terra atual – no ‘mundo da ilusão’. Pois bem, é preciso aprender a viver com ela. Não é necessário ‘matar as ilusões’...rsrs. É só conviver com ela CONSCIENTE do que ela é, ou seja: uma ilusão é uma ilusão. Não é real.

Compreendeu?
Ou não?

A Lei da Graça arbitrará nossa vida na Terra quando nos desapegarmos das coisas materiais. Ou seja, as mesmas ‘coisas materiais’ continuarão existindo por mais um certo tempo, mas estarão submissas à Lei da Graça (lei da autonomia e liberdade). E não mais à antiga Lei da Ação/Reação que nos prende ao Karma e nos obriga a reencarnar eternamente e eternamente vivenciar os mesmos problemas – levemente disfarçados a cada reencarnação...

A diferença quanto a eficiência das soluções dos problemas mediante a troca dessas Leis será impressionante: tudo correrá facilmente, tudo se resolverá facilmente e tudo acontecerá imediatamente.

Já existem pessoas vivendo (ainda em caráter experimental) sob esta nova Lei da Graça, aqui mesmo neste ‘mundo da ilusão’. Experimente você também!
Mas, enquanto formos apegados ás coisas, situações e pessoas de nossa vida material, estaremos submissos à Lei Cármica (Ação e Reação). E tudo tenderá a continuar se resolvendo de maneira difícil, complicada e demorada.

Arrisque-se a entender e experimentar.
É isso. Simples, como sempre.

Vamos aproveitar e conversar um pouco sobre ‘as trevas’?

Como sempre, de uma maneira simples, para um entendimento mais rápido, embora sem perder a seriedade tranqüila que o assunto requer.

As ‘trevas geralmente agem de FORA PARA DENTRO’, ou seja, isso costuma acontecer quando os SH são muito ligados e apegados às coisas do mundo exterior. As ‘trevas’ são uma ferramenta do Divino, que as utiliza para impulsionar a evolução da Consciência em seu estágio humano terrestre.

Assim: ‘as trevas’ costumam atingir o SH através da popular ‘insatisfação’ – em qualquer setor de sua vida, para que ele, por ‘pura insatisfação’, comece a procurar por novos caminhos para resolver os seus problemas – que na verdade são causados pelas próprias ‘trevas’. Ação inteligente, não acham?

As ‘trevas’ sempre atuam para provocar a evolução. E, de um jeito ou de outro, elas sempre acabam conseguindo isso!

As ‘trevas’ existirão sempre, em determinados mundos ainda em estágios inferiores de evolução consciente. Já as superamos na primeira e segunda dimensões, e AGORA estamos no momento exato para superá-las na 3D. Ao conseguir isso acessaremos a 5D da Consciência. Isso será possível quando o SH conseguir ser estimulado de DENTRO PARA FORA. E, quando isso acontecer, simplesmente as ‘trevas’ perderão seu sentido de existir. Por isso a eterna recomendação: vão para seu interior!!!

Pergunta: pode falar um pouco sobre como as ‘trevas’ agem na 3D?

Resposta: Sim, um pouco. Já é mesmo hora de saberem mais sobre isso. Sem fantasias. E para tanto vou contar com a colaboração de um amigo, Ângelo Inácio, um espírito desencarnado e servidor da Luz, que tão bem escreveu sobre este assunto.

É necessário que mantenham a lucidez e o discernimento durante toda a leitura, pois são transcrições resumidas das falas de ‘chefões das trevas’ que habitam a 4D inferior e de lá exercem sua influência sobre os encarnados 3D em geral, especialmente sobre aqueles que ainda ‘não despertaram’ da ilusão em que são mantidos por eles. A dimensão em que ainda existem (estão em vias de serem desalojados de lá) é como se fosse a sua ‘central de comando’.

Resumo de informações valiosas de como agem as trevas em nossa 3D atual. Transcrição.

“--- Nosso nome é Legião! Somos muitos. Podem nos chamar de Lúcifer, Baal, Belial, Marduk ou qualquer outro nome que suas mentes desejarem associar a nós. Existimos desde quando sua espécie ainda corria nas pradarias atrás de alimentos; construímos impérios e arquitetamos o formato atual de sua civilização. Já destruímos mundos e dominamos (sempre no anonimato) aqueles que se julgam senhores da escuridão.

(...)

Eu sou um ‘demônio’ extremamente especializado. Sou exímio conhecedor de CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Meus seguidores estão a par de todos os inventos e descobertas da humanidade encarnada, a fim de dominar o panorama científico do mundo e manter as mentes dos encarnados ocupadas com os diversos avanços. Isso, muitas vezes, os distancia da realidade espiritual e do destino espiritual de suas vidas. Em cidades como Madri, Milão, Roma, Barcelona, Amsterdã, Bruxelas, Londres, Paris, Copenhague, Budapeste, Praga, Viena, Tóquio, Pyongyang, Pequim, Nova Déli, Nova York, Washington, Bagdá, Jerusalém, Kiev, Krasnoyarsk, Rio de Janeiro, entre outras metrópoles do mundo, mantenho minhas bases e laboratórios. Mas disso os humanos encarnados nem o suspeitam.

Eu sou um demônio perito em COMUNICAÇÃO. Um grupo de mais de 20 seguidores meus estão encarnados com o objetivo de desenvolver uma metodologia a partir da qual dominaremos as multidões, adquirindo controle absoluto das suas organizações, através da tecnologia e da comunicação.

Em breve o dinheiro em espécie sumirá definitivamente, dando lugar aos números e senhas, aos dígitos especiais que, ao mesmo tempo, controlarão as vidas das pessoas e monitorarão cada uma de suas transações financeiras e sistemas de comunicação.

Sem o saber, o mundo dos humanos cada dia fica mais dependente de nós e nossos controles. Aproveitamos a globalização para forjar na Terra um ‘mundo virtual’ totalmente voltado para o nosso controle das emoções humanas. ATRAVÉS DE SITES DE RELACIONAMENTO E DE OUTROS RECURSOS DE INTERAÇÃO VIRTUAL, QUE SEDUZEM OS ENCARNADOS E LHES ABSORVEM CADA VEZ MAIS SUA ATENÇÃO, ELES DEIXAM-SE ENREDAR NUMA TEIA, SEM QUE SAIBAM OU SINTAM QUE ESTÃO SENDO MAPEADOS, DIRIGIDOS E CONDUZIDOS POR UMA FEBRE DE ‘VIRTUALISMO’ QUE GRASSA NO PLANETA, NATURALMENTE PATROCINADA POR NÓS, OS DEMÔNIOS.

A tecnologia, segundo meu esquema, será usada contra o progresso, obnubilando as mentes e criando uma dependência doentia da ‘vivência virtual ininterrupta’.

Todos nós nos olhamos com um olhar significativo diante das declarações do demônio, que não deixava margem a dúvidas quanto à sua capacidade. Antes que conseguíssemos respirar, outro dos demônios se manifestou.

"Eu sou um demônio cuja especialidade é a QUÍMICA E A FARMACOLOGIA".

(continua depois de amanhã)

Anthar
http://eterno-agora.blogspot.com/2011/07/conversando-um.html

Nota MM: Anthar é uma consciência WALK-IN da constelação de Pégasus. CLIQUE AQUI para saber mais sobre um walk-in.

http://minhamestria.blogspot.com
http://a-casa-real-de-avyon.blogspot.com/

SÉRIE: (75)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - O OUTORGAMENTO DO ESPÍRITO DA VERDADE

SÉRIE: (75)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - O OUTORGAMENTO DO ESPÍRITO DA VERDADE

Esta série foi extraída do Livro de Urântia. Os 77 capítulos, mais de 700 páginas, que ocupam um terço do livro, dão dia a dia, toda a vida de Jesus Cristo desde sua infância. Dão 16 vezes mais informações sobre a vida e os ensinamentos de Jesus do que a Bíblia. É o relato mais espiritual sobre Jesus até hoje escrito.



O OUTORGAMENTO DO ESPÍRITO DA VERDADE

Por volta de uma hora, no início da tarde e no momento em que cerca de cento e vinte crentes estavam empenhados na oração, todos se aperceberam de uma estranha presença na sala. Ao mesmo tempo os discípulos tornaram-se todos conscientes de uma sensação nova e profunda de alegria espiritual, de segurança e de confiança. Essa consciência nova de força espiritual foi imediatamente seguida por um vigoroso impulso de sair e de proclamar publicamente a palavra do Reino de Deus e as boas-novas de que Jesus havia ressuscitado de entre os mortos.

Pedro levantou-se e declarou que aquilo devia ser a vinda do Espírito da Verdade, que o Mestre lhes havia prometido; e propôs que fossem ao templo e iniciassem a proclamação das boas-novas confiadas às mãos deles. E todos fizeram aquilo que Pedro havia sugerido.

Esses homens haviam sido instruídos e treinados no sentido de que a palavra de Deus, que iriam pregar, devesse ser a paternidade de Deus e a filiação do homem, mas, exatamente nesse momento de êxtase espiritual e de triunfo pessoal, tudo o que esses homens conseguiam pensar, como sendo a melhor informação, como a grande nova, foi no fato de o Mestre haver ressuscitado. E assim eles saíram, dotados de um poder vindo do alto, pregando as boas-novas ao povo – e mesmo a salvação por meio de Jesus –, contudo, não intencionalmente, caíram no erro de substituir a mensagem em si do próprio evangelho, por alguns dos fatos ligados ao evangelho. Sem assim o querer, Pedro caiu nesse erro; os outros o seguiram; e até mesmo Paulo, o qual criou uma religião recente baseada numa nova versão das boas-novas.

O evangelho do Reino de Deus é: o fato da paternidade de Deus, combinado com a verdade resultante da filiação-irmandade dos homens. O cristianismo, como se desenvolveu a partir desse dia, é: o fato de Deus, enquanto Pai do Senhor Jesus Cristo, em associação com a experiência da crença-comunhão com o Cristo ressuscitado e glorificado.

Não é de se estranhar que esses homens, impregnados pelo espírito, se houvessem agarrado à oportunidade de expressar os seus sentimentos de triunfo sobre as forças que tinham tentado destruir o seu Mestre, deixando de lado, desse modo, a influência dos ensinamentos dele. Em momentos como esses mais fácil era lembrarem-se da sua ligação pessoal com Jesus e enlevarem-se com a segurança de que o Mestre ainda estava vivo, de que a sua amizade com ele não havia chegado ao fim; e de que o espírito tinha realmente vindo sobre eles tal como ele havia prometido.

Esses crentes sentiram-se subitamente transladados para um outro mundo, em uma nova existência na alegria, poder e glória. O Mestre havia dito a eles que o Reino viria em poder; e alguns deles pensaram que estavam começando a vislumbrar o que ele havia desejado expressar.
E quando tudo isso é levado em consideração, não fica difícil entender o modo como esses homens puseram-se a pregar um novo evangelho sobre Jesus, em lugar da sua mensagem anterior da paternidade de Deus e da irmandade entre os homens.

1. O SERMÃO DE PENTECOSTES

Os apóstolos haviam permanecido escondidos por quarenta dias. Ocorreu que era o dia do festival de Pentecostes, e milhares de visitantes de todas as partes do mundo estavam em Jerusalém. Muitos vieram para essa festa, mas a maioria havia permanecido na cidade desde a Páscoa. E, agora, os amedrontados apóstolos saíam de uma reclusão de semanas, para aparecer ousadamente no templo, onde começavam a pregar a nova mensagem de um Messias ressuscitado. E todos os discípulos estavam igualmente conscientes de que haviam recebido algum novo dom espiritual de visão interior e de poder.

Eram aproximadamente duas horas quando Pedro postou-se exatamente naquele mesmo lugar em que o seu Mestre havia ensinado da última vez, nesse templo, e que pronunciou o chamamento, cheio de paixão, que resultou na conquista de mais de duas mil almas. O Mestre havia ido embora, mas eles descobriram subitamente que esse relato sobre Jesus exercia um grande poder junto ao povo. E não era de se admirar que eles estivessem sendo levados agora, a continuar proclamando aquilo que justificava a sua devoção anterior a Jesus e que, ao mesmo tempo, era o que forçava a todos acreditarem nele. Seis dos apóstolos participaram desse encontro: Pedro, André, Tiago, João, Filipe e Mateus. Eles conversaram por mais de uma hora e meia e pronunciaram mensagens em grego, hebreu e aramaico, bem como umas poucas palavras noutras línguas das quais tinham algum conhecimento.

Os líderes dos judeus estavam estupefatos diante da audácia dos apóstolos, mas, por causa do grande número dos que acreditavam no seu relato, temiam incomodá-los.
Lá pelas quatro e meia, mais de dois mil novos crentes seguiram os apóstolos até as águas de Siloé, onde Pedro, André, Tiago e João batizaram-nos em nome do Mestre. E estava escuro quando eles acabaram de batizar essa multidão.

Pentecostes era a grande festa do batismo, o tempo de dar as boas-vindas aos prosélitos convertidos de fora, os gentios que desejavam servir a Yavé. Era, portanto, mais fácil que um grande número, tanto de judeus quanto de gentios crentes, se submetesse ao batismo nesse dia. Ao fazer isso, eles não estavam de nenhum modo desligando-se da fé judaica. Mesmo algum tempo depois, esses crentes em Jesus, continuram sendo uma seita dentro do judaísmo. Todos eles, incluindo os apóstolos, permaneciam leais aos requisitos essenciais do sistema cerimonial judaico.

