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domingo, 29 de abril de 2012

O CASAMENTO MÍSTICO

O CASAMENTO MÍSTICO


O CASAMENTO MÍSTICO por UnidadeSirianos

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domingo, 22 de abril de 2012

O JURAMENTO E A PROMESSA - A FONTE (VÍDEO)

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SÉRIE: (77)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - A fé de jesus - ULTIMA PARTE

SÉRIE: (77)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - A fé de jesus - ULTIMA PARTE
Esta série foi extraída do Livro de Urântia. Os 77 capítulos, mais de 700 páginas, que ocupam um terço do livro, dão dia a dia, toda a vida de Jesus Cristo desde sua infância. Dão 16 vezes mais informações sobre a vida e os ensinamentos de Jesus do que a Bíblia. É o relato mais espiritual sobre Jesus até hoje escrito.



A FÉ DE JESUS

Jesus possuía uma fé sublime, e de todo o coração, em Deus. Ele experimentou os altos e baixos comuns da existência mortal, mas religiosamente nunca duvidou da certeza da vigilância e do guiamento de Deus. A sua fé era fruto do discernimento nascido da atividade da presença divina do seu Ajustador residente. A sua fé não era nem tradicional nem meramente intelectual; era totalmente pessoal e puramente espiritual.

O Jesus humano via Deus como sendo santo, justo e grande, assim como verdadeiro, belo e bom. Todos esses atributos da divindade, ele os focalizava na sua mente como a “vontade do Pai no céu”. O Deus de Jesus era, ao mesmo tempo, “O Santo de Israel” e “O Pai vivo e amoroso do céu”. O conceito de Deus, como um Pai, não foi original de Jesus, mas ele exaltou e elevou essa idéia como uma experiência sublime, realizando uma nova revelação de Deus e proclamando que todo ser mortal é um filho desse Pai de amor, um filho de Deus.

Jesus não se apegou à fé em Deus como o faria uma alma que se debate em luta contra o universo, ou que se agarra à luta de morte contra um mundo hostil e pecaminoso; ele não recorreu à fé meramente como uma consolação em meio a dificuldades, ou como um conforto em meio à ameaça do desespero; a fé não era apenas uma compensação ilusória para as realidades desagradáveis e os sofrimentos da vida. Ao enfrentar todas as dificuldades naturais e as contradições temporais da existência mortal, ele experimentou a tranquilidade da confiança suprema e inquestionável em Deus e desfrutou a imensa emoção de viver, pela fé, na própria presença do Pai celeste. E essa fé triunfante foi uma experiência viva de realização real do espírito. A grande contribuição de Jesus para os valores da experiência humana não foi haver revelado tantas idéias novas sobre o Pai no céu, mas foi mais por ele haver, tão magnífica e humanamente, demonstrado um tipo novo e mais elevado de fé viva em Deus. Nunca, em todos os mundos deste universo, na vida de qualquer mortal, Deus tornou-se uma tão viva realidade como na experiência humana de Jesus de Nazaré.

Na vida do Mestre, em Urântia, este e todos os outros mundos da criação local descobriram um tipo novo e mais elevado de religião, baseada em relações espirituais pessoais com o Pai Universal e totalmente validada pela autoridade suprema da experiência pessoal genuína. Essa fé viva de Jesus era mais do que uma reflexão intelectual, e não era uma meditação mística.

A teologia pode fixar, formular, definir e dogmatizar a fé, mas, na vida humana de Jesus, a fé era pessoal, viva, original, espontânea e puramente espiritual. Essa fé não era uma reverência à tradição, nem uma mera crença intelectual que ele mantinha como um credo sagrado, mas era mais uma experiência sublime e uma convicção profunda, que o mantinha em segurança. A sua fé era tão real e todo-inclusiva que varreu para longe, absolutamente, quaisquer dúvidas espirituais e destruiu efetivamente todos os desejos conflitantes. Nada foi capaz de afastá-lo de ancorar-se espiritualmente nessa fé fervorosa, sublime e destemida. Mesmo na derrota aparente ou nas fortes dores do desapontamento e do desespero ameaçador, ele permaneceu calmamente na presença divina, livre de medo e totalmente consciente da invencibilidade espiritual. Jesus desfrutou da certeza revigorante da posse de uma fé inflexível e, em cada uma das situações de provação, demonstrou infalivelmente uma lealdade inquestionável à vontade do Pai. E essa fé magnífica não se intimidou, mesmo diante da ameaça cruel e esmagadora de uma morte ignominiosa.

Em um gênio religioso, uma fé espiritual muito forte, com freqüência, leva diretamente ao fanatismo desastroso, ao exagero do ego religioso, mas não aconteceu assim com Jesus. Ele não foi afetado desfavoravelmente, na sua vida prática, pela sua extraordinária fé e pela realização espiritual, porque essa exaltação espiritual era uma expressão totalmente inconsciente e espontânea, na sua alma, da sua experiência pessoal com Deus.

A fé espiritual ardente e indomável de Jesus nunca se tornou fanática, pois nunca chegou a afetar os seus julgamentos intelectuais equilibrados a respeito dos valores correspondentes das situações sociais, econômicas e morais, práticas e comuns da vida. O Filho do Homem foi uma personalidade humana esplendidamente unificada; foi um ser divino perfeitamente dotado; e era também magnificamente coordenado, como combinação de ser humano e divino, funcionando na Terra como uma personalidade única. O Mestre sempre coordenava a fé da alma com o juízo da sabedoria da experiência amadurecida. A fé pessoal, a esperança espiritual e a devoção moral foram sempre correlacionadas em uma unidade religiosa sem par de associação harmoniosa com a compreensão profunda da realidade e da sacralidade de todas as lealdades humanas – a honra pessoal, o amor familiar, a obrigação religiosa, o dever social e a necessidade econômica.

A fé de Jesus visualizou todos os valores do espírito como sendo encontrados no Reino de Deus; e por isso ele disse: “Buscai primeiro o Reino do céu”. Jesus viu, na fraternidade avançada e ideal do Reino, a realização e o cumprimento da “vontade de Deus”. A essência mesma da oração que ele ensinou aos seus discípulos foi: “Que venha a nós o vosso Reino; que a vossa vontade seja feita”. E assim, tendo concebido o Reino como consistindo na vontade de Deus, ele devotou-se à causa da sua realização com um auto-esquecimento espantoso e um entusiasmo incontido. Mas, durante toda a sua intensa missão e na sua vida extraordinária, a fúria do fanático nunca esteve presente, nem a insignificância, de fachada, do egotista religioso.

A vida inteira do Mestre foi condicionada, consistentemente, por essa fé viva, por essa experiência religiosa sublime. Essa atitude espiritual dominou totalmente o seu pensamento e o seu sentimento, a sua crença e a sua oração, o seu ensinamento e a sua pregação. Essa fé pessoal de um filho, na certeza e na segurança do guiamento e da proteção do Pai celeste, conferiu à sua vida única um dom profundo de realidade espiritual. E ainda, a despeito dessa profunda consciência de relação íntima com a divindade, esse galileu, esse Galileu de Deus, quando era chamado de Bom Mestre, imediatamente dizia: “Por que me chamais de bom?” Quando nós nos defrontamos com um auto-esquecimento tão esplêndido, começamos a compreender como o Pai Universal achou possível manifestar, tão plenamente, a Si próprio, nele e revelar-Se por meio dele aos mortais dos reinos.

Jesus levou a Deus, como homem deste reino, a maior de todas as oferendas: a consagração e a dedicação da sua própria vontade ao serviço majestoso de fazer a vontade divina. Jesus sempre interpretou, e de um modo consistente, a religião, nos termos totais da vontade do Pai. Quando estudardes a carreira do Mestre, no que diz respeito à prece ou a qualquer outro aspecto da vida religiosa, não procureis tanto o que ele ensinou, mas deveis procurar o que ele fez. Jesus nunca orou por dever religioso. Para ele, a prece foi uma expressão sincera da atitude espiritual, uma declaração de lealdade da alma, uma demonstração da devoção pessoal, uma expressão da gratidão, um modo de evitar a tensão emocional, uma prevenção para os conflitos, uma exaltação intelectiva, um enobrecimento do desejo, uma demonstração da decisão moral, um enriquecimento do pensamento, um revigoramento das inclinações mais elevadas, uma consagração do impulso, um esclarecimento de pontos de vista, uma declaração de fé, uma rendição transcendental da vontade, uma afirmação sublime de confiança, uma revelação de coragem, uma proclamação da descoberta, uma confissão de devoção suprema, uma validação da consagração, uma técnica de ajustamento das dificuldades e uma mobilização poderosa, dos poderes combinados da alma, para suportar todas as tendências humanas de egoísmo, mal e pecado. Ele viveu exatamente uma vida na prece e na consagração devotada a fazer a vontade do seu Pai e terminou a sua vida de modo triunfante, exatamente com uma dessas orações. O segredo da sua vida religiosa sem par foi essa consciência da presença de Deus; e ele a alcançou por meio da oração inteligente e da adoração sincera – de comunhão ininterrupta com Deus – e não por indicações, vozes, visões, nem por práticas religiosas extraordinárias.

Na vida terrena de Jesus, a religião foi uma experiência viva, um movimento direto e pessoal da reverência espiritual à prática da retidão. A fé de Jesus deu frutos transcendentais do espírito divino. A sua fé não era imatura e crédula como a de uma criança, mas, sob muitos pontos de vista, ela assemelhou-se à confiança, sem suspeitas, da mente infantil. Jesus confiou em Deus, do mesmo modo que uma criança confia em um pai. Ele tinha uma profunda confiança no universo – exatamente a confiança que uma criança tem no ambiente dos seus pais. A fé de Jesus, uma fé de todo o coração, na bondade fundamental do universo, em muito se assemelhou à confiança que a criança tem na segurança no seu meio ambiente terreno. Ele dependeu do Pai celeste, tal uma criança se apóia no seu pai terreno, e a sua fé fervorosa nunca, nem por um momento, duvidou da certeza de que o Pai celeste velava por ele. Ele não se perturbava seriamente com temores, dúvidas e ceticismos. A descrença não inibiu a expressão livre e original da sua vida. Ele combinou a coragem sólida e inteligente de um homem amadurecido, com o otimismo sincero e crente de uma criança confiante. A sua fé cresceu, alcançando um nível tão elevado de confiança que era desprovida de temores.

A fé de Jesus atingiu a pureza da confiança de uma criança. A sua fé fo tão absoluta e desprovida de dúvidas que se fez sensível ao encanto do contato com os companheiros e às maravilhas do universo. O seu senso de dependência do divino foi tão completo e tão confiante, que trouxe a alegria e a certeza de uma segurança pessoal absoluta. Não houve nada de hesitante e simulado na sua experiência religiosa. Nessa inteligência gigantesca de um homem adulto, a fé da criança reinou, suprema, em todas as questões relacionadas à consciência religiosa. Não é estranho que uma vez ele haja dito: “Se não vos tornardes como crianças pequenas, não entrareis no Reino”. Não obstante a fé de Jesus ser como a de uma criança, não era infantil em nenhum sentido.

Jesus não exige que os seus discípulos acreditem nele, mas que eles acreditem junto com ele, que acreditem na realidade do amor de Deus e, com toda a confiança, que aceitem a certeza da segurança da filiação ao Pai celeste. O Mestre deseja que todos os seus seguidores compartilhem totalmente da sua fé transcendente. Jesus, de um modo muito tocante, desafiou os seus seguidores, não apenas a acreditarem naquilo em que ele acreditava, mas também a acreditarem como ele acreditava. Esta é a significação plena da sua única e suprema exigência: “Siga-me”.

A vida terrena de Jesus foi devotada a um grande propósito – fazer a vontade do Pai, viver a vida humana, religiosamente e pela fé. A fé de Jesus foi confiante como a de uma criança, mas sem a menor presunção. Ele tomou decisões firmes e viris, enfrentou corajosamente múltiplas decepções, suplantou com resolução dificuldades extraordinárias e cumpriu inabalavelmente os rudes requisitos do dever. Foi necessária uma vontade forte e uma confiança firme para acreditar no que Jesus acreditava, e como ele acreditava.

1. JESUS – O HOMEM

A devoção de Jesus à vontade do Pai, e ao serviço do homem, representou mais do que a decisão mortal e a determinação humana; foi uma consagração, de todo o seu coração, à outorga de um amor sem reservas. Não importa quão grande seja o fato da soberania de Michael, vós não deveis privar os homens do Jesus humano. O Mestre ascendeu ao alto como um homem, tanto quanto um Deus; ele pertence aos homens; e os homens pertencem a ele. Que pena que a própria religião fosse ser tão mal interpretada a ponto de esconder dos mortais atribulados o Jesus humano! Que as discussões sobre a humanidade ou sobre a divindade do Cristo não obscureçam a verdade salvadora de que Jesus de Nazaré foi um homem religioso que, pela fé, chegou a conhecer e a fazer a vontade de Deus; ele foi o homem mais religioso que já viveu em Urântia.