2. O SIGNIFICADO DE PENTECOSTES

Jesus viveu na Terra e ensinou um evangelho que redimiu a humanidade da superstição de que o homem era um filho do mal; e elevou-o à dignidade de filho de Deus pela fé. A sua mensagem, tal como Jesus a pregou e viveu-a nos seus dias, foi uma solução eficaz para as dificuldades do homem, na época em que foi proposta. E agora, que ele deixou pessoalmente o mundo, ele enviou no seu lugar o Espírito da Verdade, que está destinado a viver no homem e, para cada nova geração, a restabelecer a mensagem de Jesus, de um modo tal que cada grupo novo de mortais, a surgir na face da Terra, tenha uma versão nova e atualizada da palavra de Deus, como um esclarecimento pessoal e um guiamento grupal, que se constituirá em uma solução efetiva para as dificuldades espirituais variadas e sempre novas.

A primeira missão desse espírito é, está claro, fomentar e personalizar a verdade, pois é a compreensão da verdade que constitui a mais elevada forma de liberdade humana.

Em seguida, o propósito desse espírito é destruir o sentimento de orfandade do crente. Tendo Jesus estado entre os homens, todos os crentes iriam experienciar uma sensação de solidão, não houvesse o Espírito da Verdade vindo para residir nos corações dos homens.
Esse outorgamento, do espírito do Filho, preparou efetivamente todas as mentes dos homens comuns para a dádiva posterior do espírito do Pai (o Ajustador) a toda a humanidade. Num certo sentido, esse Espírito da Verdade é o espírito, tanto do Pai Universal como do Filho Criador.

Não cometais o erro de esperar ter uma consciência intelectualmente forte e nítida do Espírito da Verdade efundido. O espírito nunca gera uma consciência de si mesmo, mas cria uma consciência de Michael, o Filho. Desde o princípio, Jesus ensinou que o espírito não falaria de si mesmo. A prova, entretanto, do vosso envolvimento com o Espírito da Verdade, não há de ser encontrada na vossa consciência desse espírito, mas, muito mais intensamente, na vossa experiência de uma irmandade mais elevada com Michael.

O espírito veio também para ajudar os homens a relembrarem-se das palavras do Mestre e compreenderem-nas; bem como para iluminá-los, na re-interpretação da vida dele na Terra.
Em seguida o Espírito da Verdade veio para ajudar aos que acreditam a testemunhar sobre as realidades dos ensinamentos de Jesus e sua vida, como ele a viveu na carne e como novamente a vive, de modo renovado e pujante, no indivíduo que crê, em cada nova geração de filhos de Deus plenificados pelo espírito.

Assim, torna-se, pois, evidente que o Espírito da Verdade vem, realmente, para conduzir todos os que crêem, a toda a verdade, ao conhecimento expansivo da experiência da consciência espiritual viva e crescente, na realidade da filiação ascendente e eterna a Deus.

Jesus viveu uma vida que é uma revelação do homem submetido à vontade do Pai, e não um exemplo que todo homem deva literalmente tentar seguir. Essa vida na carne, junto com a sua morte na cruz e a ressurreição subseqüente, tornou-se atualmente um novo evangelho para o resgate, que é pago, assim, com o fim de retomar o homem, de volta, das garras do mal – da condenação de um Deus ofendido. Entretanto, mesmo havendo a palavra de Deus sido grandemente distorcida, permanece o fato de que essa nova mensagem sobre Jesus traz em si muitas verdades e os ensinamentos fundamentais das suas primeiras palavras ao Reino. E, mais cedo ou mais tarde, essas verdades ocultas, da paternidade de Deus e da irmandade dos homens, emergirão para transformar efetivamente a civilização de toda a humanidade.

Mas esses erros do intelecto não interferem, de modo algum, no grande progresso de crescimento, em espírito, dos que crêem. Menos de um mês depois do outorgamento do Espírito da Verdade, os apóstolos fizeram um progresso espiritual maior do que durante os quatro anos, quase, de convívio amoroso pessoal com o Mestre. Nem a substituição da verdade do evangelho salvador, que é a filiação a Deus, pelo fato da ressurreição de Jesus, tampouco, interferiu na rápida difusão dos seus ensinamentos; ao contrário, os novos ensinamentos sobre a sua pessoa e sobre a sua ressurreição, mesmo ofuscando a mensagem de Jesus, parece haverem também facilitado grandemente a pregação das boas-novas.

O termo “batismo do espírito”, que veio a ter um uso tão geral nessa época, significou meramente a recepção consciente dessa dádiva do Espírito da Verdade e a tomada de consciência desse novo poder espiritual, como uma ampliação de todas as influências espirituais experienciadas até então pelas almas conscientes de Deus.

Desde o outorgamento do Espírito da Verdade, está o homem sujeito ao ensinamento e ao guiamento de um dom espiritual tríplice: o espírito do Pai, o Ajustador do Pensamento; o espírito do Filho, o Espírito da Verdade; o espírito do Espírito, o Espírito Santo.

De um certo modo, a humanidade está sujeita à influência dupla, de apelo sétuplo, das influências espirituais do universo. As raças evolucionárias primevas, de mortais, estão submetidas ao contato progressivo com os sete espíritos ajudantes da mente do Espírito Materno do universo local. À medida que o homem progride, escala acima, em inteligência e em percepção espiritual, vão chegando até ele e residindo nele as sete influências dos espíritos superiores. E esses sete espíritos, dos mundos em avanço, são:

1. O espírito outorgado, do Pai Universal – o Ajustador do Pensamento.

2. A presença espiritual do Filho Eterno – a gravidade espiritual do universo dos universos; e o canal certo para a comunhão de todos os espíritos.

3. A presença espiritual do Espírito Infinito – o espírito-mente de toda a criação, a fonte espiritual da semelhança intelectual de todas as inteligências progressivas.

4. O espírito do Pai Universal e do Filho Criador – o Espírito da Verdade, geralmente visto como o espírito do Filho do Universo.

5. O espírito do Espírito Infinito e do Espírito Materno do Universo – o Espírito Santo, geralmente considerado o espírito do Espírito do Universo.

6. O espírito-mente do Espírito Materno do Universo – os sete espíritos ajudantes da mente do universo local.

7. O espírito do Pai, dos Filhos e dos Espíritos – o espírito, com um nome novo, dos mortais ascendentes dos reinos, depois da fusão da sua alma mortal, nascida do espírito, com o Ajustador do Pensamento; e após haverem-se elevado, subseqüentemente, até a divindade e atingido a glorificação, por meio do status que atingem, no Corpo de Finalidade do Paraíso.
E assim o outorgamento do Espírito da Verdade trouxe ao mundo e aos seus povos o último dom do espírito, destinado a ajudar na busca ascendente de Deus.

3. O QUE OCORREU EM PENTECOSTES

Muitos ensinamentos estranhos e raros estão ligados às primeiras narrativas do Dia de Pentecostes. Os acontecimentos deste dia, em que o novo mestre, o Espírito da Verdade, veio para residir com a humanidade, tornaram-se confusos, em épocas posteriores, por causa das explosões tolas de uma emoção exagerada. A missão principal dessa efusão do espírito do Pai e do Filho é a de ensinar aos homens sobre as verdades do amor do Pai e da misericórdia do Filho. Essas são as verdades da divindade que o homem pode compreender muito melhor que todos os outros traços do caráter divino. O Espírito da Verdade ocupa-se, principalmente, da revelação da natureza do espírito do Pai e do caráter moral do Filho. O Filho Criador, quando esteve encarnado, revelou Deus aos homens; o Espírito da Verdade, no coração, revela o Filho Criador aos homens. Quando o homem colhe, na sua vida “os frutos do espírito”, ele está simplesmente comprovando as características que o Mestre manifestou na sua própria vida terrena. Quando Jesus esteve na Terra, ele viveu a sua vida como uma personalidade – Jesus de Nazaré. Como espírito residente do “novo instrutor”, desde Pentecostes, o Mestre tem sido capaz, novamente, de viver a sua vida na experiência de todos os crentes que aprenderam e assimilaram a verdade.

Muitas das coisas que acontecem no decurso de uma vida humana são duras para serem compreendidas, difíceis de serem reconciliadas com a idéia de que este é um universo no qual prevalece a verdade e no qual a retidão triunfa. Muito frequentemente parece que o insulto, as mentiras, a desonestidade e a falta de retidão – o pecado – prevalecem. E a fé, afinal, triunfa sobre o mal, o pecado e a iniquidade? Sim, triunfa. E a vida e a morte de Jesus são a prova eterna de que a verdade da bondade e da fé, na criatura conduzida pelo espírito, serão justificadas sempre. Quando crucificado, chegaram a zombar de Jesus na cruz dizendo: “Vamos ver se Deus virá para libertá-lo”. E o dia da crucificação ficou escuro, mas, na manhã da ressurreição, estava gloriosamente luminoso; e ainda mais brilhante e mais cheio de júbilo esteve o Dia de Pentecostes. As religiões do desespero pessimista buscam obter a liberação das cargas da vida, elas almejam a extinção em um repouso e em um sonho sem fim. Essas religiões são as do medo e pavor primitivos. A religião de Jesus é uma palavra nova de fé, que há de ser proclamada à humanidade, em meio à sua luta. Essa nova religião está fundada na fé, na esperança e no amor.

A vida mortal deu os mais duros, cruéis e amargos golpes em Jesus; e este homem recebeu todos os golpes desesperados, com fé, coragem e com a determinação inarredável de cumprir a vontade do Pai. Jesus aceitou a vida, em toda a sua realidade terrível, com mestria – até mesmo na morte. Ele não usou a religião como uma liberação para a vida. A religião de Jesus não procura escapar desta vida, com o fito de desfrutar da felicidade de uma outra existência. A religião de Jesus proporciona a felicidade e a paz de uma outra existência espiritual que eleva e enobrece a vida que os homens vivem agora na carne.

Se a religião é um ópio para o povo, assim não é a religião de Jesus. Na cruz ele recusou-se a beber a droga mortal, e o seu espírito, efusionado em toda a carne, é uma influência mundial poderosa que conduz o homem à elevação, levando-o a progredir. O impulso espiritual para o progresso é a força mais poderosa presente neste mundo; aquele que é o verdadeiro crente no aprendizado da verdade possui a alma que progride ativa e dinamicamente sobre a Terra.

No Dia de Pentecostes, a religião de Jesus quebrou todas as restrições das nações e das prisões raciais. Para sempre será verdade que “onde está o espírito do Senhor, há liberdade”. Nesse dia, o Espírito da Verdade tornou-se a dádiva pessoal do Mestre a cada mortal. Esse espírito foi concedido com o propósito de qualificar os crentes mais eficazmente, para que preguem a palavra do Reino de Deus, mas eles confundiram a experiência, de receber o espírito efusionado, com uma parte do novo evangelho que eles estavam formulando inconscientemente.

Não desconsidereis o fato de que o Espírito da Verdade foi outorgado a todos aqueles que têm uma crença sincera; essa dádiva do espírito não veio apenas para os apóstolos. Todos os cento e vinte homens e mulheres reunidos na sala superior receberam o novo mestre, como o receberam todos os homens honestos de coração em todo o mundo. Esse novo mestre foi concedido à humanidade e cada alma o recebeu na proporção do seu amor pela verdade e da sua capacidade de apreender e compreender as realidades espirituais. Afinal, a verdadeira religião libera-se da custódia dos sacerdotes e de todas as castas sagradas e encontra sua manifestação real nas almas individuais dos homens.

A religião de Jesus desenvolve o tipo mais elevado de civilização humana, pois cria o tipo mais elevado de personalidade espiritual e proclama a condição sagrada da pessoa.

A vinda do Espírito da Verdade, em Pentecostes, tornou possível uma religião que não é nem radical nem conservadora; não é nem a velha nem a nova, que não irá ser dominada nem pelos velhos nem pelos jovens. A existência da vida terrena de Jesus proporciona um ponto fixo para a ancoragem do tempo, enquanto o outorgamento do Espírito da Verdade proporciona a expansão eterna e o crescimento interminável da religião que ele viveu e da palavra de Deus por ele proclamada. O espírito conduz para dentro de toda a verdade; ele é o mestre de uma religião que se expande e cresce sempre, de progresso sem fim e de revelação do divino. Esse novo mestre desvelará, para sempre, ao crente em busca a verdade, tudo aquilo que esteve tão divinamente velado e contido na pessoa e na natureza do Filho do Homem.

As manifestações ligadas ao outorgamento do “novo mestre”, e o modo como os homens de várias raças e nações, reunidas em Jerusalém, receberam a pregação dos apóstolos, indicam a universalidade da religião de Jesus. O evangelho do Reino de Deus não se devia identificar com nenhuma raça, cultura ou língua em particular. Esse Dia de Pentecostes testemunhou um grande esforço do espírito, no sentido de liberar a religião de Jesus dos seus elos herdados dos judeus. Mesmo após essa demonstração da efusão do espírito sobre toda a carne, os apóstolos, no princípio, ainda tentaram impor os quesitos do judaísmo aos convertidos. E até mesmo Paulo teve problemas com os seus irmãos de Jerusalém, porque ele se recusou a submeter os gentios às práticas judaicas. Nenhuma religião revelada pode difundir-se pelo mundo inteiro se comete o grave erro de se deixar permear por uma cultura nacional ou de se ligar a práticas raciais, sociais ou econômicas.

O outorgamento do Espírito da Verdade foi independente de todas as formas, cerimônias, lugares sagrados e comportamentos especiais da parte daqueles que receberam, em plenitude, a sua manifestação. Quando o espírito veio sobre as pessoas reunidas no salão superior, elas estavam simplesmente sentadas lá, tendo acabado de orar em silêncio. O espírito foi concedido tanto no campo como na cidade. Não foi necessário que os apóstolos se dirigissem a um local isolado, durante anos de meditação solitária, para que recebessem o espírito. Para todo o sempre, Pentecostes desligou a experiência espiritual, da noção de que houvesse locais especialmente favorecidos.

Pentecostes, com o seu dom espiritual, estava destinada a desligar a religião do Mestre de qualquer dependência de força física; os mestres dessa nova religião estão agora equipados com armas espirituais. Devem sair para conquistar o mundo com o perdão infalível, com uma boa vontade incomparável e amor abundante. Eles estão equipados para sobrepor o bem ao mal, para vencer o ódio pelo amor, para destruir o temor com uma fé corajosa na verdade. Jesus já havia ensinado aos seus seguidores que a sua religião nunca era passiva; e que os seus discípulos deviam ser sempre ativos e positivos nas suas ministrações de misericórdia e nas suas manifestações de amor. Esses crentes já não consideravam Yavé como o “Senhor das Hostes”. Eles agora consideravam a Deidade eterna como o “Deus, e Pai do Senhor Jesus Cristo”. Pelo menos esse progresso eles fizeram, ainda que não tenham apreendido, inteiramente, a verdade de que Deus é também o Pai de todos os indivíduos.

Pentecostes dotou o homem mortal com o poder de perdoar as agressões pessoais, de manter-se doce em meio à injustiça mais grave, de permanecer firme em face do perigo mais tremendo, e de desafiar os males do ódio e da ira, por meio de atos audazes de amor e de paciência. Urântia passou, na sua história, pela destruição de guerras grandes e arrasadoras. Todos os participantes dessas lutas terríveis encontraram a derrota. Houve apenas um vitorioso; houve apenas um, que saiu dessas lutas amargas com a sua reputação mais elevada – e este foi Jesus de Nazaré e a sua palavra divina, de sobrepujar o mal com o bem. O segredo de uma civilização melhor está contido nos ensinamentos do Mestre, sobre a irmandade dos homens, a boa vontade do amor e confiança mútuos.

Até Pentecostes, a religião havia revelado apenas o homem à procura de Deus; desde Pentecostes, permanece o homem na busca de Deus, mas brilha sobre o mundo o espetáculo de Deus, que também busca o homem e que, tão logo o tenha achado, envia o Seu espírito para residir dentro dele.

Antes dos ensinamentos de Jesus, que culminaram em Pentecostes, as mulheres tinham pouca ou nenhuma posição espiritual, segundo os pequenos dogmas das religiões mais antigas. Depois de Pentecostes, na irmandade do Reino, as mulheres colocaram-se perante Deus em igualdade com os homens. Entre os cento e vinte que receberam essa visitação especial do espírito, estavam muitas das mulheres discípulas e elas compartilharam dessas bênçãos igualmente com os crentes masculinos. Não mais pode o homem presumir monopolizar o ministério dos serviços religiosos. O fariseu poderia continuar a agradecer a Deus por não “haver nascido mulher, nem leproso, nem gentio”, mas entre os seguidores de Jesus, a mulher foi para sempre libertada de todas as discriminações baseadas no sexo. Pentecostes pôs fim a todas as discriminações religiosas fundadas em distinções raciais, diferenças culturais, castas sociais, ou preconceito de sexo. Não é de se estranhar que os crentes da nova religião clamassem aos brados: “Onde está o espírito do Senhor, lá está a liberdade”.

Tanto a mãe quanto um irmão de Jesus estavam presentes entre os cento e vinte crentes e, como membros desse grupo comum de discípulos eles também receberam o espírito efundido. Eles não receberam, de tal dom do bem, nada mais do que os seus semelhantes. Nenhuma dádiva especial foi conferida aos membros da família terrena de Jesus. Pentecostes marcou o fim dos sacerdócios especiais e de toda a crença em famílias sagradas.

Antes de Pentecostes os apóstolos haviam renunciado a muitas coisas por Jesus. Tinham sacrificado os seus lares, famílias, amigos, bens mundanos e posição. Em Pentecostes eles entregaram-se a Deus; e o Pai e o Filho responderam, dando-se ao homem – enviando os Seus espíritos para residir dentro do homem. Essa experiência de perder o eu, e de encontrar o espírito, não foi apenas a da emoção; foi um ato de auto-rendimento inteligente e de consagração sem reservas.

Pentecostes foi o chamado à unidade espiritual, entre os que acreditam na palavra sagrada. Quando o espírito desceu sobre os discípulos, em Jerusalém, a mesma coisa aconteceu na Filadélfia, Alexandria e em todos os outros lugares onde estavam os crentes verdadeiros. Era verdade, literalmente, que “havia uma só alma e só um coração, na multidão dos crentes”. A religião de Jesus é a mais poderosa influência unificadora que o mundo jamais conheceu.

Pentecostes teve o propósito de minimizar a presunção dos indivíduos, grupos, nações e raças. A tensão desse sentimento de presunção aumenta tanto que, periodicamente, desemboca em guerras destrutivas. A humanidade pode ser unificada apenas pelo enfoque espiritual; e o Espírito da Verdade é, neste mundo, uma influência universal.

A vinda do Espírito da Verdade purifica o coração humano e conduz a pessoa que o recebe, a formular um único propósito de vida, na vontade de Deus e para o bem-estar dos homens. O espírito material do egoísmo foi engolfado por esse novo outorgamento de altruísmo. Pentecostes, então e agora, significa que o Jesus da história tornou-se o Filho divino da experiência vivente. A exultação, que esse espírito traz ao ser efundido, e, quando é experimentado conscientemente na vida humana, é um tônico para a saúde, um estímulo para a mente e uma energia infalível para a alma.

A prece não trouxe o espírito no Dia de Pentecostes; mas teve muito a ver com a determinação da capacidade de receptividade que caracterizou cada indivíduo crente. A prece não conduz o coração divino à generosidade da dádiva da graça, mas, muito freqüentemente, forma canais mais largos e mais profundos pelos quais a graça e os outorgamentos divinos podem fluir até os corações e as almas daqueles que assim lembram-se de manter uma comunhão ininterrupta com o seu Criador, por meio da prece sincera e da adoração verdadeira.

4. OS PRIMÓRDIOS DA IGREJA CRISTÃ

Quando Jesus foi subitamente aprisionado pelos seus inimigos e tão rapidamente crucificado, entre os dois ladrões, os seus apóstolos e discípulos ficaram inteiramente desmoralizados. O pensamento de que o Mestre houvesse sido preso, amarrado, açoitado e crucificado, era demais, até mesmo para os apóstolos. Eles esqueceram-se dos seus ensinamentos e das suas advertências. Ele podia, de fato, ter sido “um profeta poderoso nos feitos e nas palavras, perante Deus e todo o povo”, mas dificilmente seria o Messias que restauraria o reino de Israel, e disso é que eles tinham esperança.

Então veio a ressurreição, que os livra do desespero e que os leva de volta à sua fé na divindade do Mestre. De novo e de novo eles falam com ele; e ele os leva ao monte das Oliveiras, onde despede-se e lhes diz que está indo de volta ao Pai. Ele lhes havia dito para permanecer em Jerusalém, até serem dotados com o poder – até que o Espírito da Verdade viesse. E, no Dia de Pentecostes, este novo mestre vem; e eles saem imediatamente para pregar o seu evangelho, com um novo poder. São os seguidores audazes e valentes de um Senhor vivo, não de um líder morto e derrotado. O Mestre vive nos corações desses evangelistas; Deus não é uma doutrina nas suas mentes; tornou-Se uma presença viva nas suas almas.

“Dia a dia eles continuaram perseverando unânimes no templo e repartindo o pão nas suas casas. Comiam juntos com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e em favores com todo o povo. Estavam todos preenchidos pelo espírito e falavam da palavra de Deus com ousadia. E as multidões dos que acreditavam estavam com um único coração e uma só alma; e nenhum deles dizia que as suas coisas pertenciam apenas a ele; e possuíam todas as coisas dividindo-as”.

O que aconteceu àqueles homens a quem Jesus havia ordenado que saíssem para pregar a palavra do Reino de Deus, a paternidade de Deus e a irmandade entre os homens? Eles têm um novo evangelho; estão ardentes pelo fogo de uma nova experiência; estão repletos de uma energia espiritual nova. A sua mensagem transformou-se subitamente na proclamação do Cristo que ressuscitou: “Jesus de Nazaré, um homem que Deus aprovou por meio de obras poderosas e prodigiosas; a ele, que foi enviado com conhecimento prévio e com o conselho determinado de Deus, vós o crucificastes e matastes. As coisas que Deus havia prenunciado pela boca de todos os profetas, Ele as cumpriu. A esse Jesus, Deus o ressuscitou. Deus o fez tanto Senhor quanto Cristo. Tendo sido, pela mão direita de Deus, exaltado e havendo recebido do Pai a promessa do espírito, ele derrama sobre vós, isso que vedes e ouvis. Arrependei, para que sejam apagados os vossos pecados; para que o Pai, pois, possa enviar o Cristo, antes anunciado a vós, o mesmo Jesus; a quem os céus devem receber até os tempos da restauração de todas as coisas”.

O evangelho do Reino, a mensagem de Jesus, subitamente havia sido transformada no evangelho do Senhor Jesus Cristo. Eles agora proclamavam os fatos da sua vida, morte e ressurreição e pregavam a esperança de um pronto retorno dele a este mundo, para concluir o trabalho que começara. Assim, a mensagem dos primeiros crentes tinha a ver com a pregação sobre os fatos da sua primeira vinda e com o ensinamento da esperança da sua segunda vinda, um evento que eles consideravam estar muito próximo.

Cristo estava a ponto de se transformar no credo da igreja que rapidamente se formava. Jesus vive; ele morreu pelos homens; ele trouxe o espírito; e ele virá de novo. Jesus preencheu todos os pensamentos dos homens e determinou todo o conceito novo sobre Deus e sobre tudo o mais. Eles estavam por demais entusiasmados com a nova doutrina de que “Deus é Pai do Senhor Jesus” para preocuparem-se com a velha mensagem de que “Deus é o Pai amantíssimo de todos os homens”, e mesmo de cada indivíduo. É bem verdade que uma manifestação maravilhosa de amor fraternal e de uma boa vontade inigualável surgiu nas primeiras comunidades de crentes. Mas era uma irmandade de crentes em Jesus, não uma comunidade de irmãos na família do Reino do Pai nos céus. A boa vontade deles cresceu do amor nascido do conceito da auto-doação de Jesus e não do reconhecimento da irmandade do homem mortal. Contudo, estavam repletos de alegria e viveram vidas tão novas e únicas que todos os homens foram atraídos para os seus ensinamentos sobre Jesus. Cometeram o grande erro de tomar os comentários vivos e ilustrativos a respeito do evangelho do Reino de Deus, pelo evangelho em si, mas ainda assim aquela era a maior religião que a humanidade havia conhecido até então.

Inequivocamente, uma nova comunidade estava surgindo no mundo. A multidão de crentes continuava perseverante nos ensinamentos e na comunhão com os apóstolos, na partilha do pão e nas orações. Eles chamavam-se de irmão e irmã entre si, saudavam-se com um beijo sagrado e ministravam aos pobres. Era uma comunidade de vida, bem como de adoração. Não eram comunitários por obrigação, mas pelo desejo de compartilhar os seus bens com os seus irmãos de crença. Eles esperavam, confiantes, que Jesus fosse retornar, para completar o estabelecimento do Reino do Pai, ainda naquela geração. Essa espontaneidade ao compartilhar as posses terrenas não era um aspecto direto do ensinamento de Jesus, ela surgiu porque esses homens e mulheres confiavam sinceramente que ele retornaria a qualquer dia, para completar o seu trabalho e consumar o Reino. Mas os resultados finais, desse experimento bem-intencionado de amor fraternal irrefletido, foram desastrosos e trouxeram sofrimentos. Milhares de crentes honestos venderam as suas propriedades e dispuseram de todos os seus bens capitais e outros bens produtivos. Com o passar do tempo, os recursos minguantes daquele sistema cristão de “compartilhar por igual” chegaram ao fim – mas o mundo não. Muito cedo os crentes em Antióquia estavam fazendo uma coleta para que os demais crentes, em Jerusalém, não morressem de fome.

Naqueles dias eles celebraram a Ceia do Senhor, do modo como foi estabelecida; quer dizer, reuniram-se para uma refeição social de bom companheirismo e compartilharam do sacramento ao final da refeição.
Inicialmente eles batizavam em nome de Jesus; passaram quase vinte anos antes que começassem a batizar em “nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O batismo era o único quesito para admissão à comunidade de crentes. Não tinham ainda nenhuma organização; era simplesmente a irmandade de Jesus.