Os tempos amadureceram o suficiente, a ponto de se poder constatar a ressurreição simbólica do Jesus humano, saindo do seu túmulo, dentre as tradições teológicas e os dogmas religiosos de dezenove séculos. Jesus de Nazaré não deve mais ser sacrificado, nem mesmo ao conceito esplêndido do Cristo glorificado. Que serviço transcendente seria prestado se, por intermédio dessa revelação, o Filho do Homem fosse retirado do túmulo da teologia tradicional para ser apresentado como o Jesus vivo, à igreja que leva o seu nome, e para todas as outras religiões! Seguramente a irmandade cristã de crentes não hesitaria em fazer os ajustes de fé, e de práticas de vida, que a capacitassem a poder “seguir o” Mestre na demonstração da sua vida verdadeira de devoção religiosa, a fazer a vontade do seu Pai, e à consagração ao serviço desinteressado dos homens. Será que aqueles que chamam a si de cristãos professos temem criar uma irmandade auto-suficiente e de respeitabilidade social não consagrada, será que temem o desajuste econômico egoísta? Acaso a cristandade institucionalizada teme que a autoridade eclesiástica tradicional esteja em perigo, ou mesmo que seja arruinada, se o Jesus da Galiléia for restabelecido nas mentes e nas almas dos homens mortais, como o ideal de vida religiosa pessoal? Em verdade, os reajustes sociais, as transformações econômicas, o rejuvenescimento moral e as revisões religiosas da civilização cristã seriam drásticas e revolucionárias se a religião viva de Jesus pudesse subitamente suplantar a religião teológica sobre Jesus.

“Seguir Jesus” significa compartilhar pessoalmente a fé religiosa dele e entrar no espírito da vida do Mestre, consagrada ao serviço desinteressado dos homens. Uma das coisas mais importantes, na vida humana, é encontrar aquilo em que Jesus acreditava, é descobrir os seus ideais e lutar para a realização do seu propósito elevado de vida. De todo o conhecimento humano, o que é de maior valor é poder conhecer a vida religiosa de Jesus e como ele viveu-a.

O povo comum ouviu Jesus com alegria, e será de novo sensível à apresentação da sua vida humana sincera de motivação religiosa consagrada, se essas verdades forem novamente proclamadas ao mundo. O povo ouvia-o com alegria porque ele era um deles, um leigo despretensioso; o maior de todos os instrutores religiosos foi, em verdade, um leigo.

Não deveria ser a meta dos crentes do Reino imitar literalmente os aspectos exteriores da vida de Jesus na carne, mas sim compartilhar a sua fé; confiar em Deus como ele confiou em Deus e acreditar nos homens como ele acreditou nos homens. Jesus nunca discutiu, fosse sobre a paternidade de Deus, fosse sobre a irmandade dos homens; ele foi uma ilustração viva da primeira, e uma comprovação profunda da segunda.

Exatamente como os homens devem progredir, da consciência do humano à compreensão e realização do divino, assim Jesus ascendeu, desde a natureza de homem à consciência da natureza de Deus. E o Mestre fez essa grande ascensão, do humano ao divino, por meio da realização conjunta da fé do seu intelecto mortal e dos atos do seu Ajustador residente. A compreensão factual do alcançar da totalidade da divindade (ao mesmo tempo plenamente consciente da realidade da sua humanidade) foi acompanhada de sete estágios de consciência da fé de divinização progressiva. Esses estágios de auto-realização progressiva ficaram marcados pelos acontecimentos extraordinários seguintes, na experiência de auto-outorga do Mestre:

1. A chegada do Ajustador do Pensamento.
2. O mensageiro de Emanuel, que apareceu para ele em Jerusalém quando ele tinha cerca de doze anos de idade.
3. As manifestações que acompanharam o seu batismo.
4. As experiências no monte da Transfiguração.
5. A ressurreição moroncial.
6. A ascensão espiritual.
7. O abraço final do Pai do Paraíso, conferindo-lhe a soberania ilimitada do seu universo.

2. A RELIGIÃO DE JESUS


Algum dia, uma reforma na igreja cristã poderia causar um impacto suficientemente profundo de retomada dos ensinamentos religiosos inalterados de Jesus, o autor, a fonte e a realização da nossa fé. Vós podeis pregar uma religião sobre Jesus, mas, por força, vós deveis viver a religião de Jesus. No entusiasmo de Pentecostes, Pedro inaugurou involuntariamente uma nova religião, a religião do Cristo ressuscitado e glorificado. Mais tarde, o apóstolo Paulo transformou esse novo evangelho no cristianismo, uma religião que incorporava as suas próprias visões teológicas e que retratava a sua própria experiência pessoal com o Jesus da estrada de Damasco. A boa-nova do evangelho do Reino fundamenta-se na experiência religiosa pessoal do Jesus da Galiléia; o cristianismo baseia-se quase que exclusivamente na experiência religiosa pessoal do apóstolo Paulo. A quase totalidade do Novo Testamento é devotada, não a retratar a vida religiosa, significativa e inspiradora, de Jesus, mas a uma discussão da experiência religiosa de Paulo e a um retrato das suas convicções religiosas pessoais. As únicas exceções notáveis, dentro dessa afirmação, afora certas partes de Mateus, de Marcos e de Lucas, são o Livro dos Hebreus e a Epístola de Tiago. Mesmo Pedro, nos seus escritos, apenas uma vez reflete a vida pessoal religiosa do seu Mestre. O Novo Testamento pode ser um documento cristão esplêndido, mas é um documento que pouco tem de Jesus.

A vida de Jesus na carne retrata um crescimento religioso transcendente, desde as idéias iniciais do pavor primitivo e da reverência humana, passando por anos de comunhão espiritual pessoal, até que ele finalmente chegue àquele estado avançado e elevado de consciência da sua unidade com o Pai. E assim, em uma curta vida, Jesus passou por aquela experiência religiosa de progresso espiritual que o homem começa, na Terra, e que comumente completa apenas ao concluir a sua longa permanência nas escolas de aprendizado espiritual, nos níveis sucessivos da sua carreira pré-paradisíaca. Jesus progrediu, partindo de uma consciência puramente humana, das certezas da fé da experiência religiosa pessoal, até as alturas espirituais sublimes da realização efetiva da sua natureza divina e, daí, para a consciência da sua associação íntima com o Pai Universal, a fim de dirigir um universo. Ele progrediu do status humilde, de dependência mortal, que o levou espontaneamente a dizer àquele que o chamou de Bom Mestre: “Por que me chamais de bom? Ninguém é bom a não ser Deus”, até aquele estado sublime de consciência, da divindade realizada que o levou a exclamar: “Qual dentre vós me sentencia de haver pecado?” E essa ascensão progressiva, do humano ao divino, foi uma realização exclusivamente mortal. E quando havia alcançado a divindade, assim, ele era ainda o mesmo Jesus humano, o Filho do Homem, tanto quanto o Filho de Deus.

Marcos, Mateus e Lucas guardam alguma coisa do quadro do Jesus humano lançando-se na luta magnífica para determinar a vontade divina e para cumprir essa vontade. João apresenta um quadro do Jesus triunfante, caminhando na Terra, na consciência plena da divindade. O grande erro, cometido por aqueles que estudaram a vida do Mestre, é que alguns o conceberam como inteiramente humano, enquanto outros o consideraram apenas como divino. Durante toda a sua experiência ele foi, em verdade, tanto humano quanto divino; como ainda agora o é.

Mas o maior erro cometido consta de que, enquanto ficou reconhecido que o Jesus humano possuía uma religião, o Jesus divino (Cristo) transformou-se em uma religião, quase que da noite para o dia. O cristianismo, de Paulo, assegurou a adoração do Cristo divino, mas quase totalmente perdeu de vista o valente Jesus da Galiléia, humano, que lutou pelo valor da sua fé religiosa pessoal, e o heroísmo do seu Ajustador residente, que ascendeu do nível inferior da humanidade para tornar-se um com a divindade, transfornando-se, assim, no novo caminho vivo pelo qual todos os mortais podem ascender, dessa forma, da humanidade à divindade. Os mortais, em todos os estágios de espiritualidade e em todos os mundos, podem encontrar, na vida pessoal de Jesus, tudo que os fortalecerá e inspirará, no seu progresso do nível espiritual mais baixo, até os valores divinos mais elevados, do começo ao fim de toda a experiência religiosa pessoal.

Na época em que foi escrito o Novo Testamento, os autores não apenas acreditavam muito profundamente na divindade do Cristo ressuscitado, também acreditavam, devota e sinceramente, no seu retorno imediato à Terra, para consumar o Reino celeste. Essa fé fortalecida no retorno imediato do Senhor teve muito a ver com a tendência de omitir, dos registros, aquelas referências que retratavam as experiências e os atributos puramente humanos do Mestre. Todo o movimento cristão teve a tendência de afastar-se do retrato humano de Jesus de Nazaré, orientando-se para a exaltação do Cristo ressuscitado, o Senhor Jesus Cristo glorificado, e que em breve retornaria.

Jesus fundou a religião da experiência pessoal, ao fazer a vontade de Deus e ao servir à irmandade humana; Paulo fundou uma religião, na qual o Jesus glorificado tornou-se o objeto da adoração e a irmandade consistiu dos irmãos que eram crentes do Cristo divino. Na dádiva outorgada por Jesus, esses dois conceitos eram potenciais na sua vida divina-humana e, em verdade, é uma pena que os seus seguidores não houvessem conseguido criar uma religião unificada, que poderia ter dado um reconhecimento próprio a ambas, à natureza humana e à natureza divina do Mestre, tal como estavam inseparavelmente ligadas na sua vida terrena e tão gloriosamente expostas no evangelho original do Reino.

Vós não ficaríeis, nem chocados, nem perturbados pelos fortes pronunciamentos de Jesus; e para isso basta que vos lembreis de que ele foi o religioso mais devotado, e de todo o seu coração, em todo o mundo. Ele era um mortal totalmente consagrado, dedicado, sem reservas, a fazer a vontade do seu Pai. Muitas das suas afirmações, aparentemente duras, eram mais como uma confissão pessoal de fé e uma promessa de devoção, do que comandos dados para os seus seguidores. E foi essa mesma singularidade de propósito, e de devoção não-egoísta, que o capacitou a efetivar um progresso, tão extraordinário, na conquista da mente humana, em uma vida tão curta. Muitas das suas declarações deveriam ser consideradas como confissões do que ele exigia de si próprio, em vez de uma exigência para todos os seus seguidores. Na sua devoção à causa do Reino, Jesus queimou todas as pontes atrás de si; ele sacrificou tudo o que pudesse ser um obstáculo para a realização da vontade do seu Pai.

Jesus abençoava os pobres, porque em geral eles eram sinceros e pios; ele condenava os ricos, porque em geral eram devassos e irreligiosos. Ele condenaria igualmente os pobres irreligiosos e louvaria os ricos consagrados e pios.

Jesus fez os homens sentirem-se, no mundo, como se estivessem em casa; ele os libertou do tabu escravizador e ensinou a eles que o mundo não é fundamentalmente mau. Ele não almejou escapar da sua vida terrestre; ele dominou uma técnica de fazer a vontade do Pai de um modo aceitável, enquanto na carne. Ele atingiu uma vida religiosa idealista, em meio, mesmo, a um mundo realista. Jesus não partilhou da visão pessimista que Paulo tinha da humanidade. O Mestre via os homens como filhos de Deus e anteviu um futuro magnífico e eterno para aqueles que escolhiam sobreviver. Ele não foi um cético moral; ele via o homem positivamente, não negativamente. Ele via a maioria dos homens como fracos, mais do que como perversos, mais como perturbados do que depravados. Mas, não importando o status deles, eram todos filhos de Deus e irmãos seus.

Ele ensinou os homens a dar um elevado valor a si próprios, no tempo e na eternidade. Por causa dessa estima elevada, que Jesus tinha pelos homens, ele estava disposto a dedicar-se ao serviço ininterrupto da humanidade. E foi esse infinito apreço ao finito, o que fez da regra de ouro um fator vital na sua religião. Que mortal deixaria de se elevar pela fé extraordinária que Jesus tinha nele?

Jesus não propôs regras para o avanço social; a sua missão era religiosa; e a religião é uma experiência exclusivamente individual. A última meta, e de realização mais avançada da sociedade, não pode esperar nunca transcender a fraternidade que Jesus ofereceu aos homens: baseando-a no reconhecimento da paternidade de Deus. O ideal de toda a realização social apenas pode ser cumprido com a vinda deste Reino divino.