Essa seita de Jesus estava crescendo rapidamente e uma vez mais os saduceus preocupavam-se com ela. Os fariseus pouco se incomodavam com a situação, vendo que nenhum dos ensinamentos, de nenhum modo, interferia com a observância das leis judaicas. Mas os saduceus começaram a encarcerar os líderes da seita de Jesus, até que fossem convencidos a aceitar os conselhos de Gamaliel, um dos rabinos líderes, que lhes aconselhou: “Afastem-se desses homens e deixem-nos em paz, pois se esse conselho ou essa obra for dos homens, derrubar-se-á por si; mas, se for de Deus, não sereis capaz de derrubá-la, e que não sejais apanhados lutando contra Deus”. Eles decidiram seguir o conselho de Gamaliel e sobreveio um período de paz e calma em Jerusalém, durante o qual o novo evangelho sobre Jesus espalhou-se rapidamente.

E assim tudo andava bem em Jerusalém, até a época da chegada dos gregos, em grande número, vindos de Alexandria. Dois dos alunos de Rodam chegaram em Jerusalém e converteram muitos entre os helenistas. Entre os seus primeiros convertidos estavam Estevão e Barnabé. Esses hábeis gregos não tinham o ponto de vista dos judeus e não se adequaram tão bem ao seu modo de adoração e a outras práticas cerimoniais. E foram os feitos desses crentes gregos que acabaram com as relações pacíficas entre a irmandade de Jesus e os fariseus e saduceus. Estevão e o seu companheiro grego começaram a pregar mais conforme o que Jesus ensinara, e isso os colocou em conflito imediato com os potentados judeus. Num dos sermões públicos de Estevão, quando ele chegou ao ponto objetável do discurso, eles dispensaram todas as formalidades do julgamento e começaram a apedrejá-lo ali mesmo, até a morte.

Estevão, o líder da colônia grega dos crentes de Jesus em Jerusalém, assim, tornou-se o primeiro mártir da nova fé e a causa específica para que acontecesse a organização formal da igreja cristã inicial. Essa nova crise levou ao reconhecimento de que os crentes não podiam continuar como uma seita dentro da fé judaica. Todos eles concordaram que deviam separar-se dos não crentes; e um mês depois da morte de Estevão a igreja em Jerusalém foi organizada, sob a liderança de Pedro; e Tiago, o irmão de Jesus, passou a ser o seu dirigente titular.

E então irromperam as novas e incansáveis perseguições feitas pelos judeus, de modo que os instrutores ativos da nova religião sobre Jesus, que subseqüentemente em Antióquia foi denominada de cristianismo, saíram até os confins do império proclamando Jesus. Para levar essa mensagem, antes do tempo de Paulo, a liderança estava nas mãos dos gregos; e esses primeiros missionários, como também os posteriores, seguiram a rota antiga dos passos de Alexandre, indo até a Antióquia, por Gaza e Tiro e, depois, até a Macedônia, pela Ásia Menor; e então para Roma e na direção de todos os confins do império.

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SÉRIE: (76)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - Depois de pentecostes

SÉRIE: (76)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - Depois de pentecostes

Esta série foi extraída do Livro de Urântia. Os 77 capítulos, mais de 700 páginas, que ocupam um terço do livro, dão dia a dia, toda a vida de Jesus Cristo desde sua infância. Dão 16 vezes mais informações sobre a vida e os ensinamentos de Jesus do que a Bíblia. É o relato mais espiritual sobre Jesus até hoje escrito.



DEPOIS DE PENTECOSTES

Os resultados da pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, foram tais que decidiram sobre as políticas futuras e determinaram os planos da maioria dos apóstolos, nos seus esforços para proclamar o evangelho do Reino. Pedro foi o verdadeiro fundador da igreja cristã; Paulo levou a mensagem cristã aos gentios, e os crentes gregos difundiram-na por todo o império romano.

Embora o povo hebreu, limitado às tradições e dominado pelos sacerdotes, enquanto povo, se recusasse a aceitar, fosse o evangelho de Jesus, da paternidade de Deus e da irmandade dos homens, fosse a proclamação de Pedro e de Paulo, da ressurreição e da ascensão de Cristo (o cristianismo subseqüente), todo o restante do império romano acabou sendo receptivo aos ensinamentos cristãos que evoluíam. Nesse momento a civilização ocidental estava intelectualmente cansada da guerra e encontrava-se também profundamente cética a respeito de todas as religiões e filosofias existentes sobre o universo. Os povos do mundo ocidental, beneficiários da cultura grega, tinham uma respeitável tradição de um passado grandioso. Eles podiam contemplar a herança de grandes realizações na filosofia, na arte, na literatura e nos progressos políticos. Mas, ao lado de todas essas realizações, não tinham tido nenhuma religião que satisfizesse à alma. Os seus anseios espirituais permaneciam insatisfeitos.

E subitamente, sobre tal cenário da sociedade humana, foram lançados os ensinamentos de Jesus, adotados na mensagem cristã. Uma nova ordem de vida, assim, foi apresentada aos corações insaciados desses povos do Ocidente. Essa situação significava um conflito imediato entre as práticas religiosas mais antigas e a nova versão cristianizada da mensagem de Jesus ao mundo. Um tal conflito resultaria em uma vitória definida, fosse da nova crença, ou da mais antiga, ou fosse em algum grau de concessões feitas por alguma dessas partes. A história mostra que a luta levou a um comprometimento sob a forma de concessões. O cristianismo presumiu abranger coisas demasiadamente maiores do que qualquer povo pudesse assimilar em uma ou duas gerações. Não se tratava de uma chamada espiritual simples, como a que Jesus havia apresentado à alma dos homens; abrangia, desde muito cedo, uma atitude sobre os rituais religiosos, a educação, a magia, a medicina, a arte, a literatura, a legislação, o governo, a moral, a regulamentação do sexo, a poligamia e, em um grau limitado, até mesmo a escravidão. O cristianismo não veio meramente como uma nova religião – como algo pelo qual todo império romano e todo Oriente estivessem esperando – mas como uma nova ordem de sociedade humana. E, com uma tal pretensão, precipitou rapidamente o colapso moral-social das idades. Os ideais de Jesus, tal como foram reinterpretados pela filosofia grega e socializados pela cristandade, desafiavam agora, com ousadia, as tradições da raça humana, incorporados na ética, na moralidade e na religião da civilização ocidental.

De início, o cristianismo conseguiu convertidos apenas nos estratos sociais e econômicos mais baixos. Mas, por volta do segundo século, o melhor da elite da cultura greco-romana, se voltava cada vez mais para essa nova ordem de crença cristã, para esse novo conceito de propósito de vida e meta de existência.

Como é que essa nova mensagem, de origem judaica, que quase fracassara na sua terra de nascimento, capturou tão rápida e eficazmente o melhor mesmo das mentes do império romano? O triunfo do cristianismo sobre as religiões filosóficas e os cultos dos mistérios deveu-se aos fatores:

1. A organização. Paulo era um grande organizador e os seus sucessores mantiveram o ritmo que ele estabeleceu.

2. O cristianismo estava profundamente helenizado. Abrangia o melhor da filosofia grega, bem como a nata da teologia hebraica.

3. Mas, melhor do que tudo, trazia em si um ideal novo e grande, o eco da vida auto-outorgada de Jesus e o reflexo da sua mensagem de salvação, para toda a humanidade.

4. Os líderes cristãos estavam dispostos a fazer concessões ao mitraísmo, pois a melhor metade dos que haviam aderido ao cristianismo fora conquistada ao culto da Antióquia.

5. Do mesmo modo, a próxima e mais recente das gerações de líderes da cristandade fez outras concessões mais ao paganismo, tanto que até Constantino, o imperador romano, foi conquistado para a nova religião.

E os cristãos fizeram uma barganha astuta com os pagãos, pois adotaram a pompa ritualística dos pagãos obrigando-os a aceitar a versão helenizada do cristianismo paulino. O acordo que fizeram com os pagãos foi melhor do que aquele que concluíram com o culto mitraico, mas, mesmo naquele compromisso inicial de concessão, eles saíram mais do que vencedores, pois tiveram êxito em eliminar as imoralidades grosseiras e também numerosas outras práticas repreensíveis do mistério persa.

Esses líderes iniciais da cristandade, sabiamente ou não, comprometeram deliberadamente os ideais de Jesus, em um esforço para salvar e promover muitas das suas idéias, e nisso eles tiveram um êxito eminente. Mas não vos enganeis! Esses ideais do Mestre, ainda que comprometidos, estão latentes no seu evangelho e terminarão por fazer valer todo o seu poder diante do mundo.

Por meio dessa paganização do cristianismo, a velha ordem teve muitas vitórias menores, de natureza ritualista, mas os cristãos ganharam a ascendência, pois:

1. Foi tocada uma nota da moral humana, uma nota nova e de conotação enormemente mais elevada.
2. Um conceito novo e ampliado de Deus foi passado ao mundo.
3. A esperança de imortalidade tornou-se um ponto de reafirmação, dentro de uma religião reconhecida.
4. Jesus de Nazaré foi dado à alma sedenta do homem.

Muitas das grandes verdades, ensinadas por Jesus, foram quase perdidas nesses comprometimentos e concessões iniciais, mas elas ainda permanecem como que adormecidas nessa religião de cristianismo paganizado, que é, por sua vez, a versão paulina da vida e dos ensinamentos do Filho do Homem. E o cristianismo, mesmo antes de ser paganizado, foi profundamente helenizado. O cristianismo deve muito aos gregos, bastante mesmo. Um grego, vindo do Egito, muito corajosamente levantou-se em Nicéia e tão destemidamente desafiou a assembléia, que o concílio não ousou obscurecer o conceito da natureza de Jesus; pois a verdade mesma da auto-outorga havia estado em perigo de ser perdida para o mundo. O nome desse grego foi Atanásio e, não fosse a eloqüência e lógica desse crente, a força persuasiva de Ários teria triunfado.

1. A INFLUÊNCIA DOS GREGOS

A helenização da cristandade, na realidade, começou naquele dia memorável em que o apóstolo Paulo, diante do conselho de Areópagos, em Atenas, falou aos atenienses sobre “o Deus Desconhecido”. Lá, à sombra da Acrópolis, esse cidadão romano proclamou aos gregos a sua versão da nova religião, que havia tido origem na terra judaica da Galiléia. E havia coisas estranhamente semelhantes entre a filosofia grega e muitos dos ensinamentos de Jesus. Eles tinham uma meta em comum – ambos visavam o soerguimento do indivíduo. Os gregos, por meio da emergência social e política do indivíduo; e Jesus, por meio da emergência moral e espiritual do homem. Os gregos ensinavam o liberalismo intelectual que conduzia à liberdade política; Jesus ensinava o liberalismo espiritual que conduzia à liberdade religiosa. Essas duas idéias, colocadas juntas, constituíam um novo e poderoso código para a liberdade humana, e prognosticavam, para o homem, a sua liberdade social, política e espiritual.

O cristianismo veio à existência e triunfou sobre todas a religiões, então em contenda, principalmente por causa de duas coisas:

1. A mente grega estava disposta a tomar emprestadas idéias novas e boas, ainda que fosse dos judeus.
2. Paulo e os seus sucessores estavam dispostos a comprometerem-se, mas fazendo concessões astuciosas e sagazes; eles eram negociantes teológicos perspicazes.

Na época, Paulo dirigiu-se a Atenas pregando “Cristo, e o Cristo Crucificado”, os gregos estavam espiritualmente sedentos; encontravam-se em uma busca inquiridora, interessada e, na realidade, à procura da verdade espiritual. Nunca vos esqueçais de que a princípio os romanos combateram o cristianismo, enquanto os gregos adotaram-no; e de que foram os gregos que literalmente forçaram os romanos, subseqüentemente, a aceitar essa nova religião, já então modificada como uma parte da cultura grega.

Os gregos veneravam a beleza, os judeus a santidade; mas ambos os povos amavam a verdade. Durante séculos os gregos pensaram e debateram seriamente sobre todos os problemas humanos – sociais, econômicos, políticos e filosóficos –, exceto sobre a religião. Poucos entre os gregos haviam dado atenção maior à religião; eles não levavam muito a sério nem a própria religião. Durante séculos os judeus haviam negligenciado esses outros campos do pensamento ao devotar as suas mentes à religião. Eles levavam a própria religião bastante a sério, talvez até em demasia. Iluminado pelo conteúdo da mensagem de Jesus, o produto de séculos de pensamento desses dois povos, agora unidos, transformavam-se na força motriz de uma nova ordem de sociedade humana e, em uma certa medida, de uma nova ordem de crença e de prática humana religiosa.

A influência da cultura grega havia já penetrado as terras do Mediterrâneo Oriental, quando Alexandre expandiu a civilização helênica no mundo do Oriente próximo. Os gregos saíam-se muito bem com a sua religião e a sua política, enquanto estiveram organizados em pequenas cidades-Estado, mas, quando o rei macedônio ousou expandir a Grécia, como um império, que se estendia do Adriático ao rio Indus, os problemas começaram. A arte e a filosofia da Grécia estavam perfeitamente à altura da expansão imperial, mas não era bem assim com a administração política grega, nem com a religião. Depois que as cidades-Estado da Grécia conseguiram expandir-se como império, os seus deuses paroquiais pareciam um pouco esquisitos. Os gregos realmente estavam procurando um Deus único, um Deus maior e melhor, quando a versão cristianizada da antiga religião judaica chegou a eles.

O império helenista, enquanto tal, não podia durar. A sua influência cultural continuou, mas só durou até assegurar para si o gênio político romano do Ocidente, para a administração do império, e depois que obteve do Oriente uma religião cujo Deus único possuía a dignidade imperial.

No primeiro século depois de Cristo, a cultura helênica havia já atingido os seus níveis mais elevados; o seu retrocesso havia começado; o aprendizado avançava, mas a genialidade declinava. Foi nessa mesma época que as idéias e os ideais de Jesus, parcialmente incorporados ao cristianismo, concorreram para salvar a cultura e o conhecimento gregos.

Alexandre havia atacado o Oriente com a dádiva cultural da civilização da Grécia; Paulo assaltou o Ocidente com a versão cristã do evangelho de Jesus. E, em todos os lugares em que a cultura grega prevaleceu, em todo o Ocidente, também o cristianismo helenizado criou raiz.
A versão oriental da mensagem de Jesus, não obstante haver permanecido mais fiel aos ensinamentos dele, continuou seguindo a atitude de Abner de não fazer comprometimentos sob forma de concessões. E nunca progrediu como o fez a versão helenizada permanecendo enfim perdida no movimento islâmico.

2. A INFLUÊNCIA ROMANA

Os romanos incorporaram a cultura grega na totalidade, colocando governos representativos em lugar de governos por áreas. E em breve essa mudança favoreceu o cristianismo, pois Roma trouxe a todo o mundo ocidental uma nova tolerância para línguas, povos e mesmo religiões estrangeiras.

Grande parte da perseguição inicial aos cristãos, em Roma, deveu-se apenas ao uso infeliz que faziam do termo “reino” nas suas pregações. Os romanos eram tolerantes com toda e qualquer religião, mas ressentiam-se muito de qualquer coisa que tivesse o sabor de rivalidade política. E, assim, quando essas perseguições iniciais, devidas tão somente a mal-entendidos, tiveram fim, o campo para a propagação religiosa encontrava-se bem aberto. Os romanos estavam interessados na administração política; eles não se importavam muito com a arte nem com a religião, eram tolerantes com ambas de um modo extraordinário.

A lei oriental era severa e arbitrária; a lei grega era fluida e artística; a lei romana era dignificada e inspiradora de respeito. A educação romana induzia uma lealdade inédita e impassível. Os romanos do período inicial eram indivíduos politicamente devotados e consagrados de um modo sublime. Eram honestos, zelosos e dedicados aos seus ideais, mas não possuíam uma religião digna de ser chamada como tal. Não é de se admirar que os instrutores gregos tivessem sido capazes de persuadi-los a aceitar o cristianismo de Paulo.

E esses romanos eram um grande povo. Eles puderam governar o Ocidente porque se governavam bem a si próprios. Uma honestidade sem par, uma tal devoção e um autocontrole tão decidido, formavam o solo ideal para receber e para fazer crescer a cristandade.

Foi fácil para esses greco-romanos tornarem-se tão espiritualmente devotados a uma igreja institucionalizada, quanto o eram politicamente ao Estado. Os romanos combateram a igreja apenas quando temeram que ela estivesse competindo com o Estado. Roma, tendo uma filosofia nacional tímida e pouca cultura nativa, tomou a cultura grega como sua própria e fez de Cristo, com valentia, a sua própria filosofia moral. O cristianismo converteu-se na cultura moral de Roma, mas dificilmente tornou-se a sua religião, no sentido de ser, para aqueles que abraçaram a nova religião, uma experiência individual de crescimento espiritual, a religião de um modo pleno. É verdade, de fato, que muitos indivíduos a penetraram com mais profundidade, saindo da superfície de toda essa religião-estatal, e encontraram alimento para as suas almas nos valores reais dos significados, mascarados detrás das verdades latentes do cristianismo helenizado e paganizado.

Os estóicos e o seu apelo inflexível à “natureza e à consciência” haviam preparado bem toda a Roma para receber Cristo, pelo menos em um sentido intelectual. O romano era, por natureza e por educação, um legislador; ele venerava até mesmo as leis da natureza. E agora, no cristianismo, ele divisava as leis de Deus nas leis da natureza. Um povo que pôde produzir Cícero e Virgílio estava amadurecido para o cristianismo helenizado de Paulo.

E, pois, esses gregos romanizados forçaram tanto os judeus quanto os cristãos a filosofarem sobre a própria religião, a coordenarem as idéias dessa religião, a sistematizarem os seus ideais e a adaptarem as práticas religiosas às correntes predominantes de vida. E tudo isso foi enormemente ajudado pela tradução das escrituras hebraicas para o grego e pela redação do Novo Testamento, na língua grega.

Contrariamente aos judeus e a muitos outros povos, os gregos vinham, há muito tempo, crendo provisoriamente na imortalidade, em alguma espécie de sobrevivência após a morte e, já que esse era o núcleo mesmo do ensinamento de Jesus, era certo que o cristianismo significasse um forte apelo para eles.

Uma sucessão de vitórias da cultura grega e da política romana havia consolidado as terras do Mediterrâneo como um império, com uma língua e uma cultura, e preparou o mundo ocidental para um só Deus. O judaísmo contribuiu com esse Deus, mas o judaísmo não era aceitável como uma religião para esses gregos romanizados. Filo ajudou alguns a mitigarem as suas objeções, mas o cristianismo revelou a eles um conceito melhor de um Deus único e, prontamente, eles o abraçaram.

3. SOB O IMPÉRIO ROMANO

Após a consolidação do governo político romano, e depois da disseminação do cristianismo, os cristãos se viram com um Deus, um grande conceito religioso, mas sem um império. Os greco-romanos se viram com um grande império, mas sem um Deus para servir de conceito religioso adequado à adoração do império e à sua unificação espiritual. Os cristãos aceitaram o império; o império adotou o cristianismo. Os romanos forneceram uma unidade de governo político; os gregos, uma unidade de cultura e de instrução; o cristianismo, uma unidade de prática e de pensamento religioso.

Roma suplantou a tradição do nacionalismo por meio do universalismo imperial e, pela primeira vez na história, tornou possível que raças e nações diferentes, pelo menos nominalmente, aceitassem uma religião única.

O cristianismo ganhou a preferência em Roma, em uma época em que havia uma grande luta entre os ensinamentos enérgicos dos estóicos e as promessas de salvação dos cultos dos mistérios. O cristianismo trouxe o conforto repousante e o poder libertador para um povo espiritualmente sedento, cuja língua não possuía nenhuma palavra para “ausência de egoísmo”.
O que deu maior poder à cristandade foi o modo pelo qual os seus crentes viveram vidas de serviço e, mesmo, o modo pelo qual morreram pela própria fé, durante os tempos iniciais de perseguições drásticas.

O ensinamento a respeito do amor de Cristo pelas crianças logo colocou um fim à prática disseminada de expor as crianças à morte, quando não eram desejadas, particularmente as meninas.

O plano inicial do culto cristão foi tomado, em sua quase totalidade, ao das sinagogas judaicas, e modificado pelo ritual mitraico; posteriormente, muito do fausto pagão foi acrescentado a ele. A espinha dorsal da igreja cristã inicial consistia de prosélitos gregos do judaísmo, que se cristianizaram.

O segundo século depois de Cristo foi o melhor período, em toda a história do mundo, para uma boa religião fazer progressos no mundo ocidental. Durante o primeiro século, a cristandade havia preparado-se, por meio de lutas e de concessões, para criar raízes e espalhar-se rapidamente. A cristandade adotou o imperador; mais tarde, o imperador adotou o cristianismo. Essa foi uma grande época para uma nova religião ser disseminada. Existia liberdade religiosa; as viagens se haviam generalizado e inexistiam entraves para o livre pensamento.

O ímpeto espiritual de aceitar nominalmente o cristianismo helenizado chegou a Roma tarde demais para impedir o declínio moral já bem avançado, ou para compensar a deterioração racial já bem estabelecida e crescente. Essa nova religião era uma necessidade cultural para a Roma imperial, e é uma grande infelicidade que não se haja tornado um meio de salvação espiritual em um sentido mais amplo.

Mesmo uma boa religião não podia salvar um grande império dos resultados óbvios da falta de participação do indivíduo nos assuntos do governo, do excesso de paternalismo, do exagero e da grosseria dos abusos na coleta dos impostos, do comércio desequilibrado com o Levante, que acabou com o ouro, da loucura dos prazeres, do clichê da padronização romana, da degradação da mulher, da escravidão e da decadência racial, das epidemias físicas, e de uma igreja estatal que se tornou institucionalizada quase até o ponto da esterilidade espiritual.

Em Alexandria, contudo, as condições não eram assim tão desfavoráves. As primeiras escolas continuavam mantendo muitos dos ensinamentos de Jesus sem comprometimentos e concessões. Pantaenos ensinou a Clemente, e passou a colaborar com Natanael, proclamando Cristo na Índia. Embora alguns dos ideais de Jesus hajam sido sacrificados na edificação do cristianismo, deveria aqui, com toda a justiça, ficar registrado que, ao final do segundo século, praticamente todas as grandes mentes do mundo greco-romano, passaram a ser cristãs. O triunfo estava próximo de ser completo.

E esse império romano perdurou tempo suficiente para assegurar a sobrevivência do cristianismo, mesmo depois do império entrar em colapso. Mas nós temos conjecturado, freqüentemente, sobre o que teria acontecido a Roma e ao mundo, caso tivesse sido aceito o evangelho do Reino em lugar do cristianismo grego.

4. A IDADE DAS TREVAS NA EUROPA


A igreja, estando subordinada à sociedade e aliada à política, ficava condenada a compartilhar do declínio intelectual e espiritual na chamada “idade das trevas” européia. Nessa época, a religião tornou-se mais e mais monástica, ascética e regulamentada. Num sentido espiritual, o cristianismo estava hibernando. Durante esse período, existiu, junto com essa religião adormecida e secularizada, uma corrente contínua de misticismo, uma experiência espiritual fantástica que beirou à irrealidade e que, filosoficamente, foi semelhante ao panteísmo.

Nesses séculos de trevas e de desespero, de novo a religião passou a ser algo de segunda mão. O indivíduo se encontrava quase perdido diante da autoridade super-ofuscante da tradição e do ditatorialismo da igreja. Uma nova ameaça espiritual surgiu na criação de uma galáxia de “santos”, os quais, se presumia, exerciam especial influência nas cortes divinas, e que, por isso, se se apelasse eficazmente para eles, seriam capazes de interceder pelo homem perante os Deuses.

Mas a cristandade estava tão suficientemente socializada e paganizada que, conquanto fosse impotente para frustrar a vinda da idade das trevas, encontrava-se mais bem preparada para sobreviver a esse período prolongado de trevas morais e de estagnação espiritual. E o cristianismo perdurou durante a longa noite da civilização ocidental e funcionou ainda como uma influência moral no mundo quando do alvorecer da renascença. A reabilitação do cristianismo, depois de passar pela idade das trevas, resultou na vinda à existência de numerosas seitas de ensinamentos cristãos, as crenças adequando-se aos tipos especiais – o intelectual, o emocional e o espiritual – de personalidades humanas. E muitos desses grupos especiais de cristãos, ou de famílias religiosas, ainda persistiam à época em que se fazia a apresentação deste documento.

O cristianismo traz em si a história de ter-se originado numa transformação não intencional, da religião de Jesus, em uma religião sobre Jesus. E ainda apresenta a história de haver experimentado a helenização, a paganização, a secularização, a institucionalização, a deterioração intelectual, a decadência espiritual, a hibernação moral, a ameaça de extinção, o rejuvenescimento posterior, a fragmentação e, mais recentemente, uma relativa reabilitação. Essa genealogia indica a vitalidade inerente e a posse de vastos recursos de recuperação. E esse mesmo cristianismo está agora presente no mundo civilizado de povos do mundo ocidental e tem à frente uma luta pela existência que é ainda menos auspiciosa do que aquelas crises acidentadas que caracterizaram as suas batalhas passadas para alcançar o predomínio.

A religião confronta-se agora com o desafio de um novo tempo de mentes científicas e de tendências materialistas. Nessa luta gigantesca entre o secular e o espiritual, a religião de Jesus finalmente irá triunfar.

5. OS PROBLEMAS MODERNOS


O século vinte trouxe ao cristianismo, e a todas as outras religiões, novos problemas a serem resolvidos. Quanto mais alto ascende uma civilização, mais premente torna-se o dever de “primeiro buscar as realidades do céu” em todos os esforços do homem para estabilizar a sociedade e facilitar a solução dos seus problemas materiais.
A verdade, muitas vezes, torna-se confusa e até enganosa, quando é desmembrada, fracionada, isolada e demasiadamente analisada. A verdade viva ensina, ao buscador da verdade, corretamente, apenas quando ela é abraçada em plenitude e como uma realidade espiritual viva, não como um fato dentro de uma ciência material, nem como uma inspiração de uma arte intermediária.

A religião é a revelação ao homem do seu destino eterno e divino. A religião é uma experiência puramente pessoal e espiritual e deve ser, sempre, diferenciada de outras formas elevadas de pensamento, tais como:

1. A atitude lógica do homem para com as coisas da realidade material.
2. A apreciação estética que o homem tem da beleza, em contraste com a fealdade.
3. O reconhecimento ético que o homem tem das obrigações sociais e do dever político.
4. Mesmo o senso de moralidade humana, em si e por si próprio, não é religioso.