3. A SUPREMACIA DA RELIGIÃO
A experiência espiritual religiosa pessoal é uma solução eficiente para a maior parte das dificuldades mortais; ela seleciona, avalia e ajusta eficazmente todos os problemas humanos. A religião não remove, nem destrói os problemas humanos, mas dissolve-os, absorve-os, ilumina-os e transcende-os. A verdadeira religião unifica a personalidade, preparando-a para ajustar efetivamente todas as exigências mortais. A fé religiosa – o guiamento efetivo da presença divina residente – capacita, infalivelmente, o homem sabedor de Deus a lançar uma ponte sobre o abismo existente entre a lógica intelectual que reconhece a Primeira Causa Universal como sendo um Isso, de um lado, e aquelas afirmações efetivas da alma que declaram que essa Primeira Causa é Ele, o Pai Universal do evangelho de Jesus, o Deus pessoal da salvação humana.

Há apenas três elementos na realidade universal: o fato, a idéia e a relação. A consciência religiosa identifica essas realidades como ciência, filosofia e verdade. A consciência filosófica estaria inclinada a ver essas atividades como razão, sabedoria e fé – a realidade física, a realidade intelectual e a realidade espiritual. O nosso hábito é designar essas realidades como coisa, significado e valor.

A compreensão progressiva da realidade é equivalente a uma aproximação de Deus. A descoberta de Deus, a consciência da identidade com a realidade, é equivalente à experiência do eu completo, da inteireza do eu, da totalidade do eu. O experienciar da realidade total é a compreensão-realização plena de Deus, a finalidade da experiência de conhecer a Deus.

A somatória total da vida humana é o conhecimento de que o homem é educado pelo fato, enobrecido pela sabedoria e salvo – justificado – pela fé religiosa.
A certeza física consiste na lógica da ciência; a certeza moral, na sabedoria da filosofia; a certeza espiritual, na verdade da experiência religiosa autêntica.

A mente do homem pode alcançar altos níveis de discernimento espiritual, e esferas correspondentes de divindade de valores, porque ela não é totalmente material. Há um núcleo espiritual na mente do homem – o Ajustador, de presença divina. Há três evidências distintas de que esse espírito reside na mente humana:

1. A comunhão humanitária – o amor. A mente puramente animal pode ser gregária por autoproteção, mas apenas o intelecto residido pelo espírito é altruísta de um modo não-egoísta e ama incondicionalmente.

2. A interpretação do universo – a sabedoria. Apenas a mente residida pelo espírito pode compreender que o universo é amigável para com o indivíduo.

3. A avaliação espiritual da vida – a adoração. Apenas o homem residido pelo espírito pode compreender-realizar a presença divina e buscar atingir uma experiência mais plena a partir desse gosto antecipado de divindade.

A mente humana não cria valores reais; a experiência humana não gera o discernimento universal. Quanto a esse discernimento, o reconhecimento dos valores morais e o discernimento dos significados espirituais, tudo o que a mente humana pode fazer é descobrir, reconhecer, interpretar e escolher.

Os valores morais do universo tornam-se uma posse intelectual, pelo exercício dos três julgamentos básicos, ou escolhas, da mente mortal:

1. O autojulgamento – a escolha moral.

2. O julgamento social – a escolha ética.

3. O julgamento de Deus – a escolha religiosa.

Assim, parece que todo o progresso é efetuado por uma técnica conjunta de evolução revelacional.

Se um amante divino não vivesse no homem, ele não poderia amar generosa e espiritualmente. Se um intérprete não vivesse na mente do homem, ele não poderia verdadeiramente compenetrar-se da unidade do universo. Se um bom avaliador não residisse dentro do homem, ele possivelmente não poderia apreciar os valores morais e reconhecer os significados espirituais. E esse amante provém da fonte mesma do amor infinito; aquele intérprete é uma parte da Unidade Universal; e o avaliador é filho do Centro e Fonte de todos os valores absolutos da realidade divina e eterna.

A avaliação moral, daquilo que tem um significado religioso – o discernimento espiritual –, denota a escolha do indivíduo entre o bem e o mal, a verdade e o erro, o material e o espiritual, o humano e o divino, o tempo e a eternidade. A sobrevivência humana é, em uma grande medida, dependente da consagração da vontade humana à escolha daqueles valores destacados por esse selecionador-de-valores-espirituais – o intérprete e unificador residente. A experiência religiosa pessoal consiste de duas fases: a descoberta, na mente humana, e a revelação do espírito divino residente. Por meio de uma super-sofisticação ou como resultado da conduta irreligiosa de pretensos religiosos, um homem, ou mesmo uma geração de homens, pode escolher suspender os seus esforços para descobrir o Deus que reside neles; eles podem deixar de progredir e de alcançar a revelação divina. Mas tais atitudes, de não progressão espiritual, não podem perdurar por muito tempo, por causa da presença e da influência do Ajustador do Pensamento residente.

Essa experiência profunda, com a realidade do residente divino, transcende, para sempre, a rude técnica materialista das ciências físicas. Vós não podeis colocar a alegria espiritual sob a observação de um microscópio; vós não podeis pesar o amor em uma balança; vós não podeis medir os valores morais; nem podeis estimar a qualidade da adoração espiritual.
Os hebreus possíam uma religião de sublimidade moral; os gregos fizeram evoluir uma religião da beleza; Paulo e os seus confrades fundaram uma religião de fé, de esperança e de caridade. Jesus revelou e exemplificou uma religião de amor: a segurança no amor do Pai, com alegria e satisfação conseqüentes de compartilhar esse amor no serviço da fraternidade humana.

Toda vez que o homem faz uma escolha moral de reflexão, ele experiencia imediatamente uma nova invasão divina na sua alma. A escolha moral é parte da religião, como motivo de resposta interna às condições externas. E essa religião real não é uma experiência puramente subjetiva. Ela significa o conjunto da subjetividade do indivíduo, empenhado em uma resposta significativa e inteligente à objetividade total – o universo e o seu Criador.

A experiência extraordinária e transcendente de amar e de ser amado não é apenas uma ilusão psíquica, porque é tão puramente subjetiva. A única realidade verdadeiramente divina e objetiva, que é associada aos seres mortais, o Ajustador do Pensamento, funciona para a observação humana, aparentemente, como um fenômeno exclusivamente subjetivo. O contato do homem com a realidade objetiva mais elevada, Deus, dá-se apenas por intermédio da experiência puramente subjetiva de conhecê-Lo, de adorá-Lo, de realizar a filiação a Ele.

A verdadeira adoração religiosa não é um monólogo fútil de auto-enganação. A adoração é uma comunicação pessoal com o que é divinamente real, com aquilo que é a fonte mesma da realidade. Por intermédio da adoração, o homem aspira a ser melhor e por meio dela finalmente ele alcança o melhor.

A idealização da verdade, da beleza e da bondade, e o serviço prestado a elas, não é um substituto para a experiência religiosa genuína – a realidade espiritual. A psicologia e o idealismo não equivalem à realidade religiosa. As projeções feitas pelo intelecto humano podem de fato originar deuses falsos – deuses à imagem do homem –, mas a verdadeira consciência de Deus não tem tal origem. A consciência de Deus habita em nós, na presença do espírito residente. Muitos dos sistemas religiosos do homem vêm de formulações do intelecto humano, mas a consciência de Deus não vem necessariamente como uma parte de sistemas grotescos de escravidão religiosa.

Deus não é uma mera invenção do idealismo do homem; Ele é a fonte mesma de todos os discernimentos e valores supra-animais. Deus não é uma hipótese formulada para unificar os conceitos humanos da verdade, da beleza e da bondade; Ele é a personalidade de amor, de Quem se derivam todas essas manifestações do universo. A verdade, a beleza e a bondade no mundo do homem são unificadas pela espiritualidade crescente da experiência dos mortais que ascendem às realidades do Paraíso. A unidade na verdade, na beleza e na bondade só pode ser realizada na experiência espiritual da personalidade conhecedora de Deus.

A moralidade é o solo preexistente essencial, da consciência pessoal de Deus; é a realização pessoal da presença interna do Ajustador, mas essa moralidade não é, nem a fonte da experiência religiosa, nem o discernimento espiritual resultante. A natureza moral é supra-animal, mas é subespiritual. A moralidade é equivalente ao reconhecimento do dever, à compreensão-realização da existência do certo e do errado. A zona moral que se interpõe entre o tipo de mente animal e os tipos humanos de mente, como a moroncial, funciona entre a esfera material e a espiritual de realização da personalidade.

A mente evolucionária é capaz de descobrir a lei, a moral e a ética; mas o espírito outorgado, o Ajustador residente, revela, à mente humana em evolução, o provedor da lei, o Pai-fonte de tudo o que é verdadeiro, belo e bom; e um homem, assim iluminado, tem uma religião e está espiritualmente equipado para começar a longa e aventurosa busca de Deus.

A moralidade não é necessariamente espiritual; ela pode ser pura e integralmente humana; se bem que a verdadeira religião acentue todos os valores morais, tornando-os mais significativos. A moralidade sem religião não consegue revelar a bondade última, e também não consegue assegurar a sobrevivência; nem a dos seus próprios valores morais. A religião assegura a elevação, a glorificação, e a sobrevivência de tudo o que a moralidade reconhece e aprova.

A religião está acima da ciência, da arte, da filosofia, da ética e da moral, mas sem ser independente delas. E estão, todas estas, indissoluvelmente inter-relacionadas na experiência humana, pessoal e social. A religião é a suprema experiência do homem, enquanto ele permanece na sua natureza mortal; mas a linguagem finita torna, para sempre, impossível à teologia retratar adequadamente a experiência religiosa verdadeira.

O discernimento religioso possui o poder de transformar a derrota em desejos mais elevados e em novas determinações. O amor é a mais elevada motivação que o homem pode utilizar na sua ascensão no universo. Mas o amor, despojado da verdade, da beleza e da bondade, é um sentimento apenas, uma distorção filosófica, uma ilusão psíquica, um engano espiritual. O amor deve ser sempre redefinido em níveis sucessivos de progressão moroncial e de progressão espiritual.

A arte resulta da tentativa do homem de escapar da falta de beleza no seu meio ambiente material; é um gesto na direção do nível moroncial. A ciência é o esforço do homem para resolver os enigmas aparentes do universo material. A filosofia é uma tentativa do homem de unificar a experiência humana. A religião é o gesto supremo do homem, o seu magnífico movimento, na tentativa de alcançar a realidade final, na sua determinação de encontrar Deus e de ser como Ele.
No domínio da experiência religiosa, a possibilidade espiritual é uma realidade potencial. O impulso espiritual que leva o homem a avançar não é uma ilusão psíquica. Pode ser que nem toda a fantasia do homem sobre o universo seja um fato, mas muito nela é verdadeiro.

A vida de alguns homens é grande e demasiadamente nobre para se abaixar ao nível de um sucesso conquistado. O animal deve adaptar-se ao meio ambiente, mas o homem religioso transcende o seu ambiente e, desse modo, escapa das limitações do mundo material presente, por meio desse discernimento do amor divino. Esse conceito de amor gera, na alma do homem, aquele esforço supra-animal para encontrar a verdade, a beleza e a bondade; e quando as encontra, ele é glorificado no abraço delas; e é consumido pelo desejo de vivê-las e cumpri-las segundo a retidão.

Não vos desencorajeis; a evolução humana ainda está em progresso, e a revelação de Deus ao mundo, em Jesus e através de Jesus, não deixará de acontecer.

O grande desafio ao homem moderno é realizar uma comunicação melhor com o Monitor divino que reside dentro da mente humana. A maior aventura do homem na carne consiste no esforço, bem equilibrado e sadio, de ultrapassar as fronteiras da autoconsciência penetrando nos domínios imprecisos da consciência embrionária da alma, em um esforço, de todo o seu coração, para alcançar a região fronteiriça da consciência do espírito – esse, o contato com a divina presença. Essa experiência constitui a consciência de Deus, uma experiência que confirma, de um modo poderoso, a verdade preexistente da experiência religiosa de conhecer a Deus. Uma consciência tal, do espírito, é equivalente ao conhecimento da factualidade da filiação a Deus. De qualquer outro modo, a certeza da filiação é uma experiência de fé.

E a consciência de Deus é equivalente à integração do eu com o universo, nos seus níveis mais elevados de realidade espiritual. Apenas o conteúdo espiritual, de qualquer valor, é imperecível. Aquilo que é mesmo verdadeiro, belo e bom não pode perecer, pois, na experiência humana. Se o homem escolher a não-sobrevivência, então o Ajustador sobrevivente conservará, consigo, aquelas realidades nascidas do amor e nutridas pelo serviço. E todas essas coisas são uma parte do Pai Universal. O Pai é amor vivo, e a vida do Pai está nos seus Filhos. E o espírito do Pai está nos filhos dos seus Filhos – os homens mortais. Quando tudo estiver dito e feito, a idéia de um Pai será ainda o conceito humano mais elevado de Deus.