A religião está destinada a encontrar aqueles valores no universo que exigem fé, confiança e certeza; a religião culmina na adoração. A religião descobre, para a alma, os valores supremos que estão em contraposição aos valores relativos descobertos pela mente. Um tal discernimento interior supra-humano só pode ser alcançado por meio da experiência religiosa verdadeira.

Não se pode sustentar um sistema social duradouro, sem uma moralidade baseada em realidades espirituais, assim como não se poderia sustentar o sistema solar sem a gravidade.
Não tenteis satisfazer a curiosidade, nem gratificar todos os desejos latentes de aventura que surgem na alma, em uma curta vida na carne. Sede pacientes! Não vos deixeis ceder à tentação de lançar-vos em um mergulho desregrado em aventuras baratas e sórdidas. Domai as vossas energias e refreai as vossas paixões; sede calmos enquanto aguardais o desdobrar majestático de uma carreira interminável de aventuras progressivas e de descobertas emocionantes.

Na confusão sobre a origem do homem, não percais de vista o seu destino eterno. Não vos esqueçais de que Jesus amou até mesmo às crianças pequenas, e de que, para sempre, ele deixou claro o grande valor da personalidade humana.

Ao observardes o mundo, lembrai-vos de que as manchas negras do mal, que podeis ver, se destacam sobre o fundo branco do bem último. Vós não vedes meramente manchas brancas do bem, mostrando-se miseravelmente sobre o fundo negro do mal.
Quando há tantas verdades, e tão boas, a se fazerem públicas e proclamadas, por que deveriam os homens insistir tanto no mal do mundo, só porque ele parece ser um fato? As belezas dos valores espirituais da verdade geram mais prazer e são mais enaltecedoras do que o fenômeno do mal.

Na religião, Jesus defendeu e seguiu o método da experiência, do mesmo modo que a ciência moderna busca a técnica pela experimentação. Nós encontramos Deus por meio dos guiamentos do discernimento espiritual interior, mas nós nos aproximamos desse discernimento da alma por meio do amor pelo belo, da busca da verdade, da lealdade ao dever e da adoração à bondade divina. Mas de todos esses valores, o amor é o guia verdadeiro para o discernimento autêntico.

6. O MATERIALISMO

Involuntariamente, os cientistas fizeram a humanidade precipitar em um pânico materialista; eles deram início a uma corrida irrefletida ao banco moral dos tempos, mas esse banco de experiência humana tem vastos recursos espirituais; ele pode suportar as demandas que lhe estão sendo feitas. Apenas os homens impensados entram em pânico com os ativos espirituais da raça humana. Quando o pânico materialista-secular houver chegado ao fim, a religião de Jesus não terá ido à bancarrota. O banco espiritual do Reino do céu estará pagando, com fé, esperança e certeza moral, a todos aqueles que recorrerem a ele “em Seu nome”.

Não importa quais possam ser os conflitos aparentes entre o materialismo e os ensinamentos de Jesus, podeis permanecer seguros de que, nas idades que virão, os ensinamentos do Mestre triunfarão completamente. Na realidade, a verdadeira religião não irá envolver-se em nenhuma controvérsia com a ciência, pois não se ocupa em absoluto com as coisas materiais. Para a religião a ciência é simplesmente indiferente, apesar de ter uma simpatia por ela, enquanto se preocupa supremamente com o cientista.

A busca do conhecimento meramente, sem a interpretação da sabedoria que o acompanha e sem o discernimento interior espiritual da experiência religiosa, finalmente leva ao pessimismo e ao desespero humano. Uma dose de conhecimento, se pequena, pode ser algo verdadeiramente desconcertante.

Na época em que estes documentos foram escritos, o pior da era materialista já havia chegado ao fim; o dia de uma melhor compreensão já está no seu alvorecer. As mentes mais elevadas do mundo científico não são mais totalmente materialistas na sua filosofia, e o grosso e comum do povo ainda inclina-se nessa direção em conseqüência de ensinamentos anteriores. Mas essa idade de realismo físico é apenas um episódio passageiro na vida do homem sobre a Terra. A ciência moderna deixou a verdadeira religião – os ensinamentos de Jesus, como traduzidos nas vidas dos seus crentes – intocados. Tudo o que a ciência fez foi destruir as ilusões infantis das falsas interpretações da vida.

A ciência é uma experiência quantitativa, a religião é uma experiência qualitativa, no que concerne à vida do homem na Terra. A ciência lida com os fenômenos; a religião, com as origens, os valores e as metas. Designar causas como explicação de fenômenos físicos é confessar ignorância das ultimidades e, ao fim, apenas leva o cientista diretamente de volta à primeira grande causa – o Pai Universal do Paraíso.

A passagem violenta, de uma era de milagres para uma idade de máquinas, revelou-se como sendo de todo desconcertante para o homem. A engenhosidade e a habilidade das falsas filosofias do mecanismo desmentem as pretensões puramente mecanicistas. A agilidade fatalista da mente de um materialista contradiz, para sempre, as suas afirmações de que o universo é um fenômeno energético cego e sem propósito.

O naturalismo mecanicista de alguns homens, supostamente instruídos, e o secularismo impensado, do homem nas ruas, estão ambos ocupados exclusivamente com as coisas; eles estão desprovidos de todos os valores reais, das recompensas e das satisfações de uma natureza espiritual, assim como estão despojados de fé, esperança e certezas eternas. Um dos grandes problemas da vida moderna é que o homem pensa que ele é ocupado demais para encontrar tempo para a meditação espiritual e para a devoção religiosa.

O materialismo reduz o homem a um autômato sem alma e faz dele um mero símbolo aritmético, incluído, sem ter poder, na fórmula matemática de um universo pouco romântico e muito mecânico. Mas de onde provém todo esse vasto universo de matemáticas, sem um Mestre Matemático? A ciência pode discorrer sobre a conservação da matéria, mas a religião torna válida a conservação das almas humanas – e preocupa-se com a experiência delas ligada às realidades espirituais e valores eternos.

O sociólogo materialista de hoje observa uma comunidade, faz um relatório sobre ela e deixa o povo como ele o encontrou. Há dezenove séculos, alguns galileus pouco instruídos observaram Jesus dando a sua vida, como uma contribuição espiritual para a experiência interior do homem, e então eles saíram da Galiléia e viraram todo o império romano de cabeça para baixo.

Os líderes religiosos, contudo, estão cometendo um grande erro ao tentarem convocar o homem moderno para a batalha espiritual, com um soar medieval de trombetas. A religião deve prover-se de lemas novos e atuais. Nem a democracia, nem qualquer outra panacéia política, tomará o lugar do progresso espiritual. As religiões falsas podem representar uma fuga da realidade mas, com o seu evangelho, Jesus conduziu o homem mortal à entrada de uma realidade eterna de progresso espiritual.

Dizer que a mente “surgiu” da matéria nada explica. Se o universo fosse apenas um mecanismo e a mente uma parte da matéria, nós nunca teríamos duas interpretações diferentes de qualquer fenômeno observado. Os conceitos da verdade, da beleza e da bondade não são inerentes, seja à física seja à química. Uma máquina não pode conhecer, e muito menos conhecer a verdade, ter fome de retidão ou valorizar a bondade.

A ciência pode ser física, mas a mente do cientista que discerne a verdade é de todo supramaterial. A matéria não conhece a verdade, nem pode amar a misericórdia nem se comprazer com as verdades espirituais. As convicções morais baseadas no esclarecimento espiritual, e com raízes na experiência humana, são tão reais e certas quanto as deduções matemáticas baseadas nas observações físicas, mas em um nível diferente, mais elevado.

Se os homens não passassem de máquinas, eles reagiriam mais ou menos uniformemente a um universo material. Não existiria a individualidade, e muito menos a personalidade.

A existência do mecanismo absoluto do Paraíso, no centro do universo dos universos, na presença da volição inqualificável da Segunda Fonte e Centro, torna para sempre certo que as causas determinantes não sejam a lei exclusiva do cosmo.
O materialismo existe, mas ele não é exclusivo; o mecanismo existe, mas ele não é inqualificável nem irrestrito; o determinismo existe, mas ele não está só.

O universo finito da matéria tornar-se-ia finalmente uniforme e determinista, não fosse a presença combinada da mente e do espírito. A influência da mente cósmica injeta constantemente a própria espontaneidade nos mundos materiais.
A liberdade, ou a iniciativa, em qualquer reino da existência, é diretamente proporcional ao grau de influência espiritual e de controle da mente-cósmica; e isto é, na experiência humana, o grau de realidade com que vós fazeis a “vontade do Pai”. E assim, uma vez que vós começais a encontrar Deus, esta é a prova conclusiva de que Deus já vos encontrou.

A busca sincera da bondade, da beleza e da verdade conduz a Deus. E cada descoberta científica demonstra a existência tanto da liberdade, quanto da uniformidade no universo. O descobridor estava livre para fazer a descoberta. A coisa descoberta é real e aparentemente uniforme, ou então não poderia ter-se tornado conhecida como uma coisa.

7. A VULNERABILIDADE DO MATERIALISMO

Quão tolo é, para o homem de mente material, permitir que teorias vulneráveis, como as de um universo mecanicista, privem-no dos recursos espirituais vastos da experiência pessoal da verdadeira religião. Os fatos nunca contradizem a fé espiritual real; as teorias sim, podem contradizer. Melhor seria se a ciência ficasse devotada à destruição da superstição, em vez de ficar tentando arruinar a fé religiosa – a crença humana nas realidades espirituais e nos valores divinos.

A ciência deveria fazer materialmente, pelo homem, o que a religião faz por ele, espiritualmente: ampliar o horizonte da vida e tornar a sua personalidade mais abrangente. A verdadeira ciência não pode manter uma disputa duradoura com a religião verdadeira. O “método científico” é meramente um padrão intelectual de avaliação, com o qual se medem as aventuras materiais e as realizações físicas. Mas, como é material e totalmente intelectual, ele passa a ser inteiramente inútil na avaliação das realidades espirituais e das experiências religiosas.

A incoerência do mecanicista moderno é tal que: se o universo fosse meramente material e o homem apenas uma máquina, o homem seria completamente incapaz de se reconhecer como tal e, do mesmo modo, esse homem-máquina seria totalmente inconsciente do fato da existência de um tal universo material. O desalento e o desespero materialista da ciência mecanicista fracassou por não reconhecer o fato de que a mente do cientista é residida por um espírito, e, que é, o discernimento supramaterial, mesmo, dessa mente, que está a formular tal conceito errôneo e auto-contraditório de um universo materialista.

Os valores do Paraíso, de eternidade e de infinitude, de verdade, de beleza e bondade, estão ocultos dentro dos fatos dos fenômenos dos universos do tempo e do espaço. Mas é necessário o olho da fé, ao mortal nascido do espírito, para detectar e discernir esses valores espirituais.
As realidades e os valores do progresso espiritual não são uma “projeção psicológica” – um mero sonho diurno glorificado da mente material. Tais coisas são antecipações espirituais do Ajustador residente, o espírito de Deus vivendo na mente do homem. E que as vossas incursões, fraca e confusamente visualizadas adentro da teoria da “relatividade”, não perturbem os vossos conceitos da eternidade e da infinitude de Deus. E, todas as vezes que fordes solicitados a respeito da necessidade da vossa auto-expressão, não cometais o erro de omitir a expressão do Ajustador, a manifestação do vosso eu melhor e mais real.

Se esse fosse um universo apenas material, o homem material nunca seria capaz de alcançar o conceito do caráter mecanicista de uma existência, assim tão exclusivamente material. Esse conceito mecanicista do universo é, em si mesmo um fenômeno não material da mente, e toda a mente é de origem não material; não importando quão radicalmente ela possa parecer ser condicionada materialmente e controlada mecanicamente.
O mecanismo mental parcialmente evoluído, do homem mortal, não é superdotado de consistência e sabedoria. A vaidade do homem freqüentemente ultrapassa a sua razão e ilude a sua lógica.

O próprio pessimismo do materialista mais pessimista é, em si e por si próprio, prova suficiente de que o universo do pessimista não é totalmente material. O otimismo e o pessimismo são, ambos, reações conceituais em uma mente consciente dos valores, tanto quanto dos fatos. Se o universo fosse verdadeiramente o que o materialista considera que ele seja, o homem, como máquina humana, seria então desprovido de todo o reconhecimento consciente daquele fato mesmo. Sem a consciência do conceito de valor, dentro da mente nascida do espírito, o homem não poderia reconhecer de nenhuma maneira o fato do materialismo do universo, e os fenômenos mecanicistas da operação do universo. Uma máquina não pode ser consciente da natureza ou do valor de uma outra máquina.

Uma filosofia mecanicista da vida e do universo não pode ser científica, porque a ciência reconhece apenas as coisas materiais e os fatos, lidando apenas com eles. A filosofia é, inevitavelmente, supracientífica. O homem é um fato material da natureza, mas a sua vida é um fenômeno que transcende os níveis materiais da natureza, pois ela tem os atributos de controle da mente e as qualidades criativas do espírito.
O esforço sincero do homem para transformar-se em um mecanicista representa o fenômeno trágico do esforço fútil daquele homem para cometer o suicídio intelectual e moral. Mas ele não o pode fazer.

Se o universo fosse apenas material e se o homem fosse apenas uma máquina, não haveria a ciência para encorajar o cientista a postular essa mecanização do universo. Máquinas não podem medir, classificar, nem avaliar a si próprias. Uma tal obra do trabalho da ciência poderia apenas ser executada por alguma entidade que tenha um status supramaquinal.
Se a realidade do universo é ser apenas uma imensa máquina, então o homem deve estar do lado de fora do universo e separado dele, pois só assim o homem pode reconhecer tal fato e tornar-se consciente e dono de um discernimento de uma tal avaliação.