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SÉRIE: (76)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - Depois de pentecostes

SÉRIE: (76)A VIDA E OS ENSINAMENTOS DE JESUS - Depois de pentecostes

Esta série foi extraída do Livro de Urântia. Os 77 capítulos, mais de 700 páginas, que ocupam um terço do livro, dão dia a dia, toda a vida de Jesus Cristo desde sua infância. Dão 16 vezes mais informações sobre a vida e os ensinamentos de Jesus do que a Bíblia. É o relato mais espiritual sobre Jesus até hoje escrito.



DEPOIS DE PENTECOSTES

Os resultados da pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, foram tais que decidiram sobre as políticas futuras e determinaram os planos da maioria dos apóstolos, nos seus esforços para proclamar o evangelho do Reino. Pedro foi o verdadeiro fundador da igreja cristã; Paulo levou a mensagem cristã aos gentios, e os crentes gregos difundiram-na por todo o império romano.

Embora o povo hebreu, limitado às tradições e dominado pelos sacerdotes, enquanto povo, se recusasse a aceitar, fosse o evangelho de Jesus, da paternidade de Deus e da irmandade dos homens, fosse a proclamação de Pedro e de Paulo, da ressurreição e da ascensão de Cristo (o cristianismo subseqüente), todo o restante do império romano acabou sendo receptivo aos ensinamentos cristãos que evoluíam. Nesse momento a civilização ocidental estava intelectualmente cansada da guerra e encontrava-se também profundamente cética a respeito de todas as religiões e filosofias existentes sobre o universo. Os povos do mundo ocidental, beneficiários da cultura grega, tinham uma respeitável tradição de um passado grandioso. Eles podiam contemplar a herança de grandes realizações na filosofia, na arte, na literatura e nos progressos políticos. Mas, ao lado de todas essas realizações, não tinham tido nenhuma religião que satisfizesse à alma. Os seus anseios espirituais permaneciam insatisfeitos.

E subitamente, sobre tal cenário da sociedade humana, foram lançados os ensinamentos de Jesus, adotados na mensagem cristã. Uma nova ordem de vida, assim, foi apresentada aos corações insaciados desses povos do Ocidente. Essa situação significava um conflito imediato entre as práticas religiosas mais antigas e a nova versão cristianizada da mensagem de Jesus ao mundo. Um tal conflito resultaria em uma vitória definida, fosse da nova crença, ou da mais antiga, ou fosse em algum grau de concessões feitas por alguma dessas partes. A história mostra que a luta levou a um comprometimento sob a forma de concessões. O cristianismo presumiu abranger coisas demasiadamente maiores do que qualquer povo pudesse assimilar em uma ou duas gerações. Não se tratava de uma chamada espiritual simples, como a que Jesus havia apresentado à alma dos homens; abrangia, desde muito cedo, uma atitude sobre os rituais religiosos, a educação, a magia, a medicina, a arte, a literatura, a legislação, o governo, a moral, a regulamentação do sexo, a poligamia e, em um grau limitado, até mesmo a escravidão. O cristianismo não veio meramente como uma nova religião – como algo pelo qual todo império romano e todo Oriente estivessem esperando – mas como uma nova ordem de sociedade humana. E, com uma tal pretensão, precipitou rapidamente o colapso moral-social das idades. Os ideais de Jesus, tal como foram reinterpretados pela filosofia grega e socializados pela cristandade, desafiavam agora, com ousadia, as tradições da raça humana, incorporados na ética, na moralidade e na religião da civilização ocidental.

De início, o cristianismo conseguiu convertidos apenas nos estratos sociais e econômicos mais baixos. Mas, por volta do segundo século, o melhor da elite da cultura greco-romana, se voltava cada vez mais para essa nova ordem de crença cristã, para esse novo conceito de propósito de vida e meta de existência.

Como é que essa nova mensagem, de origem judaica, que quase fracassara na sua terra de nascimento, capturou tão rápida e eficazmente o melhor mesmo das mentes do império romano? O triunfo do cristianismo sobre as religiões filosóficas e os cultos dos mistérios deveu-se aos fatores:

1. A organização. Paulo era um grande organizador e os seus sucessores mantiveram o ritmo que ele estabeleceu.

2. O cristianismo estava profundamente helenizado. Abrangia o melhor da filosofia grega, bem como a nata da teologia hebraica.

3. Mas, melhor do que tudo, trazia em si um ideal novo e grande, o eco da vida auto-outorgada de Jesus e o reflexo da sua mensagem de salvação, para toda a humanidade.

4. Os líderes cristãos estavam dispostos a fazer concessões ao mitraísmo, pois a melhor metade dos que haviam aderido ao cristianismo fora conquistada ao culto da Antióquia.

5. Do mesmo modo, a próxima e mais recente das gerações de líderes da cristandade fez outras concessões mais ao paganismo, tanto que até Constantino, o imperador romano, foi conquistado para a nova religião.

E os cristãos fizeram uma barganha astuta com os pagãos, pois adotaram a pompa ritualística dos pagãos obrigando-os a aceitar a versão helenizada do cristianismo paulino. O acordo que fizeram com os pagãos foi melhor do que aquele que concluíram com o culto mitraico, mas, mesmo naquele compromisso inicial de concessão, eles saíram mais do que vencedores, pois tiveram êxito em eliminar as imoralidades grosseiras e também numerosas outras práticas repreensíveis do mistério persa.

Esses líderes iniciais da cristandade, sabiamente ou não, comprometeram deliberadamente os ideais de Jesus, em um esforço para salvar e promover muitas das suas idéias, e nisso eles tiveram um êxito eminente. Mas não vos enganeis! Esses ideais do Mestre, ainda que comprometidos, estão latentes no seu evangelho e terminarão por fazer valer todo o seu poder diante do mundo.

Por meio dessa paganização do cristianismo, a velha ordem teve muitas vitórias menores, de natureza ritualista, mas os cristãos ganharam a ascendência, pois:

1. Foi tocada uma nota da moral humana, uma nota nova e de conotação enormemente mais elevada.
2. Um conceito novo e ampliado de Deus foi passado ao mundo.
3. A esperança de imortalidade tornou-se um ponto de reafirmação, dentro de uma religião reconhecida.
4. Jesus de Nazaré foi dado à alma sedenta do homem.

Muitas das grandes verdades, ensinadas por Jesus, foram quase perdidas nesses comprometimentos e concessões iniciais, mas elas ainda permanecem como que adormecidas nessa religião de cristianismo paganizado, que é, por sua vez, a versão paulina da vida e dos ensinamentos do Filho do Homem. E o cristianismo, mesmo antes de ser paganizado, foi profundamente helenizado. O cristianismo deve muito aos gregos, bastante mesmo. Um grego, vindo do Egito, muito corajosamente levantou-se em Nicéia e tão destemidamente desafiou a assembléia, que o concílio não ousou obscurecer o conceito da natureza de Jesus; pois a verdade mesma da auto-outorga havia estado em perigo de ser perdida para o mundo. O nome desse grego foi Atanásio e, não fosse a eloqüência e lógica desse crente, a força persuasiva de Ários teria triunfado.

1. A INFLUÊNCIA DOS GREGOS

A helenização da cristandade, na realidade, começou naquele dia memorável em que o apóstolo Paulo, diante do conselho de Areópagos, em Atenas, falou aos atenienses sobre “o Deus Desconhecido”. Lá, à sombra da Acrópolis, esse cidadão romano proclamou aos gregos a sua versão da nova religião, que havia tido origem na terra judaica da Galiléia. E havia coisas estranhamente semelhantes entre a filosofia grega e muitos dos ensinamentos de Jesus. Eles tinham uma meta em comum – ambos visavam o soerguimento do indivíduo. Os gregos, por meio da emergência social e política do indivíduo; e Jesus, por meio da emergência moral e espiritual do homem. Os gregos ensinavam o liberalismo intelectual que conduzia à liberdade política; Jesus ensinava o liberalismo espiritual que conduzia à liberdade religiosa. Essas duas idéias, colocadas juntas, constituíam um novo e poderoso código para a liberdade humana, e prognosticavam, para o homem, a sua liberdade social, política e espiritual.

O cristianismo veio à existência e triunfou sobre todas a religiões, então em contenda, principalmente por causa de duas coisas:

1. A mente grega estava disposta a tomar emprestadas idéias novas e boas, ainda que fosse dos judeus.
2. Paulo e os seus sucessores estavam dispostos a comprometerem-se, mas fazendo concessões astuciosas e sagazes; eles eram negociantes teológicos perspicazes.

Na época, Paulo dirigiu-se a Atenas pregando “Cristo, e o Cristo Crucificado”, os gregos estavam espiritualmente sedentos; encontravam-se em uma busca inquiridora, interessada e, na realidade, à procura da verdade espiritual. Nunca vos esqueçais de que a princípio os romanos combateram o cristianismo, enquanto os gregos adotaram-no; e de que foram os gregos que literalmente forçaram os romanos, subseqüentemente, a aceitar essa nova religião, já então modificada como uma parte da cultura grega.

Os gregos veneravam a beleza, os judeus a santidade; mas ambos os povos amavam a verdade. Durante séculos os gregos pensaram e debateram seriamente sobre todos os problemas humanos – sociais, econômicos, políticos e filosóficos –, exceto sobre a religião. Poucos entre os gregos haviam dado atenção maior à religião; eles não levavam muito a sério nem a própria religião. Durante séculos os judeus haviam negligenciado esses outros campos do pensamento ao devotar as suas mentes à religião. Eles levavam a própria religião bastante a sério, talvez até em demasia. Iluminado pelo conteúdo da mensagem de Jesus, o produto de séculos de pensamento desses dois povos, agora unidos, transformavam-se na força motriz de uma nova ordem de sociedade humana e, em uma certa medida, de uma nova ordem de crença e de prática humana religiosa.

A influência da cultura grega havia já penetrado as terras do Mediterrâneo Oriental, quando Alexandre expandiu a civilização helênica no mundo do Oriente próximo. Os gregos saíam-se muito bem com a sua religião e a sua política, enquanto estiveram organizados em pequenas cidades-Estado, mas, quando o rei macedônio ousou expandir a Grécia, como um império, que se estendia do Adriático ao rio Indus, os problemas começaram. A arte e a filosofia da Grécia estavam perfeitamente à altura da expansão imperial, mas não era bem assim com a administração política grega, nem com a religião. Depois que as cidades-Estado da Grécia conseguiram expandir-se como império, os seus deuses paroquiais pareciam um pouco esquisitos. Os gregos realmente estavam procurando um Deus único, um Deus maior e melhor, quando a versão cristianizada da antiga religião judaica chegou a eles.

O império helenista, enquanto tal, não podia durar. A sua influência cultural continuou, mas só durou até assegurar para si o gênio político romano do Ocidente, para a administração do império, e depois que obteve do Oriente uma religião cujo Deus único possuía a dignidade imperial.

No primeiro século depois de Cristo, a cultura helênica havia já atingido os seus níveis mais elevados; o seu retrocesso havia começado; o aprendizado avançava, mas a genialidade declinava. Foi nessa mesma época que as idéias e os ideais de Jesus, parcialmente incorporados ao cristianismo, concorreram para salvar a cultura e o conhecimento gregos.

Alexandre havia atacado o Oriente com a dádiva cultural da civilização da Grécia; Paulo assaltou o Ocidente com a versão cristã do evangelho de Jesus. E, em todos os lugares em que a cultura grega prevaleceu, em todo o Ocidente, também o cristianismo helenizado criou raiz.
A versão oriental da mensagem de Jesus, não obstante haver permanecido mais fiel aos ensinamentos dele, continuou seguindo a atitude de Abner de não fazer comprometimentos sob forma de concessões. E nunca progrediu como o fez a versão helenizada permanecendo enfim perdida no movimento islâmico.

2. A INFLUÊNCIA ROMANA

Os romanos incorporaram a cultura grega na totalidade, colocando governos representativos em lugar de governos por áreas. E em breve essa mudança favoreceu o cristianismo, pois Roma trouxe a todo o mundo ocidental uma nova tolerância para línguas, povos e mesmo religiões estrangeiras.

Grande parte da perseguição inicial aos cristãos, em Roma, deveu-se apenas ao uso infeliz que faziam do termo “reino” nas suas pregações. Os romanos eram tolerantes com toda e qualquer religião, mas ressentiam-se muito de qualquer coisa que tivesse o sabor de rivalidade política. E, assim, quando essas perseguições iniciais, devidas tão somente a mal-entendidos, tiveram fim, o campo para a propagação religiosa encontrava-se bem aberto. Os romanos estavam interessados na administração política; eles não se importavam muito com a arte nem com a religião, eram tolerantes com ambas de um modo extraordinário.