Se o homem é apenas uma máquina, por meio de qual técnica é que ele chega a acreditar ou a proclamar saber que ele próprio é apenas uma máquina? A experiência de uma avaliação autoconsciente, do próprio eu, nunca é um atributo de uma mera máquina. Um mecanicista autoconsciente e reconhecido é a melhor resposta possível ao mecanicismo. Se o materialismo fosse um fato, não poderia haver nenhum mecanicista autoconsciente. E também é verdade que antes de cometer atos imorais alguém deve ser primeiro uma pessoa moral.

A própria pretensão do materialismo implica uma consciência supramaterial da mente, e que presuma afirmar tais dogmas. Um mecanismo poderia deteriorar-se, mas nunca progredir. Máquinas não pensam, criam, sonham, aspiram, idealizam, anseiam pela verdade, nem têm sede de retidão. Elas não motivam as suas vidas com a paixão de servir a outras máquinas, nem de escolher como meta própria de progresso eterno a tarefa sublime de encontrar Deus e de esforçar-se para ser igual a Ele. Máquinas nunca tomam posições intelectuais, emocionais, estéticas, éticas, morais ou espirituais.

A arte prova que o homem não é mecanístico, mas não prova que ele é espiritualmente imortal. A arte é a morôncia do mortal, o domínio intermediário entre o homem, o ser material, e o homem, o ser espiritual. A poesia é um esforço para escapar-se das realidades materiais e aproximar-se dos valores espirituais.

Numa civilização evoluída, a arte humaniza a ciência, enquanto, por sua vez, ela é espiritualizada pela religião verdadeira – o discernimento dos valores espirituais e eternos. A arte representa a avaliação humana e tempo-espacial da realidade. A religião é o abraço divino dos valores cósmicos e denota progresso eterno na ascensão e na expansão espiritual. A arte do tempo é perigosa apenas quando se torna cega para os padrões espirituais dos arquétipos divinos que a eternidade reflete como sombras da realidade do tempo. A arte verdadeira é a manipulação eficiente das coisas materiais da vida; a religião é a transformação enobrecedora dos fatos materiais da vida, e nunca cessa na sua avaliação espiritual da arte.
Quão tolo é presumir que um autômato poderia conceber uma filosofia do automatismo, e quão ridículo seria supor que pudesse presumir formar o conceito de outros autômatos companheiros e irmãos!

Qualquer interpretação científica do universo material torna-se sem valor, a menos que venha do devido reconhecimento ao cientista. Nenhuma apreciação da arte será genuína a menos que seja acompanhada do reconhecimento do artista. Nenhuma avaliação da moral vale a pena, a menos que inclua o moralista. Nenhum reconhecimento da filosofia será edificante, se ignorar o filósofo, e a religião não pode existir sem a experiência real do religioso que, nessa e por meio dessa mesma experiência, está buscando encontrar Deus e conhecê-lo. Do mesmo modo, o universo dos universos fica sem significado se separado do EU SOU, o Deus infinito que o fez e que continuamente o administra.

Os mecanicistas – humanistas – tendem a se alienar, junto com as correntes materiais. Os idealistas e os espiritualistas ousam usar os seus remos com inteligência e vigor para, aparentemente, modificar o curso puramente material das correntes da energia.
A ciência vive por meio das matemáticas da mente; a música expressa o bater do tempo das emoções. A religião é o ritmo espiritual da alma, em harmonia tempo-espacial com as medidas melódicas mais elevadas e eternas da Infinitude. A experiência religiosa é algo na vida humana que é verdadeiramente supramatemático.

Para a linguagem, um alfabeto representa o mecanismo do materialismo, enquanto as palavras que exprimem os significados de mil pensamentos, grandes idéias e ideais nobres – de amor e ódio, de covardia e coragem –, representam as atuações da mente, dentro do escopo definido tanto pela lei material, quanto pela espiritual, dirigido pela afirmação da vontade da personalidade e limitado pelo dom inerente à situação.

O universo não é como as leis, mecanismos e constantes de uniformidades que o cientista descobre e que acaba por considerar como sendo ciência. O universo é mais como um cientista curioso, pensador, que escolhe, que é criativo e que combina e discrimina e que, assim, observa os fenômenos do universo e classifica os fatos matemáticos inerentes às fases mecanicistas do lado material da criação. O universo não é, também, como a arte do artista; mas é mais como o artista que pesquisa, sonha, aspira e avança e que busca transcender o mundo das coisas materiais, em um esforço para alcançar uma meta espiritual.

O cientista, não a ciência, percebe a realidade de um universo de energia e de matéria, que evolui e que avança. O artista, não a arte, demonstra a existência do mundo transitório moroncial, que se interpõe entre a existência material e a liberdade espiritual. O religioso, não a religião, comprova a existência das realidades do espírito e os valores divinos que devem ser encontrados ao longo do progresso para a eternidade.

8. O TOTALITARISMO SECULAR


Mesmo depois de estarem, o materialismo e o mecanicismo, mais ou menos superados, a influência devastadora do secularismo, do século vinte, contudo, ainda estará frustrando a experiência espiritual de milhões de almas desprecavidas.

O secularismo moderno tem sido fomentado por duas influências mundiais. O pai do secularismo foi a estreiteza e o afastamento de Deus, da chamada ciência do século dezenove e do século vinte – a ciência ateísta. A mãe do secularismo moderno foi a igreja cristã medieval totalitarista. O secularismo teve o seu início como um protesto que surgiu contra o domínio quase completo da igreja cristã institucionalizada, sobre a civilização ocidental.

Na época desta revelação, o clima intelectual e filosófico predominante, tanto na vida européia como na vida americana, é decididamente secular – humanista. Durante trezentos anos, o pensamento ocidental vem se mostrando progressivamente mais secularizado e leigo. A religião tornou-se uma influência cada vez mais apenas só de nome, um exercício muito mais de ritual. A maioria daqueles que se professam cristãos, na civilização ocidental, na verdade são inconscientemente leigos ou secularizados.

Foi necessária uma grande força, uma influência poderosa, para libertar o pensamento e o viver, dos povos ocidentais, da garra paralisadora de uma dominação totalitária eclesiástica. O secularismo rompeu com os grilhões do controle da igreja e, agora, por sua vez, ele ameaça estabelecer um tipo novo e sem Deus de domínio sobre os corações e mentes do homem moderno. Um estado político tirânico e ditatorial é a herança direta do materialismo científico e do secularismo filosófico. Assim que o secularismo liberta o homem da dominação da igreja institucionalizada, ele vende o homem para a servidão escrava do estado totalitarista. O secularismo liberta o homem da escravidão eclesiástica apenas para traí-lo, entregando-o à tirania da escravidão política e econômica.

O materialismo nega a Deus, o secularismo simplesmente O ignora; ao menos essa foi a atitude inicial. Mais recentemente, o secularismo comprometeu-se numa atitude mais militante, assumindo tomar o lugar da religião de cuja servidão totalitarista ele fugiu certa vez. O secularismo do século vinte tende a afirmar que o homem não precisa de Deus. Mas tomai cuidado! Essa filosofia, sem Deus, da sociedade humana levará apenas à intranqüilidade, à animosidade, à infelicidade, à guerra e a um desastre mundial.

O secularismo nunca poderá trazer a paz à humanidade. Nada pode tomar o lugar de Deus na sociedade humana. Mas prestai bastante atenção! Não vos apresseis em abandonar os benefícios da revolta secular contra o totalitarismo eclesiástico. A civilização ocidental desfruta hoje de muitas liberdades e satisfações, resultadas na revolta secular. O grande erro do secularismo foi que, ao revoltar-se contra o controle, quase total, da autoridade religiosa sobre a vida, e depois de alcançar a libertação dessa tirania eclesiástica, os secularistas passaram a instituir uma revolta contra o próprio Deus, algumas vezes tacitamente, abertamente em outras.
À revolta secularista vós deveis a criatividade espantosa do industrialismo norte-americano e o progresso material sem precedentes da civilização ocidental. E, porque a revolta secularista foi muito longe e perdeu de vista a verdadeira religião e a Deus, seguiram-se também uma colheita inesperada de guerras mundiais e uma falta de estabilidade internacional.

Não é necessário que se sacrifique a fé em Deus para que se possa desfrutar das bênçãos da revolta secularista moderna: a tolerância, o serviço social, o governo democrático e as liberdades civis. Não foi necessário aos secularistas antagonizar a verdadeira religião para promover a ciência e para avançar com a educação.

Contudo, o secularismo não é o único progenitor de todos esses ganhos recentes na ampliação da vida. Por detrás dos ganhos do século vinte não estão apenas a ciência e o secularismo, mas também os trabalhos espirituais, não reconhecidos nem considerados, da vida e dos ensinamentos de Jesus de Nazaré.

Sem Deus, sem religião, o secularismo científico não pode nunca coordenar as suas forças, harmonizar os seus interesses, as suas raças e os seus nacionalismos, divergentes e competitivos. Essa sociedade humana secularista, não obstante os seus feitos materialistas sem paralelos, está desintegrando-se vagarosamente. A força coesiva principal a resistir a essa desintegração, de antagonismos, é o nacionalismo. E o nacionalismo é a maior barreira para a paz mundial.

A fraqueza inerente ao secularismo é que ele se descarta da ética e da religião, a troco de política e de poder. Vós simplesmente não podeis estabelecer a irmandade dos homens se ignorardes ou se negardes a paternidade de Deus.

O otimismo secular social e político é uma ilusão. Sem Deus, nem a independência, nem a liberdade, nem a propriedade, nem a riqueza conduzirão à paz.
A secularização completa da ciência, da educação, da indústria e da sociedade pode conduzir apenas ao desastre. No primeiro terço do século vinte, os urantianos mataram mais seres humanos do que os que foram mortos durante toda a dispensação cristã até aquela época. E isso é apenas o começo da pavorosa ceifa do materialismo e do secularismo; destruições ainda mais terríveis ainda estão para vir.

9. O PROBLEMA DO CRISTIANISMO


Não negligencieis o valor da vossa herança espiritual, o rio da verdade correndo pelos séculos, mesmo pelos tempos estéreis de uma idade materialista e secular. Em todos os vossos esforços condignos para livrar-vos das crenças supersticiosas das idades passadas, certificai-vos de que conservais a verdade eterna. Mas sede pacientes! Quando a revolta atual, da superstição, estiver terminada, as verdades do evangelho de Jesus persistirão gloriosamente, iluminando um caminho novo e melhor.

Mas o cristianismo paganizado e socializado permanece na necessidade de um novo contato com os ensinamentos reais de Jesus, não comprometidos por concessões; pois ele definha na falta de uma nova visão da vida do Mestre na Terra. Uma revelação nova e mais plena da religião de Jesus está destinada a vencer num império de secularismo materialista e a derrotar uma corrente mundial de naturalismo mecanicista. Urântia está agora agitada e à beira de uma das suas épocas mais assombrosas e encantadoras de reajustamento social, de estimulação moral e de iluminação espiritual.

Os ensinamentos de Jesus, ainda que grandemente modificados, sobreviveram aos cultos dos mistérios da sua época natal, à ignorância e à superstição da idade medieval das trevas, e estão, ainda agora, triunfando lentamente sobre o materialismo, o mecanicismo e o secularismo do século vinte. E esses tempos de grandes provações, e de ameaças de derrotas, são sempre tempos de grandes revelações.

A religião necessita de novos líderes, de homens e mulheres espirituais, que ousarão depender apenas de Jesus e dos seus ensinamentos incomparáveis. Se o cristianismo persistir em negligenciar a sua missão espiritual e continuar a ocupar-se de problemas sociais e materiais, o renascimento espiritual deve esperar a vinda desses novos instrutores da religião de Jesus, que irão devotar-se exclusivamente à regeneração espiritual dos homens. E, então, essas almas nascidas do espírito irão rapidamente preencher os quesitos de liderança e de inspiração, para a reorganização social, moral, econômica e política do mundo.

A idade moderna recusar-se-á a aceitar uma religião que seja inconsistente com os fatos e fora de harmonia com as suas concepções mais elevadas da verdade, da beleza e da bondade. É chegada a hora de uma redescoberta dos fundamentos verdadeiros e originais do cristianismo atual, distorcido por concessões – a vida verdadeira e os ensinamentos de Jesus.

O homem primitivo viveu uma vida de servidão supersticiosa ao medo religioso. O homem moderno, civilizado, tem pavor do pensamento de cair no domínio de fortes convicções religiosas. O homem pensante tem sempre temido estar aprisionado a uma religião. Quando uma religião forte e atuante ameaça dominá-lo, ele invariavelmente tenta racionalizá-la, tradicionalizá-la e institucionalizá-la, esperando com isso ter o controle dela. Com esse procedimento, até mesmo uma religião revelada torna-se feita pelo homem e dominada pelo homem. As mulheres e os homens modernos, de inteligência, fogem da religião de Jesus, por causa do medo que têm do que ela fará a eles – e com eles. E todos esses medos são bem fundados. A religião de Jesus de fato domina e transforma os seus crentes, exigindo que os homens dediquem as suas vidas a buscar um conhecimento do que é a vontade do Pai no céu, exigindo que as energias da vida sejam consagradas ao serviço altruísta da irmandade dos homens.