A lei oriental era severa e arbitrária; a lei grega era fluida e artística; a lei romana era dignificada e inspiradora de respeito. A educação romana induzia uma lealdade inédita e impassível. Os romanos do período inicial eram indivíduos politicamente devotados e consagrados de um modo sublime. Eram honestos, zelosos e dedicados aos seus ideais, mas não possuíam uma religião digna de ser chamada como tal. Não é de se admirar que os instrutores gregos tivessem sido capazes de persuadi-los a aceitar o cristianismo de Paulo.

E esses romanos eram um grande povo. Eles puderam governar o Ocidente porque se governavam bem a si próprios. Uma honestidade sem par, uma tal devoção e um autocontrole tão decidido, formavam o solo ideal para receber e para fazer crescer a cristandade.

Foi fácil para esses greco-romanos tornarem-se tão espiritualmente devotados a uma igreja institucionalizada, quanto o eram politicamente ao Estado. Os romanos combateram a igreja apenas quando temeram que ela estivesse competindo com o Estado. Roma, tendo uma filosofia nacional tímida e pouca cultura nativa, tomou a cultura grega como sua própria e fez de Cristo, com valentia, a sua própria filosofia moral. O cristianismo converteu-se na cultura moral de Roma, mas dificilmente tornou-se a sua religião, no sentido de ser, para aqueles que abraçaram a nova religião, uma experiência individual de crescimento espiritual, a religião de um modo pleno. É verdade, de fato, que muitos indivíduos a penetraram com mais profundidade, saindo da superfície de toda essa religião-estatal, e encontraram alimento para as suas almas nos valores reais dos significados, mascarados detrás das verdades latentes do cristianismo helenizado e paganizado.

Os estóicos e o seu apelo inflexível à “natureza e à consciência” haviam preparado bem toda a Roma para receber Cristo, pelo menos em um sentido intelectual. O romano era, por natureza e por educação, um legislador; ele venerava até mesmo as leis da natureza. E agora, no cristianismo, ele divisava as leis de Deus nas leis da natureza. Um povo que pôde produzir Cícero e Virgílio estava amadurecido para o cristianismo helenizado de Paulo.

E, pois, esses gregos romanizados forçaram tanto os judeus quanto os cristãos a filosofarem sobre a própria religião, a coordenarem as idéias dessa religião, a sistematizarem os seus ideais e a adaptarem as práticas religiosas às correntes predominantes de vida. E tudo isso foi enormemente ajudado pela tradução das escrituras hebraicas para o grego e pela redação do Novo Testamento, na língua grega.

Contrariamente aos judeus e a muitos outros povos, os gregos vinham, há muito tempo, crendo provisoriamente na imortalidade, em alguma espécie de sobrevivência após a morte e, já que esse era o núcleo mesmo do ensinamento de Jesus, era certo que o cristianismo significasse um forte apelo para eles.

Uma sucessão de vitórias da cultura grega e da política romana havia consolidado as terras do Mediterrâneo como um império, com uma língua e uma cultura, e preparou o mundo ocidental para um só Deus. O judaísmo contribuiu com esse Deus, mas o judaísmo não era aceitável como uma religião para esses gregos romanizados. Filo ajudou alguns a mitigarem as suas objeções, mas o cristianismo revelou a eles um conceito melhor de um Deus único e, prontamente, eles o abraçaram.

3. SOB O IMPÉRIO ROMANO

Após a consolidação do governo político romano, e depois da disseminação do cristianismo, os cristãos se viram com um Deus, um grande conceito religioso, mas sem um império. Os greco-romanos se viram com um grande império, mas sem um Deus para servir de conceito religioso adequado à adoração do império e à sua unificação espiritual. Os cristãos aceitaram o império; o império adotou o cristianismo. Os romanos forneceram uma unidade de governo político; os gregos, uma unidade de cultura e de instrução; o cristianismo, uma unidade de prática e de pensamento religioso.

Roma suplantou a tradição do nacionalismo por meio do universalismo imperial e, pela primeira vez na história, tornou possível que raças e nações diferentes, pelo menos nominalmente, aceitassem uma religião única.

O cristianismo ganhou a preferência em Roma, em uma época em que havia uma grande luta entre os ensinamentos enérgicos dos estóicos e as promessas de salvação dos cultos dos mistérios. O cristianismo trouxe o conforto repousante e o poder libertador para um povo espiritualmente sedento, cuja língua não possuía nenhuma palavra para “ausência de egoísmo”.
O que deu maior poder à cristandade foi o modo pelo qual os seus crentes viveram vidas de serviço e, mesmo, o modo pelo qual morreram pela própria fé, durante os tempos iniciais de perseguições drásticas.

O ensinamento a respeito do amor de Cristo pelas crianças logo colocou um fim à prática disseminada de expor as crianças à morte, quando não eram desejadas, particularmente as meninas.

O plano inicial do culto cristão foi tomado, em sua quase totalidade, ao das sinagogas judaicas, e modificado pelo ritual mitraico; posteriormente, muito do fausto pagão foi acrescentado a ele. A espinha dorsal da igreja cristã inicial consistia de prosélitos gregos do judaísmo, que se cristianizaram.

O segundo século depois de Cristo foi o melhor período, em toda a história do mundo, para uma boa religião fazer progressos no mundo ocidental. Durante o primeiro século, a cristandade havia preparado-se, por meio de lutas e de concessões, para criar raízes e espalhar-se rapidamente. A cristandade adotou o imperador; mais tarde, o imperador adotou o cristianismo. Essa foi uma grande época para uma nova religião ser disseminada. Existia liberdade religiosa; as viagens se haviam generalizado e inexistiam entraves para o livre pensamento.

O ímpeto espiritual de aceitar nominalmente o cristianismo helenizado chegou a Roma tarde demais para impedir o declínio moral já bem avançado, ou para compensar a deterioração racial já bem estabelecida e crescente. Essa nova religião era uma necessidade cultural para a Roma imperial, e é uma grande infelicidade que não se haja tornado um meio de salvação espiritual em um sentido mais amplo.

Mesmo uma boa religião não podia salvar um grande império dos resultados óbvios da falta de participação do indivíduo nos assuntos do governo, do excesso de paternalismo, do exagero e da grosseria dos abusos na coleta dos impostos, do comércio desequilibrado com o Levante, que acabou com o ouro, da loucura dos prazeres, do clichê da padronização romana, da degradação da mulher, da escravidão e da decadência racial, das epidemias físicas, e de uma igreja estatal que se tornou institucionalizada quase até o ponto da esterilidade espiritual.

Em Alexandria, contudo, as condições não eram assim tão desfavoráves. As primeiras escolas continuavam mantendo muitos dos ensinamentos de Jesus sem comprometimentos e concessões. Pantaenos ensinou a Clemente, e passou a colaborar com Natanael, proclamando Cristo na Índia. Embora alguns dos ideais de Jesus hajam sido sacrificados na edificação do cristianismo, deveria aqui, com toda a justiça, ficar registrado que, ao final do segundo século, praticamente todas as grandes mentes do mundo greco-romano, passaram a ser cristãs. O triunfo estava próximo de ser completo.

E esse império romano perdurou tempo suficiente para assegurar a sobrevivência do cristianismo, mesmo depois do império entrar em colapso. Mas nós temos conjecturado, freqüentemente, sobre o que teria acontecido a Roma e ao mundo, caso tivesse sido aceito o evangelho do Reino em lugar do cristianismo grego.

4. A IDADE DAS TREVAS NA EUROPA


A igreja, estando subordinada à sociedade e aliada à política, ficava condenada a compartilhar do declínio intelectual e espiritual na chamada “idade das trevas” européia. Nessa época, a religião tornou-se mais e mais monástica, ascética e regulamentada. Num sentido espiritual, o cristianismo estava hibernando. Durante esse período, existiu, junto com essa religião adormecida e secularizada, uma corrente contínua de misticismo, uma experiência espiritual fantástica que beirou à irrealidade e que, filosoficamente, foi semelhante ao panteísmo.

Nesses séculos de trevas e de desespero, de novo a religião passou a ser algo de segunda mão. O indivíduo se encontrava quase perdido diante da autoridade super-ofuscante da tradição e do ditatorialismo da igreja. Uma nova ameaça espiritual surgiu na criação de uma galáxia de “santos”, os quais, se presumia, exerciam especial influência nas cortes divinas, e que, por isso, se se apelasse eficazmente para eles, seriam capazes de interceder pelo homem perante os Deuses.

Mas a cristandade estava tão suficientemente socializada e paganizada que, conquanto fosse impotente para frustrar a vinda da idade das trevas, encontrava-se mais bem preparada para sobreviver a esse período prolongado de trevas morais e de estagnação espiritual. E o cristianismo perdurou durante a longa noite da civilização ocidental e funcionou ainda como uma influência moral no mundo quando do alvorecer da renascença. A reabilitação do cristianismo, depois de passar pela idade das trevas, resultou na vinda à existência de numerosas seitas de ensinamentos cristãos, as crenças adequando-se aos tipos especiais – o intelectual, o emocional e o espiritual – de personalidades humanas. E muitos desses grupos especiais de cristãos, ou de famílias religiosas, ainda persistiam à época em que se fazia a apresentação deste documento.

O cristianismo traz em si a história de ter-se originado numa transformação não intencional, da religião de Jesus, em uma religião sobre Jesus. E ainda apresenta a história de haver experimentado a helenização, a paganização, a secularização, a institucionalização, a deterioração intelectual, a decadência espiritual, a hibernação moral, a ameaça de extinção, o rejuvenescimento posterior, a fragmentação e, mais recentemente, uma relativa reabilitação. Essa genealogia indica a vitalidade inerente e a posse de vastos recursos de recuperação. E esse mesmo cristianismo está agora presente no mundo civilizado de povos do mundo ocidental e tem à frente uma luta pela existência que é ainda menos auspiciosa do que aquelas crises acidentadas que caracterizaram as suas batalhas passadas para alcançar o predomínio.

A religião confronta-se agora com o desafio de um novo tempo de mentes científicas e de tendências materialistas. Nessa luta gigantesca entre o secular e o espiritual, a religião de Jesus finalmente irá triunfar.

5. OS PROBLEMAS MODERNOS


O século vinte trouxe ao cristianismo, e a todas as outras religiões, novos problemas a serem resolvidos. Quanto mais alto ascende uma civilização, mais premente torna-se o dever de “primeiro buscar as realidades do céu” em todos os esforços do homem para estabilizar a sociedade e facilitar a solução dos seus problemas materiais.
A verdade, muitas vezes, torna-se confusa e até enganosa, quando é desmembrada, fracionada, isolada e demasiadamente analisada. A verdade viva ensina, ao buscador da verdade, corretamente, apenas quando ela é abraçada em plenitude e como uma realidade espiritual viva, não como um fato dentro de uma ciência material, nem como uma inspiração de uma arte intermediária.

A religião é a revelação ao homem do seu destino eterno e divino. A religião é uma experiência puramente pessoal e espiritual e deve ser, sempre, diferenciada de outras formas elevadas de pensamento, tais como:

1. A atitude lógica do homem para com as coisas da realidade material.
2. A apreciação estética que o homem tem da beleza, em contraste com a fealdade.
3. O reconhecimento ético que o homem tem das obrigações sociais e do dever político.
4. Mesmo o senso de moralidade humana, em si e por si próprio, não é religioso.

A religião está destinada a encontrar aqueles valores no universo que exigem fé, confiança e certeza; a religião culmina na adoração. A religião descobre, para a alma, os valores supremos que estão em contraposição aos valores relativos descobertos pela mente. Um tal discernimento interior supra-humano só pode ser alcançado por meio da experiência religiosa verdadeira.

Não se pode sustentar um sistema social duradouro, sem uma moralidade baseada em realidades espirituais, assim como não se poderia sustentar o sistema solar sem a gravidade.
Não tenteis satisfazer a curiosidade, nem gratificar todos os desejos latentes de aventura que surgem na alma, em uma curta vida na carne. Sede pacientes! Não vos deixeis ceder à tentação de lançar-vos em um mergulho desregrado em aventuras baratas e sórdidas. Domai as vossas energias e refreai as vossas paixões; sede calmos enquanto aguardais o desdobrar majestático de uma carreira interminável de aventuras progressivas e de descobertas emocionantes.

Na confusão sobre a origem do homem, não percais de vista o seu destino eterno. Não vos esqueçais de que Jesus amou até mesmo às crianças pequenas, e de que, para sempre, ele deixou claro o grande valor da personalidade humana.

Ao observardes o mundo, lembrai-vos de que as manchas negras do mal, que podeis ver, se destacam sobre o fundo branco do bem último. Vós não vedes meramente manchas brancas do bem, mostrando-se miseravelmente sobre o fundo negro do mal.
Quando há tantas verdades, e tão boas, a se fazerem públicas e proclamadas, por que deveriam os homens insistir tanto no mal do mundo, só porque ele parece ser um fato? As belezas dos valores espirituais da verdade geram mais prazer e são mais enaltecedoras do que o fenômeno do mal.

Na religião, Jesus defendeu e seguiu o método da experiência, do mesmo modo que a ciência moderna busca a técnica pela experimentação. Nós encontramos Deus por meio dos guiamentos do discernimento espiritual interior, mas nós nos aproximamos desse discernimento da alma por meio do amor pelo belo, da busca da verdade, da lealdade ao dever e da adoração à bondade divina. Mas de todos esses valores, o amor é o guia verdadeiro para o discernimento autêntico.

6. O MATERIALISMO

Involuntariamente, os cientistas fizeram a humanidade precipitar em um pânico materialista; eles deram início a uma corrida irrefletida ao banco moral dos tempos, mas esse banco de experiência humana tem vastos recursos espirituais; ele pode suportar as demandas que lhe estão sendo feitas. Apenas os homens impensados entram em pânico com os ativos espirituais da raça humana. Quando o pânico materialista-secular houver chegado ao fim, a religião de Jesus não terá ido à bancarrota. O banco espiritual do Reino do céu estará pagando, com fé, esperança e certeza moral, a todos aqueles que recorrerem a ele “em Seu nome”.

Não importa quais possam ser os conflitos aparentes entre o materialismo e os ensinamentos de Jesus, podeis permanecer seguros de que, nas idades que virão, os ensinamentos do Mestre triunfarão completamente. Na realidade, a verdadeira religião não irá envolver-se em nenhuma controvérsia com a ciência, pois não se ocupa em absoluto com as coisas materiais. Para a religião a ciência é simplesmente indiferente, apesar de ter uma simpatia por ela, enquanto se preocupa supremamente com o cientista.

A busca do conhecimento meramente, sem a interpretação da sabedoria que o acompanha e sem o discernimento interior espiritual da experiência religiosa, finalmente leva ao pessimismo e ao desespero humano. Uma dose de conhecimento, se pequena, pode ser algo verdadeiramente desconcertante.

Na época em que estes documentos foram escritos, o pior da era materialista já havia chegado ao fim; o dia de uma melhor compreensão já está no seu alvorecer. As mentes mais elevadas do mundo científico não são mais totalmente materialistas na sua filosofia, e o grosso e comum do povo ainda inclina-se nessa direção em conseqüência de ensinamentos anteriores. Mas essa idade de realismo físico é apenas um episódio passageiro na vida do homem sobre a Terra. A ciência moderna deixou a verdadeira religião – os ensinamentos de Jesus, como traduzidos nas vidas dos seus crentes – intocados. Tudo o que a ciência fez foi destruir as ilusões infantis das falsas interpretações da vida.

A ciência é uma experiência quantitativa, a religião é uma experiência qualitativa, no que concerne à vida do homem na Terra. A ciência lida com os fenômenos; a religião, com as origens, os valores e as metas. Designar causas como explicação de fenômenos físicos é confessar ignorância das ultimidades e, ao fim, apenas leva o cientista diretamente de volta à primeira grande causa – o Pai Universal do Paraíso.

A passagem violenta, de uma era de milagres para uma idade de máquinas, revelou-se como sendo de todo desconcertante para o homem. A engenhosidade e a habilidade das falsas filosofias do mecanismo desmentem as pretensões puramente mecanicistas. A agilidade fatalista da mente de um materialista contradiz, para sempre, as suas afirmações de que o universo é um fenômeno energético cego e sem propósito.

O naturalismo mecanicista de alguns homens, supostamente instruídos, e o secularismo impensado, do homem nas ruas, estão ambos ocupados exclusivamente com as coisas; eles estão desprovidos de todos os valores reais, das recompensas e das satisfações de uma natureza espiritual, assim como estão despojados de fé, esperança e certezas eternas. Um dos grandes problemas da vida moderna é que o homem pensa que ele é ocupado demais para encontrar tempo para a meditação espiritual e para a devoção religiosa.

O materialismo reduz o homem a um autômato sem alma e faz dele um mero símbolo aritmético, incluído, sem ter poder, na fórmula matemática de um universo pouco romântico e muito mecânico. Mas de onde provém todo esse vasto universo de matemáticas, sem um Mestre Matemático? A ciência pode discorrer sobre a conservação da matéria, mas a religião torna válida a conservação das almas humanas – e preocupa-se com a experiência delas ligada às realidades espirituais e valores eternos.

O sociólogo materialista de hoje observa uma comunidade, faz um relatório sobre ela e deixa o povo como ele o encontrou. Há dezenove séculos, alguns galileus pouco instruídos observaram Jesus dando a sua vida, como uma contribuição espiritual para a experiência interior do homem, e então eles saíram da Galiléia e viraram todo o império romano de cabeça para baixo.

Os líderes religiosos, contudo, estão cometendo um grande erro ao tentarem convocar o homem moderno para a batalha espiritual, com um soar medieval de trombetas. A religião deve prover-se de lemas novos e atuais. Nem a democracia, nem qualquer outra panacéia política, tomará o lugar do progresso espiritual. As religiões falsas podem representar uma fuga da realidade mas, com o seu evangelho, Jesus conduziu o homem mortal à entrada de uma realidade eterna de progresso espiritual.

Dizer que a mente “surgiu” da matéria nada explica. Se o universo fosse apenas um mecanismo e a mente uma parte da matéria, nós nunca teríamos duas interpretações diferentes de qualquer fenômeno observado. Os conceitos da verdade, da beleza e da bondade não são inerentes, seja à física seja à química. Uma máquina não pode conhecer, e muito menos conhecer a verdade, ter fome de retidão ou valorizar a bondade.

A ciência pode ser física, mas a mente do cientista que discerne a verdade é de todo supramaterial. A matéria não conhece a verdade, nem pode amar a misericórdia nem se comprazer com as verdades espirituais. As convicções morais baseadas no esclarecimento espiritual, e com raízes na experiência humana, são tão reais e certas quanto as deduções matemáticas baseadas nas observações físicas, mas em um nível diferente, mais elevado.

Se os homens não passassem de máquinas, eles reagiriam mais ou menos uniformemente a um universo material. Não existiria a individualidade, e muito menos a personalidade.

A existência do mecanismo absoluto do Paraíso, no centro do universo dos universos, na presença da volição inqualificável da Segunda Fonte e Centro, torna para sempre certo que as causas determinantes não sejam a lei exclusiva do cosmo.
O materialismo existe, mas ele não é exclusivo; o mecanismo existe, mas ele não é inqualificável nem irrestrito; o determinismo existe, mas ele não está só.

O universo finito da matéria tornar-se-ia finalmente uniforme e determinista, não fosse a presença combinada da mente e do espírito. A influência da mente cósmica injeta constantemente a própria espontaneidade nos mundos materiais.
A liberdade, ou a iniciativa, em qualquer reino da existência, é diretamente proporcional ao grau de influência espiritual e de controle da mente-cósmica; e isto é, na experiência humana, o grau de realidade com que vós fazeis a “vontade do Pai”. E assim, uma vez que vós começais a encontrar Deus, esta é a prova conclusiva de que Deus já vos encontrou.

A busca sincera da bondade, da beleza e da verdade conduz a Deus. E cada descoberta científica demonstra a existência tanto da liberdade, quanto da uniformidade no universo. O descobridor estava livre para fazer a descoberta. A coisa descoberta é real e aparentemente uniforme, ou então não poderia ter-se tornado conhecida como uma coisa.

7. A VULNERABILIDADE DO MATERIALISMO

Quão tolo é, para o homem de mente material, permitir que teorias vulneráveis, como as de um universo mecanicista, privem-no dos recursos espirituais vastos da experiência pessoal da verdadeira religião. Os fatos nunca contradizem a fé espiritual real; as teorias sim, podem contradizer. Melhor seria se a ciência ficasse devotada à destruição da superstição, em vez de ficar tentando arruinar a fé religiosa – a crença humana nas realidades espirituais e nos valores divinos.

A ciência deveria fazer materialmente, pelo homem, o que a religião faz por ele, espiritualmente: ampliar o horizonte da vida e tornar a sua personalidade mais abrangente. A verdadeira ciência não pode manter uma disputa duradoura com a religião verdadeira. O “método científico” é meramente um padrão intelectual de avaliação, com o qual se medem as aventuras materiais e as realizações físicas. Mas, como é material e totalmente intelectual, ele passa a ser inteiramente inútil na avaliação das realidades espirituais e das experiências religiosas.

A incoerência do mecanicista moderno é tal que: se o universo fosse meramente material e o homem apenas uma máquina, o homem seria completamente incapaz de se reconhecer como tal e, do mesmo modo, esse homem-máquina seria totalmente inconsciente do fato da existência de um tal universo material. O desalento e o desespero materialista da ciência mecanicista fracassou por não reconhecer o fato de que a mente do cientista é residida por um espírito, e, que é, o discernimento supramaterial, mesmo, dessa mente, que está a formular tal conceito errôneo e auto-contraditório de um universo materialista.

Os valores do Paraíso, de eternidade e de infinitude, de verdade, de beleza e bondade, estão ocultos dentro dos fatos dos fenômenos dos universos do tempo e do espaço. Mas é necessário o olho da fé, ao mortal nascido do espírito, para detectar e discernir esses valores espirituais.
As realidades e os valores do progresso espiritual não são uma “projeção psicológica” – um mero sonho diurno glorificado da mente material. Tais coisas são antecipações espirituais do Ajustador residente, o espírito de Deus vivendo na mente do homem. E que as vossas incursões, fraca e confusamente visualizadas adentro da teoria da “relatividade”, não perturbem os vossos conceitos da eternidade e da infinitude de Deus. E, todas as vezes que fordes solicitados a respeito da necessidade da vossa auto-expressão, não cometais o erro de omitir a expressão do Ajustador, a manifestação do vosso eu melhor e mais real.

Se esse fosse um universo apenas material, o homem material nunca seria capaz de alcançar o conceito do caráter mecanicista de uma existência, assim tão exclusivamente material. Esse conceito mecanicista do universo é, em si mesmo um fenômeno não material da mente, e toda a mente é de origem não material; não importando quão radicalmente ela possa parecer ser condicionada materialmente e controlada mecanicamente.
O mecanismo mental parcialmente evoluído, do homem mortal, não é superdotado de consistência e sabedoria. A vaidade do homem freqüentemente ultrapassa a sua razão e ilude a sua lógica.

O próprio pessimismo do materialista mais pessimista é, em si e por si próprio, prova suficiente de que o universo do pessimista não é totalmente material. O otimismo e o pessimismo são, ambos, reações conceituais em uma mente consciente dos valores, tanto quanto dos fatos. Se o universo fosse verdadeiramente o que o materialista considera que ele seja, o homem, como máquina humana, seria então desprovido de todo o reconhecimento consciente daquele fato mesmo. Sem a consciência do conceito de valor, dentro da mente nascida do espírito, o homem não poderia reconhecer de nenhuma maneira o fato do materialismo do universo, e os fenômenos mecanicistas da operação do universo. Uma máquina não pode ser consciente da natureza ou do valor de uma outra máquina.

Uma filosofia mecanicista da vida e do universo não pode ser científica, porque a ciência reconhece apenas as coisas materiais e os fatos, lidando apenas com eles. A filosofia é, inevitavelmente, supracientífica. O homem é um fato material da natureza, mas a sua vida é um fenômeno que transcende os níveis materiais da natureza, pois ela tem os atributos de controle da mente e as qualidades criativas do espírito.
O esforço sincero do homem para transformar-se em um mecanicista representa o fenômeno trágico do esforço fútil daquele homem para cometer o suicídio intelectual e moral. Mas ele não o pode fazer.

Se o universo fosse apenas material e se o homem fosse apenas uma máquina, não haveria a ciência para encorajar o cientista a postular essa mecanização do universo. Máquinas não podem medir, classificar, nem avaliar a si próprias. Uma tal obra do trabalho da ciência poderia apenas ser executada por alguma entidade que tenha um status supramaquinal.
Se a realidade do universo é ser apenas uma imensa máquina, então o homem deve estar do lado de fora do universo e separado dele, pois só assim o homem pode reconhecer tal fato e tornar-se consciente e dono de um discernimento de uma tal avaliação.

Se o homem é apenas uma máquina, por meio de qual técnica é que ele chega a acreditar ou a proclamar saber que ele próprio é apenas uma máquina? A experiência de uma avaliação autoconsciente, do próprio eu, nunca é um atributo de uma mera máquina. Um mecanicista autoconsciente e reconhecido é a melhor resposta possível ao mecanicismo. Se o materialismo fosse um fato, não poderia haver nenhum mecanicista autoconsciente. E também é verdade que antes de cometer atos imorais alguém deve ser primeiro uma pessoa moral.