Os homens e as mulheres egoístas simplesmente não pagarão esse preço, nem mesmo pelo maior tesouro espiritual jamais oferecido ao homem mortal. Só quando o homem se houver tornado desiludido o bastante, por desapontamentos tristes que acompanham as buscas tolas e decepcionantes do egoísmo, e depois da descoberta da esterilidade da religião formalizada, é que ele dispor-se-á a voltar-se, de todo o coração, para o evangelho do Reino, a religião de Jesus de Nazaré.

O mundo necessita mais de uma religião de primeira mão. Mesmo o cristianismo – a melhor das religiões do século vinte – não é apenas uma religião sobre Jesus, mas é amplamente uma religião na qual os homens experimentam coisas por intermédio de outras pessoas. Eles tomam a sua religião totalmente como é passada pelos instrutores religiosos consagrados. Que despertar experimentaria o mundo, se pudesse tão somente ver Jesus como ele realmente viveu na Terra, e conhecer, de primeira mão, os ensinamentos dados pela sua própria vida! As palavras que descrevem as coisas belas não conseguem emocionar como as próprias coisas, nem podem as palavras de um credo inspirar as almas dos homens, como o pode a experiência de conhecer a presença de Deus. Mas a fé atenta sempre manterá a porta da esperança da alma do homem aberta para a entrada das realidades espirituais eternas dos valores divinos dos mundos além deste.

A cristandade tem ousado rebaixar o nível dos seus ideais diante do desafio da usura humana, da loucura das guerras e do desejo ardente de poder; mas a religião de Jesus permanece sendo a convocação espiritual imaculada e transcendente, apelando para o que há de melhor no homem, para que ele se eleve acima de todos esses legados de evolução animal e, por meio da graça, para que alcance as alturas morais do verdadeiro destino humano.

O cristianismo está ameaçado de morte lenta, pelo formalismo, pela super-organização, pelo intelectualismo e por outras tendências não espirituais. A moderna igreja cristã não é aquela irmandade de crentes dinâmicos à qual Jesus encarregou continuadamente com a missão de efetuar a transformação espiritual das gerações sucessivas da humanidade.

O chamado cristianismo tornou-se um movimento social e cultural, tanto quanto uma crença e uma prática religiosa. As correntes do cristianismo moderno drenam muitos antigos pântanos pagãos e muitos marasmos bárbaros; muitas bacias culturais antigas vertem as suas águas nessa corrente cultural de hoje, bem como os mananciais dos altos platôs galileus os quais se supõe que sejam a sua fonte exclusiva.

10. O FUTURO


O cristianismo de fato prestou um grande serviço a este mundo, mas agora é Jesus que se faz mais necessário. O mundo necessita ver Jesus vivendo novamente na Terra, na experiência de mortais nascidos do espírito e que efetivamente revelem o Mestre a todos os homens. É inútil falar de um renascimento da primitiva cristandade; vós deveis seguir para frente, partindo de onde estais. A cultura moderna deve tornar-se espiritualmente batizada com uma nova revelação da vida de Jesus e iluminada por um novo entendimento do seu evangelho de salvação eterna. E quando Jesus tornar-se elevado assim, ele atrairá todos os homens para si. Os discípulos de Jesus, mais do que conquistadores, deveriam ser fontes transbordantes de inspiração e de vida elevada para todos os homens. A religião é apenas um humanismo elevado, até que seja tornado divino pela descoberta da realidade da presença de Deus, na experiência pessoal.

A beleza e a sublimidade, a humanidade e a divindade, a simplicidade, a singularidade e a unicidade da vida de Jesus na Terra apresentam um quadro tão impressionante e tão atraente de salvação do homem e de revelação de Deus, que os teólogos e os filósofos de todos os tempos deveriam ficar efetivamente impedidos de ousar formar credos ou de criar sistemas teológicos de servidão espiritual a partir dessa auto-outorga transcendental de Deus, na forma do homem. Em Jesus, o universo produziu um homem mortal em quem o espírito do amor triunfou sobre as limitações materiais do tempo e suplantou o fato da origem física.

Tende sempre em mente que Deus e os homens necessitam uns dos outros. Eles são mutuamente necessários para a realização plena e final da experiência eterna da personalidade, no destino divino da finalidade do universo.
“O Reino de Deus está dentro de vós” foi provavelmente a maior afirmação que Jesus fez, junto com a declaração de que o seu Pai é um espírito vivo cheio de amor.

Ao conquistar almas para o Mestre, não é a primeira légua, a da obrigação, do dever ou da convenção, que irá transformar o homem e o seu mundo, mas é mais a segunda légua, a de serviço livre, de devoção e amor à liberdade, a que representa o esforço semelhante ao de Jesus, para alcançar o irmão no amor e para colocá-lo sob a guia espiritual, na direção da meta divina mais elevada da existência mortal. O cristianismo, ainda hoje, percorre, com disposição, a primeira légua; mas a humanidade definha e tropeça nas trevas morais, porque há tão poucos homens fazendo a segunda légua – tão poucos seguidores professos de Jesus e que realmente vivem e amam, como ele ensinou os seus discípulos a viver, a amar e a servir.

O chamamento à aventura de edificar uma sociedade humana nova e transformada por meio do renascimento espiritual da irmandade, no Reino de Jesus, deveria comover e apaixonar a todos aqueles que crêem nele, de um modo como os homens não se comovem desde os dias em que eles perambulavam pela Terra como companheiros dele na carne.

Nenhum sistema social ou regime político que nega a realidade de Deus pode contribuir de uma forma construtiva e duradoura para o avanço da civilização humana. A cristandade, tal como está hoje subdividida e secularizada, representa o maior de todos os obstáculos ao avanço da humanidade; e isso é verdade, especialmente no que concerne ao Oriente.

O domínio eclesiástico é, agora e sempre, incompatível com aquela fé viva, com o crescimento do espírito e com a experiência original, e de primeira mão, dos camaradas de fé, de Jesus, na irmandade dos homens, na associação espiritual do Reino do céu. O desejo louvável de conservar as tradições das realizações passadas, muitas vezes, leva à defesa de sistemas obsoletos de adoração. O desejo bem-intencionado, de realimentar sistemas antigos de pensamento, efetivamente, impede a promoção eficaz de meios e métodos novos e adequados que satisfaçam os anseios espirituais das mentes que se expandem e que avançam, dos homens modernos. Do mesmo modo, as igrejas cristãs do século vinte permanecem como grandes obstáculos, ainda que totalmente inconscientes, ao avanço imediato do evangelho verdadeiro – os ensinamentos de Jesus de Nazaré.

Muitas pessoas sinceras, que de bom grado ofereceriam a sua lealdade ao Cristo do evangelho, acham bastante difícil sustentar, com entusiasmo, uma igreja que demonstra tão pouco do espírito da vida e dos ensinamentos dele, a qual, lhes foi ensinado erroneamente, que ele teria fundado. Jesus não fundou a chamada igreja cristã, mas, de todos os modos coerentes com a sua natureza, ele fomentou-a como sendo o melhor expoente existente do trabalho da sua vida na Terra.

Se a igreja cristã apenas ousasse esposar o programa do Mestre, milhares de jovens, aparentemente indiferentes, apressar-se-iam a alistar-se em um tal empreendimento espiritual, e eles não hesitariam em ir até o fim nessa grande aventura.
A cristandade se defronta seriamente com a condenação que está incorporada em um dos seus próprios slogans: “Uma casa dividida, contra si própria, não poderá sobreviver”. O mundo não-cristão dificilmente render-se-á a uma cristandade dividida em seitas. O Jesus vivo é a única esperança de uma unificação possível da cristandade. A verdadeira igreja – a fraternidade de Jesus – é invisível, é espiritual e é caracterizada pela unidade, não necessariamente pela uniformidade. A uniformidade seria uma marca, para o mundo físico, de natureza mecanicista. A unidade espiritual é fruto da união de fé com o Jesus vivo. A igreja visível deveria recusar-se a continuar impedindo o progresso da irmandade invisível e espiritual do Reino de Deus. E essa fraternidade está destinada a tornar-se um organismo vivo, ao contrário de uma organização social institucionalizada. Ela pode, muito bem, servir-se dessas organizações sociais, mas não deve ser suplantada por elas.

Apesar de tudo, mesmo o cristianismo do século vinte não deve ser menosprezado. Ele é o produto do gênio moral dos homens sabedores de Deus, de muitas raças, durante muitos séculos, e tem sido verdadeiramente um dos grandes poderes para o bem na Terra e, portanto, nenhum homem deveria considerá-lo superficialmente e sem o devido apreço, não obstante os seus defeitos inerentes e adquiridos. O cristianismo ainda consegue movimentar as mentes dos homens de reflexão, por meio de emoções morais poderosas.

E não há uma desculpa para o envolvimento da igreja no comércio e na política; alianças ímpias como essas são traições flagrantes ao Mestre. E os amantes genuínos da verdade tardarão em esquecer que essa poderosa igreja institucionalizada tem, frequentemente, ousado sufocar fés recém-nascidas e perseguir àqueles que conceberam a verdade e que, na oportunidade, apareceram em vestimentas não-ortodoxas.

Infelizmente, é bem verdade que essa igreja não teria sobrevivido, caso não tivesse havido homens no mundo que preferissem o seu estilo de adoração. Muitas almas, espiritualmente indolentes, têm a necessidade ardente de uma religião antiga e autoritária, de tradição sagrada nos rituais. A evolução humana e o progresso espiritual dificilmente são suficientes para capacitar todos os homens a prescindirem de uma autoridade religiosa. E a fraternidade invisível do Reino pode muito bem incluir esses grupos familiares de várias classes e temperamentos sociais, caso eles estejam dispostos apenas a tornarem-se filhos de Deus, guiados pelo espírito. Mas, nessa fraternidade de Jesus, não há lugar para a rivalidade sectária, para amargas rixas grupais, nem para afirmações de superioridade moral e de infalibilidade espiritual.

Esses vários agrupamentos de cristãos podem servir para acomodar numerosos tipos diferentes de possíveis crentes, entre os vários povos da civilização ocidental, mas essa divisão da cristandade representa uma grande fraqueza, quando ela intenta levar o evangelho de Jesus aos povos orientais. Aquelas raças ainda não compreendem que possa haver uma religião de Jesus separadamente, e de algum modo à parte, do cristianismo, que cada vez mais está tornando-se uma religião a respeito de Jesus.

A grande esperança para Urântia está na possibilidade de uma nova revelação de Jesus, com uma apresentação nova e ampliada da sua mensagem de salvação, que espiritualmente una, no serviço amoroso, as numerosas famílias daqueles que atualmente são os seus professos seguidores.

Mesmo a educação secular poderia ajudar, nesse grande renascimento espiritual, caso desse mais atenção ao trabalho de ensinar aos jovens como efetuar um planejamento de vida e realizar progressos de caráter. O propósito de toda a educação deveria ser fomentar e realizar o propósito supremo da vida, o desenvolvimento de uma personalidade na grandeza e no equilíbrio. Há uma grande necessidade do ensino da disciplina da moral, em lugar de tanta autogratificação. Com essa base, e por meio do seu incentivo espiritual a religião pode contribuir para a ampliação e o enriquecimento da vida mortal, e mesmo para a segurança e o engrandecimento da vida eterna.

O cristianismo é uma religião gerada por adequações extemporâneas, e por isso deve operar em baixa velocidade. As atuações em alta velocidade espiritual devem esperar a nova revelação e uma aceitação mais geral da verdadeira religião de Jesus. O cristianismo, contudo, é uma religião poderosa, visto que os discípulos comuns de um carpinteiro crucificado lançaram os ensinamentos que conquistaram o mundo romano, em trezentos anos, e então triunfaram sobre os bárbaros, que arruinaram Roma. Esse mesmo cristianismo predominou – absorvendo e engrandendo – sobre todas as correntes da teologia hebraica e da filosofia grega. E então, quando essa religião cristã entrou em coma, durante mais de mil anos, em resultado de uma dose excessiva de mistérios e paganismo, ela ressuscitou e virtualmente reconquistou todo o mundo ocidental. O cristianismo contém o suficiente dos ensinamentos de Jesus para imortalizar-se.

Se o cristianismo pudesse abranger mais dos ensinamentos de Jesus, daria uma ajuda bem maior ao homem moderno para resolver os seus problemas novos e cada vez mais complexos.
O cristianismo sofre de uma grande limitação, porque se tornou identificado, nas mentes de todo o mundo, com uma parte do sistema social, da vida industrial e dos padrões morais da civilização ocidental; e assim o cristianismo parece haver patrocinado, involuntariamente, uma sociedade que titubeia sob a culpa de tolerar uma ciência sem idealismo, uma política sem princípios, uma riqueza sem trabalho, um prazer sem restrições, um conhecimento sem caráter, um poder sem consciência e uma indústria sem moralidade.

A esperança, para o cristianismo moderno, é a de que ele possa cessar de apadrinhar os sistemas sociais e as políticas industriais da civilização ocidental e, ao mesmo tempo, a de que ele humildemente se curve diante dessa cruz que ele louva com tanta valentia, e que passe a aprender de novo, de Jesus de Nazaré, sobre as maiores verdades que o homem mortal pôde jamais escutar – o evangelho vivo da paternidade de Deus e da irmandade dos homens.

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