A própria pretensão do materialismo implica uma consciência supramaterial da mente, e que presuma afirmar tais dogmas. Um mecanismo poderia deteriorar-se, mas nunca progredir. Máquinas não pensam, criam, sonham, aspiram, idealizam, anseiam pela verdade, nem têm sede de retidão. Elas não motivam as suas vidas com a paixão de servir a outras máquinas, nem de escolher como meta própria de progresso eterno a tarefa sublime de encontrar Deus e de esforçar-se para ser igual a Ele. Máquinas nunca tomam posições intelectuais, emocionais, estéticas, éticas, morais ou espirituais.

A arte prova que o homem não é mecanístico, mas não prova que ele é espiritualmente imortal. A arte é a morôncia do mortal, o domínio intermediário entre o homem, o ser material, e o homem, o ser espiritual. A poesia é um esforço para escapar-se das realidades materiais e aproximar-se dos valores espirituais.

Numa civilização evoluída, a arte humaniza a ciência, enquanto, por sua vez, ela é espiritualizada pela religião verdadeira – o discernimento dos valores espirituais e eternos. A arte representa a avaliação humana e tempo-espacial da realidade. A religião é o abraço divino dos valores cósmicos e denota progresso eterno na ascensão e na expansão espiritual. A arte do tempo é perigosa apenas quando se torna cega para os padrões espirituais dos arquétipos divinos que a eternidade reflete como sombras da realidade do tempo. A arte verdadeira é a manipulação eficiente das coisas materiais da vida; a religião é a transformação enobrecedora dos fatos materiais da vida, e nunca cessa na sua avaliação espiritual da arte.
Quão tolo é presumir que um autômato poderia conceber uma filosofia do automatismo, e quão ridículo seria supor que pudesse presumir formar o conceito de outros autômatos companheiros e irmãos!

Qualquer interpretação científica do universo material torna-se sem valor, a menos que venha do devido reconhecimento ao cientista. Nenhuma apreciação da arte será genuína a menos que seja acompanhada do reconhecimento do artista. Nenhuma avaliação da moral vale a pena, a menos que inclua o moralista. Nenhum reconhecimento da filosofia será edificante, se ignorar o filósofo, e a religião não pode existir sem a experiência real do religioso que, nessa e por meio dessa mesma experiência, está buscando encontrar Deus e conhecê-lo. Do mesmo modo, o universo dos universos fica sem significado se separado do EU SOU, o Deus infinito que o fez e que continuamente o administra.

Os mecanicistas – humanistas – tendem a se alienar, junto com as correntes materiais. Os idealistas e os espiritualistas ousam usar os seus remos com inteligência e vigor para, aparentemente, modificar o curso puramente material das correntes da energia.
A ciência vive por meio das matemáticas da mente; a música expressa o bater do tempo das emoções. A religião é o ritmo espiritual da alma, em harmonia tempo-espacial com as medidas melódicas mais elevadas e eternas da Infinitude. A experiência religiosa é algo na vida humana que é verdadeiramente supramatemático.

Para a linguagem, um alfabeto representa o mecanismo do materialismo, enquanto as palavras que exprimem os significados de mil pensamentos, grandes idéias e ideais nobres – de amor e ódio, de covardia e coragem –, representam as atuações da mente, dentro do escopo definido tanto pela lei material, quanto pela espiritual, dirigido pela afirmação da vontade da personalidade e limitado pelo dom inerente à situação.

O universo não é como as leis, mecanismos e constantes de uniformidades que o cientista descobre e que acaba por considerar como sendo ciência. O universo é mais como um cientista curioso, pensador, que escolhe, que é criativo e que combina e discrimina e que, assim, observa os fenômenos do universo e classifica os fatos matemáticos inerentes às fases mecanicistas do lado material da criação. O universo não é, também, como a arte do artista; mas é mais como o artista que pesquisa, sonha, aspira e avança e que busca transcender o mundo das coisas materiais, em um esforço para alcançar uma meta espiritual.

O cientista, não a ciência, percebe a realidade de um universo de energia e de matéria, que evolui e que avança. O artista, não a arte, demonstra a existência do mundo transitório moroncial, que se interpõe entre a existência material e a liberdade espiritual. O religioso, não a religião, comprova a existência das realidades do espírito e os valores divinos que devem ser encontrados ao longo do progresso para a eternidade.

8. O TOTALITARISMO SECULAR


Mesmo depois de estarem, o materialismo e o mecanicismo, mais ou menos superados, a influência devastadora do secularismo, do século vinte, contudo, ainda estará frustrando a experiência espiritual de milhões de almas desprecavidas.

O secularismo moderno tem sido fomentado por duas influências mundiais. O pai do secularismo foi a estreiteza e o afastamento de Deus, da chamada ciência do século dezenove e do século vinte – a ciência ateísta. A mãe do secularismo moderno foi a igreja cristã medieval totalitarista. O secularismo teve o seu início como um protesto que surgiu contra o domínio quase completo da igreja cristã institucionalizada, sobre a civilização ocidental.

Na época desta revelação, o clima intelectual e filosófico predominante, tanto na vida européia como na vida americana, é decididamente secular – humanista. Durante trezentos anos, o pensamento ocidental vem se mostrando progressivamente mais secularizado e leigo. A religião tornou-se uma influência cada vez mais apenas só de nome, um exercício muito mais de ritual. A maioria daqueles que se professam cristãos, na civilização ocidental, na verdade são inconscientemente leigos ou secularizados.

Foi necessária uma grande força, uma influência poderosa, para libertar o pensamento e o viver, dos povos ocidentais, da garra paralisadora de uma dominação totalitária eclesiástica. O secularismo rompeu com os grilhões do controle da igreja e, agora, por sua vez, ele ameaça estabelecer um tipo novo e sem Deus de domínio sobre os corações e mentes do homem moderno. Um estado político tirânico e ditatorial é a herança direta do materialismo científico e do secularismo filosófico. Assim que o secularismo liberta o homem da dominação da igreja institucionalizada, ele vende o homem para a servidão escrava do estado totalitarista. O secularismo liberta o homem da escravidão eclesiástica apenas para traí-lo, entregando-o à tirania da escravidão política e econômica.

O materialismo nega a Deus, o secularismo simplesmente O ignora; ao menos essa foi a atitude inicial. Mais recentemente, o secularismo comprometeu-se numa atitude mais militante, assumindo tomar o lugar da religião de cuja servidão totalitarista ele fugiu certa vez. O secularismo do século vinte tende a afirmar que o homem não precisa de Deus. Mas tomai cuidado! Essa filosofia, sem Deus, da sociedade humana levará apenas à intranqüilidade, à animosidade, à infelicidade, à guerra e a um desastre mundial.

O secularismo nunca poderá trazer a paz à humanidade. Nada pode tomar o lugar de Deus na sociedade humana. Mas prestai bastante atenção! Não vos apresseis em abandonar os benefícios da revolta secular contra o totalitarismo eclesiástico. A civilização ocidental desfruta hoje de muitas liberdades e satisfações, resultadas na revolta secular. O grande erro do secularismo foi que, ao revoltar-se contra o controle, quase total, da autoridade religiosa sobre a vida, e depois de alcançar a libertação dessa tirania eclesiástica, os secularistas passaram a instituir uma revolta contra o próprio Deus, algumas vezes tacitamente, abertamente em outras.
À revolta secularista vós deveis a criatividade espantosa do industrialismo norte-americano e o progresso material sem precedentes da civilização ocidental. E, porque a revolta secularista foi muito longe e perdeu de vista a verdadeira religião e a Deus, seguiram-se também uma colheita inesperada de guerras mundiais e uma falta de estabilidade internacional.

Não é necessário que se sacrifique a fé em Deus para que se possa desfrutar das bênçãos da revolta secularista moderna: a tolerância, o serviço social, o governo democrático e as liberdades civis. Não foi necessário aos secularistas antagonizar a verdadeira religião para promover a ciência e para avançar com a educação.

Contudo, o secularismo não é o único progenitor de todos esses ganhos recentes na ampliação da vida. Por detrás dos ganhos do século vinte não estão apenas a ciência e o secularismo, mas também os trabalhos espirituais, não reconhecidos nem considerados, da vida e dos ensinamentos de Jesus de Nazaré.

Sem Deus, sem religião, o secularismo científico não pode nunca coordenar as suas forças, harmonizar os seus interesses, as suas raças e os seus nacionalismos, divergentes e competitivos. Essa sociedade humana secularista, não obstante os seus feitos materialistas sem paralelos, está desintegrando-se vagarosamente. A força coesiva principal a resistir a essa desintegração, de antagonismos, é o nacionalismo. E o nacionalismo é a maior barreira para a paz mundial.

A fraqueza inerente ao secularismo é que ele se descarta da ética e da religião, a troco de política e de poder. Vós simplesmente não podeis estabelecer a irmandade dos homens se ignorardes ou se negardes a paternidade de Deus.

O otimismo secular social e político é uma ilusão. Sem Deus, nem a independência, nem a liberdade, nem a propriedade, nem a riqueza conduzirão à paz.
A secularização completa da ciência, da educação, da indústria e da sociedade pode conduzir apenas ao desastre. No primeiro terço do século vinte, os urantianos mataram mais seres humanos do que os que foram mortos durante toda a dispensação cristã até aquela época. E isso é apenas o começo da pavorosa ceifa do materialismo e do secularismo; destruições ainda mais terríveis ainda estão para vir.

9. O PROBLEMA DO CRISTIANISMO


Não negligencieis o valor da vossa herança espiritual, o rio da verdade correndo pelos séculos, mesmo pelos tempos estéreis de uma idade materialista e secular. Em todos os vossos esforços condignos para livrar-vos das crenças supersticiosas das idades passadas, certificai-vos de que conservais a verdade eterna. Mas sede pacientes! Quando a revolta atual, da superstição, estiver terminada, as verdades do evangelho de Jesus persistirão gloriosamente, iluminando um caminho novo e melhor.

Mas o cristianismo paganizado e socializado permanece na necessidade de um novo contato com os ensinamentos reais de Jesus, não comprometidos por concessões; pois ele definha na falta de uma nova visão da vida do Mestre na Terra. Uma revelação nova e mais plena da religião de Jesus está destinada a vencer num império de secularismo materialista e a derrotar uma corrente mundial de naturalismo mecanicista. Urântia está agora agitada e à beira de uma das suas épocas mais assombrosas e encantadoras de reajustamento social, de estimulação moral e de iluminação espiritual.

Os ensinamentos de Jesus, ainda que grandemente modificados, sobreviveram aos cultos dos mistérios da sua época natal, à ignorância e à superstição da idade medieval das trevas, e estão, ainda agora, triunfando lentamente sobre o materialismo, o mecanicismo e o secularismo do século vinte. E esses tempos de grandes provações, e de ameaças de derrotas, são sempre tempos de grandes revelações.

A religião necessita de novos líderes, de homens e mulheres espirituais, que ousarão depender apenas de Jesus e dos seus ensinamentos incomparáveis. Se o cristianismo persistir em negligenciar a sua missão espiritual e continuar a ocupar-se de problemas sociais e materiais, o renascimento espiritual deve esperar a vinda desses novos instrutores da religião de Jesus, que irão devotar-se exclusivamente à regeneração espiritual dos homens. E, então, essas almas nascidas do espírito irão rapidamente preencher os quesitos de liderança e de inspiração, para a reorganização social, moral, econômica e política do mundo.

A idade moderna recusar-se-á a aceitar uma religião que seja inconsistente com os fatos e fora de harmonia com as suas concepções mais elevadas da verdade, da beleza e da bondade. É chegada a hora de uma redescoberta dos fundamentos verdadeiros e originais do cristianismo atual, distorcido por concessões – a vida verdadeira e os ensinamentos de Jesus.

O homem primitivo viveu uma vida de servidão supersticiosa ao medo religioso. O homem moderno, civilizado, tem pavor do pensamento de cair no domínio de fortes convicções religiosas. O homem pensante tem sempre temido estar aprisionado a uma religião. Quando uma religião forte e atuante ameaça dominá-lo, ele invariavelmente tenta racionalizá-la, tradicionalizá-la e institucionalizá-la, esperando com isso ter o controle dela. Com esse procedimento, até mesmo uma religião revelada torna-se feita pelo homem e dominada pelo homem. As mulheres e os homens modernos, de inteligência, fogem da religião de Jesus, por causa do medo que têm do que ela fará a eles – e com eles. E todos esses medos são bem fundados. A religião de Jesus de fato domina e transforma os seus crentes, exigindo que os homens dediquem as suas vidas a buscar um conhecimento do que é a vontade do Pai no céu, exigindo que as energias da vida sejam consagradas ao serviço altruísta da irmandade dos homens.

Os homens e as mulheres egoístas simplesmente não pagarão esse preço, nem mesmo pelo maior tesouro espiritual jamais oferecido ao homem mortal. Só quando o homem se houver tornado desiludido o bastante, por desapontamentos tristes que acompanham as buscas tolas e decepcionantes do egoísmo, e depois da descoberta da esterilidade da religião formalizada, é que ele dispor-se-á a voltar-se, de todo o coração, para o evangelho do Reino, a religião de Jesus de Nazaré.

O mundo necessita mais de uma religião de primeira mão. Mesmo o cristianismo – a melhor das religiões do século vinte – não é apenas uma religião sobre Jesus, mas é amplamente uma religião na qual os homens experimentam coisas por intermédio de outras pessoas. Eles tomam a sua religião totalmente como é passada pelos instrutores religiosos consagrados. Que despertar experimentaria o mundo, se pudesse tão somente ver Jesus como ele realmente viveu na Terra, e conhecer, de primeira mão, os ensinamentos dados pela sua própria vida! As palavras que descrevem as coisas belas não conseguem emocionar como as próprias coisas, nem podem as palavras de um credo inspirar as almas dos homens, como o pode a experiência de conhecer a presença de Deus. Mas a fé atenta sempre manterá a porta da esperança da alma do homem aberta para a entrada das realidades espirituais eternas dos valores divinos dos mundos além deste.

A cristandade tem ousado rebaixar o nível dos seus ideais diante do desafio da usura humana, da loucura das guerras e do desejo ardente de poder; mas a religião de Jesus permanece sendo a convocação espiritual imaculada e transcendente, apelando para o que há de melhor no homem, para que ele se eleve acima de todos esses legados de evolução animal e, por meio da graça, para que alcance as alturas morais do verdadeiro destino humano.

O cristianismo está ameaçado de morte lenta, pelo formalismo, pela super-organização, pelo intelectualismo e por outras tendências não espirituais. A moderna igreja cristã não é aquela irmandade de crentes dinâmicos à qual Jesus encarregou continuadamente com a missão de efetuar a transformação espiritual das gerações sucessivas da humanidade.

O chamado cristianismo tornou-se um movimento social e cultural, tanto quanto uma crença e uma prática religiosa. As correntes do cristianismo moderno drenam muitos antigos pântanos pagãos e muitos marasmos bárbaros; muitas bacias culturais antigas vertem as suas águas nessa corrente cultural de hoje, bem como os mananciais dos altos platôs galileus os quais se supõe que sejam a sua fonte exclusiva.

10. O FUTURO


O cristianismo de fato prestou um grande serviço a este mundo, mas agora é Jesus que se faz mais necessário. O mundo necessita ver Jesus vivendo novamente na Terra, na experiência de mortais nascidos do espírito e que efetivamente revelem o Mestre a todos os homens. É inútil falar de um renascimento da primitiva cristandade; vós deveis seguir para frente, partindo de onde estais. A cultura moderna deve tornar-se espiritualmente batizada com uma nova revelação da vida de Jesus e iluminada por um novo entendimento do seu evangelho de salvação eterna. E quando Jesus tornar-se elevado assim, ele atrairá todos os homens para si. Os discípulos de Jesus, mais do que conquistadores, deveriam ser fontes transbordantes de inspiração e de vida elevada para todos os homens. A religião é apenas um humanismo elevado, até que seja tornado divino pela descoberta da realidade da presença de Deus, na experiência pessoal.

A beleza e a sublimidade, a humanidade e a divindade, a simplicidade, a singularidade e a unicidade da vida de Jesus na Terra apresentam um quadro tão impressionante e tão atraente de salvação do homem e de revelação de Deus, que os teólogos e os filósofos de todos os tempos deveriam ficar efetivamente impedidos de ousar formar credos ou de criar sistemas teológicos de servidão espiritual a partir dessa auto-outorga transcendental de Deus, na forma do homem. Em Jesus, o universo produziu um homem mortal em quem o espírito do amor triunfou sobre as limitações materiais do tempo e suplantou o fato da origem física.

Tende sempre em mente que Deus e os homens necessitam uns dos outros. Eles são mutuamente necessários para a realização plena e final da experiência eterna da personalidade, no destino divino da finalidade do universo.
“O Reino de Deus está dentro de vós” foi provavelmente a maior afirmação que Jesus fez, junto com a declaração de que o seu Pai é um espírito vivo cheio de amor.

Ao conquistar almas para o Mestre, não é a primeira légua, a da obrigação, do dever ou da convenção, que irá transformar o homem e o seu mundo, mas é mais a segunda légua, a de serviço livre, de devoção e amor à liberdade, a que representa o esforço semelhante ao de Jesus, para alcançar o irmão no amor e para colocá-lo sob a guia espiritual, na direção da meta divina mais elevada da existência mortal. O cristianismo, ainda hoje, percorre, com disposição, a primeira légua; mas a humanidade definha e tropeça nas trevas morais, porque há tão poucos homens fazendo a segunda légua – tão poucos seguidores professos de Jesus e que realmente vivem e amam, como ele ensinou os seus discípulos a viver, a amar e a servir.

O chamamento à aventura de edificar uma sociedade humana nova e transformada por meio do renascimento espiritual da irmandade, no Reino de Jesus, deveria comover e apaixonar a todos aqueles que crêem nele, de um modo como os homens não se comovem desde os dias em que eles perambulavam pela Terra como companheiros dele na carne.

Nenhum sistema social ou regime político que nega a realidade de Deus pode contribuir de uma forma construtiva e duradoura para o avanço da civilização humana. A cristandade, tal como está hoje subdividida e secularizada, representa o maior de todos os obstáculos ao avanço da humanidade; e isso é verdade, especialmente no que concerne ao Oriente.

O domínio eclesiástico é, agora e sempre, incompatível com aquela fé viva, com o crescimento do espírito e com a experiência original, e de primeira mão, dos camaradas de fé, de Jesus, na irmandade dos homens, na associação espiritual do Reino do céu. O desejo louvável de conservar as tradições das realizações passadas, muitas vezes, leva à defesa de sistemas obsoletos de adoração. O desejo bem-intencionado, de realimentar sistemas antigos de pensamento, efetivamente, impede a promoção eficaz de meios e métodos novos e adequados que satisfaçam os anseios espirituais das mentes que se expandem e que avançam, dos homens modernos. Do mesmo modo, as igrejas cristãs do século vinte permanecem como grandes obstáculos, ainda que totalmente inconscientes, ao avanço imediato do evangelho verdadeiro – os ensinamentos de Jesus de Nazaré.

Muitas pessoas sinceras, que de bom grado ofereceriam a sua lealdade ao Cristo do evangelho, acham bastante difícil sustentar, com entusiasmo, uma igreja que demonstra tão pouco do espírito da vida e dos ensinamentos dele, a qual, lhes foi ensinado erroneamente, que ele teria fundado. Jesus não fundou a chamada igreja cristã, mas, de todos os modos coerentes com a sua natureza, ele fomentou-a como sendo o melhor expoente existente do trabalho da sua vida na Terra.

Se a igreja cristã apenas ousasse esposar o programa do Mestre, milhares de jovens, aparentemente indiferentes, apressar-se-iam a alistar-se em um tal empreendimento espiritual, e eles não hesitariam em ir até o fim nessa grande aventura.
A cristandade se defronta seriamente com a condenação que está incorporada em um dos seus próprios slogans: “Uma casa dividida, contra si própria, não poderá sobreviver”. O mundo não-cristão dificilmente render-se-á a uma cristandade dividida em seitas. O Jesus vivo é a única esperança de uma unificação possível da cristandade. A verdadeira igreja – a fraternidade de Jesus – é invisível, é espiritual e é caracterizada pela unidade, não necessariamente pela uniformidade. A uniformidade seria uma marca, para o mundo físico, de natureza mecanicista. A unidade espiritual é fruto da união de fé com o Jesus vivo. A igreja visível deveria recusar-se a continuar impedindo o progresso da irmandade invisível e espiritual do Reino de Deus. E essa fraternidade está destinada a tornar-se um organismo vivo, ao contrário de uma organização social institucionalizada. Ela pode, muito bem, servir-se dessas organizações sociais, mas não deve ser suplantada por elas.

Apesar de tudo, mesmo o cristianismo do século vinte não deve ser menosprezado. Ele é o produto do gênio moral dos homens sabedores de Deus, de muitas raças, durante muitos séculos, e tem sido verdadeiramente um dos grandes poderes para o bem na Terra e, portanto, nenhum homem deveria considerá-lo superficialmente e sem o devido apreço, não obstante os seus defeitos inerentes e adquiridos. O cristianismo ainda consegue movimentar as mentes dos homens de reflexão, por meio de emoções morais poderosas.

E não há uma desculpa para o envolvimento da igreja no comércio e na política; alianças ímpias como essas são traições flagrantes ao Mestre. E os amantes genuínos da verdade tardarão em esquecer que essa poderosa igreja institucionalizada tem, frequentemente, ousado sufocar fés recém-nascidas e perseguir àqueles que conceberam a verdade e que, na oportunidade, apareceram em vestimentas não-ortodoxas.

Infelizmente, é bem verdade que essa igreja não teria sobrevivido, caso não tivesse havido homens no mundo que preferissem o seu estilo de adoração. Muitas almas, espiritualmente indolentes, têm a necessidade ardente de uma religião antiga e autoritária, de tradição sagrada nos rituais. A evolução humana e o progresso espiritual dificilmente são suficientes para capacitar todos os homens a prescindirem de uma autoridade religiosa. E a fraternidade invisível do Reino pode muito bem incluir esses grupos familiares de várias classes e temperamentos sociais, caso eles estejam dispostos apenas a tornarem-se filhos de Deus, guiados pelo espírito. Mas, nessa fraternidade de Jesus, não há lugar para a rivalidade sectária, para amargas rixas grupais, nem para afirmações de superioridade moral e de infalibilidade espiritual.

Esses vários agrupamentos de cristãos podem servir para acomodar numerosos tipos diferentes de possíveis crentes, entre os vários povos da civilização ocidental, mas essa divisão da cristandade representa uma grande fraqueza, quando ela intenta levar o evangelho de Jesus aos povos orientais. Aquelas raças ainda não compreendem que possa haver uma religião de Jesus separadamente, e de algum modo à parte, do cristianismo, que cada vez mais está tornando-se uma religião a respeito de Jesus.

A grande esperança para Urântia está na possibilidade de uma nova revelação de Jesus, com uma apresentação nova e ampliada da sua mensagem de salvação, que espiritualmente una, no serviço amoroso, as numerosas famílias daqueles que atualmente são os seus professos seguidores.

Mesmo a educação secular poderia ajudar, nesse grande renascimento espiritual, caso desse mais atenção ao trabalho de ensinar aos jovens como efetuar um planejamento de vida e realizar progressos de caráter. O propósito de toda a educação deveria ser fomentar e realizar o propósito supremo da vida, o desenvolvimento de uma personalidade na grandeza e no equilíbrio. Há uma grande necessidade do ensino da disciplina da moral, em lugar de tanta autogratificação. Com essa base, e por meio do seu incentivo espiritual a religião pode contribuir para a ampliação e o enriquecimento da vida mortal, e mesmo para a segurança e o engrandecimento da vida eterna.

O cristianismo é uma religião gerada por adequações extemporâneas, e por isso deve operar em baixa velocidade. As atuações em alta velocidade espiritual devem esperar a nova revelação e uma aceitação mais geral da verdadeira religião de Jesus. O cristianismo, contudo, é uma religião poderosa, visto que os discípulos comuns de um carpinteiro crucificado lançaram os ensinamentos que conquistaram o mundo romano, em trezentos anos, e então triunfaram sobre os bárbaros, que arruinaram Roma. Esse mesmo cristianismo predominou – absorvendo e engrandendo – sobre todas as correntes da teologia hebraica e da filosofia grega. E então, quando essa religião cristã entrou em coma, durante mais de mil anos, em resultado de uma dose excessiva de mistérios e paganismo, ela ressuscitou e virtualmente reconquistou todo o mundo ocidental. O cristianismo contém o suficiente dos ensinamentos de Jesus para imortalizar-se.

Se o cristianismo pudesse abranger mais dos ensinamentos de Jesus, daria uma ajuda bem maior ao homem moderno para resolver os seus problemas novos e cada vez mais complexos.
O cristianismo sofre de uma grande limitação, porque se tornou identificado, nas mentes de todo o mundo, com uma parte do sistema social, da vida industrial e dos padrões morais da civilização ocidental; e assim o cristianismo parece haver patrocinado, involuntariamente, uma sociedade que titubeia sob a culpa de tolerar uma ciência sem idealismo, uma política sem princípios, uma riqueza sem trabalho, um prazer sem restrições, um conhecimento sem caráter, um poder sem consciência e uma indústria sem moralidade.

A esperança, para o cristianismo moderno, é a de que ele possa cessar de apadrinhar os sistemas sociais e as políticas industriais da civilização ocidental e, ao mesmo tempo, a de que ele humildemente se curve diante dessa cruz que ele louva com tanta valentia, e que passe a aprender de novo, de Jesus de Nazaré, sobre as maiores verdades que o homem mortal pôde jamais escutar – o evangelho vivo da paternidade de Deus e da irmandade dos homens.

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